EBD – A CONSEQUÊNCIA DESTRIUIDORA DO PRAZER CARNAL – LIÇÃO 8 JOVENS
INTRODUÇÃO
Após a morte de Nabucodonosor II, seu filho Evil-Merodaque (Jr 52.31- 34) assumiu o trono da Babilônia por um curto período. No entanto, ele foi assassinado por seu cunhado Neriglissar, que então assumiu o controle do reino. Após o reinado de Neriglissar, o trono passou para seu filho Labashi-Marduk, que governou por apenas nove meses antes de ser assassinado. Com a sua morte, Nabonido, genro de Nabucodonosor, passou a reinar na Babilônia, fazendo seu filho Belsazar como corregente. Este é o rei mencionado no capítulo 5 do livro de Daniel, responsável por organizar um banquete extravagante e depravado para mil dos seus nobres. Nesta lição, estudaremos sobre este episódio, que realça os perigos da busca pelo prazer e as consequências da indiferença para com as coisas santas de Deus.
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I – O BANQUETE DE BELSAZAR E O HEDONISMO
1.1. Uma festa carnal e irresponsável.
No decorrer da festa carnal, o rei, embriagado, ordenou que fossem trazidos os vasos de ouro e prata saqueados do templo em Jerusalém pelo rei Nabucodonosor (5.2,3). De forma irresponsável, Belsazar e seus convidados profanaram esses vasos sagrados ao utilizá-los para beber vinho e render culto aos seus ídolos. Nesta ocasião, enquanto Nabonido encontrava-se ausente da Babilônia, Belsazar promovia o seu festejo com mulheres e amigos, satisfazendo as suas paixões, mesmo diante de um momento conturbado para o Império Babilônico. Na ocasião, os medo-persas preparavam a invasão da cidade. Segundo historiadores, a festa teria sido realizada como forma de demonstração de confiança perante os exércitos de Ciro.
O livro das Crônicas dos Reis de Israel detalha que na invasão dos Caldeus foram levados para a Babilônia “todos os utensílios da casa de Deus, grandes e pequenos, e os tesouros da casa do Senhor” (2 Cr 36:18). Essa era uma prática dos reinos politeístas da mesopotâmia quando tomavam e conquistavam terras; então provavelmente havia peças e utensílios “sagrados” variados no palácio de Nabucodonosor, inclusive os de Israel (porém, não sabiam eles que aqueles em específico eram santificados ao Deus Altíssimo).
Além disso, podemos dizer o ato de “tomar vinho na taça dos inimigos” representava uma demonstração de poder e superioridade, tanto bélica (para que se lembrassem daquela conquista) quanto religiosa (como quem dizia que o deus das nações não puderam impedir a vitória da Babilônia). Ocorre que, ao profanar os utensílios que haviam sido santificados para o serviço na Casa do Senhor ele estava profanando o Nome do Senhor. Verdadeiramente Belsazar estava bebendo o cálice das abominações.
1.2. Uma festa profana.
Como muitos, Belsazar deixou-se levar pelos desejos e pela imprudência. Seu festim degenerado, regado de luxúria, bebida e muita comida, acabou por profanar os utensílios sagrados de Israel. Tendo crescido no palácio, Belsazar tinha consciência do que estava fazendo e, possivelmente, sabia da humilhante experiência de Nabucodonosor com Deus (cf. 5.22). Porém, ainda assim, resolveu deliberadamente cometer um ato de sacrilégio, demonstrando falta de reverência em desafio direto às leis divinas.
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Um homem que não doma os seus instintos estará sempre a agir por impulso; e mais ainda; geralmente será movido pelo prazer. O livro de provérbios testifica isso quando diz: “Como a cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito” (Pv 25:28). Salomão ao declarar esse provérbio descreve o estado de vulnerabilidade a que se submete o homem imprudente. Belsazar não conteve a sua vaidade, e embriagado com a sua própria soberba afrontou ao Deus todo poderoso; que inclusive já tinha feito o Seu Nome conhecido entre os Caldeus.
1.3. O perigo do hedonismo.
O banquete extravagante de Belsazar simboliza a busca pelo prazer carnal e a indiferença espiritual na sociedade atual, imersa em uma cultura orientada ao prazer. O hedonismo é uma doutrina e, ao mesmo tempo, uma forma de viver que coloca o prazer como o principal objetivo da vida. Os hedonistas defendem que a coisa mais importante na vida é a conquista do prazer e a fuga do sofrimento, de sorte que a primeira pergunta que fazem não é: “Isto é correto?”, mas sim: “Trará prazer?”
Hoje, vemos muitas manifestações onde o prazer imediato e a busca por satisfação pessoal superam considerações morais e espirituais. Isso se reflete em comportamentos libertinos na sexualidade, no uso de drogas, na exploração de outros para uso pessoal e uma mentalidade de gratificação instantânea. Vivemos uma época de excessos, na qual as pessoas têm acesso, sem precedentes, a estímulos de alta recompensa e alta dopamina: drogas, comida, notícias, jogos, compras, sexo, redes sociais, etc. O desafio humano atual não é a escassez, mas o excesso. Pesquisas têm demonstrado que o excesso de prazer está deixando as pessoas infelizes. O exagero de estímulos leva a comportamentos viciantes e compulsivos. As Escrituras oferecem várias advertências em relação a esses comportamentos. Em Eclesiastes 2.10-11, o rei Salomão, que buscou prazeres mundanos em sua busca de sabedoria, conclui que tudo é vaidade. Em Gálatas 5.19-21, o apóstolo Paulo adverte contra as obras da carne, que incluem “orgias” e “bebedices”.
Vivemos em uma geração que se “adaptou” a uma vida de “facilidades”, onde – por exemplo – a alimentação, o transporte e a informação estão apenas “a um clique”. Não há nada de errado em aproveitar (com sabedoria) essas boas facilidades que a sociedade moderna proporciona.
Porém, o que muitos não percebem – e o que muitos psicólogos alertam – é que esse estilo de vida moderno provoca em muitos momentos do dia a sensação de “tédio”. O grande problema está exatamente no fato de que essa sociedade não sabe mais como lidar com o tédio! Ela simplesmente não suporta longos períodos de foco e concentração; e se indispõem quando a tarefa a ser realizada é um pouco mais desafiadora do que o normal (afinal, as coisas estão tão fáceis; por que eu deveria me esforçar tanto?); e é exatamente nesse ponto que entra a busca pelo prazer!
A busca pelas “boas sensações” como um “desafogo ao tédio” revela muitas possibilidades (festas, alcoolismo, uso de entorpecentes, comilanças e futilezas variaras). Veja que assim como a informação está “a um clique”, a imoralidade sexual assim também está. O prazer tornou-se um regente dos comportamentos. Vale tudo por “uma dose de dopamina”; e infelizmente os jovens representam a maioria quando nos referimos a esses comportamentos.
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Conforme falamos no tópico anterior; o homem precisa neutralizar os seus instintos e adquirir domínio próprio (que é um fruto do Espírito). O Salmista diz no Salmo 19: “também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhoreie sobre mim” (v13). Quando ele cita “para que se não assenhoreie sobre mim” ele revela que de fato – se não tivermos cuidado – a nossa vida pode ser conduzida por outras coisas, ou até mesmo pelo nosso próprio “entendimento”, o que é danoso. O Rei Davi sabia que a melhor coisa era ter a vida guiada e dirigida por Deus, e não pelo prazer ou por seus próprios sentidos (veja que, mesmo sendo um rei e podendo provar de todos os “prazeres”, ele tinha essa mentalidade).
II – O ENIGMA NA PAREDE
2.1. A escrita na parede.
Enquanto o rei e seus convidados se alegravam em seus prazeres, subitamente algo misterioso aconteceu. Apareceram uns dedos de mão humana que começaram a escrever na parede do palácio do rei (5.5). A euforia deu Lugar ao silêncio e o pavor tomou conta de todos. O rei ficou tão assustado que seu rosto empalideceu, seus joelhos batiam um no outro e as pernas vacilaram.
Os “dedos de mão de homem” que apareceram naquele evento e que escreveram aquelas palavras são um verdadeiro mistério da parte de Deus. Não sabemos como de fato aconteceu, se materializados ou não, mas fato é que o Senhor abriu os olhos de todos para que pudessem ver aquele enigma.
2.2. O enigma.
A escrita era um enigma para todos, incluindo o próprio rei Belsazar. Como era comum, ele chamou os sábios da Babilônia e prometeu que aquele que conseguisse interpretar a escrita receberia honras e seria o terceiro em comando no reino. Isso reforça que Nabonido era o primeiro e Belsazar o segundo (5.7). Porém, apesar dos esforços, nenhum deles foi capaz de interpretar a escrita misteriosa na parede. Isso deixou o rei ainda mais angustiado e aterrorizado, pois ele sabia que esse evento incomum tinha um significado profundo e possivelmente uma mensagem divina.
O rei Belsazar sabia que aquele evento era de uma ordem espiritual, pela forma misteriosa que aqueles dedos apareceram e pelas palavras enigmáticas escritas. O mistério foi tão grande que, chamados os magos, os astrólogos e os sábios, nem mesmo aquelas palavras podiam descrever, quanto mais a sua interpretação dar.
2.3. Daniel é chamado.
Diante de mais esse momento de crise, a rainha se Lembra de Daniel e faz referência do seu nome ao rei (5.10,11). Nessa ocasião, o profeta não é mais um moço, mas um senhor de idade avançada. Ainda assim, temente e fiel a Deus. Em primeiro lugar, isso mostra que o testemunho de Daniel era conhecido, a ponto de ser lembrado por alguém por suas qualidades. Em que ocasiões você tem sido lembrado? Somente em momentos de festas, ou em momentos em que alguém precisa de ajuda espiritual? Em segundo lugar, mostra que Daniel havia amadurecido na presença de Deus. Uma juventude de fidelidade ao Senhor tem consequências para a vida toda.
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Aquela escrita só poderia ser interpretada pelo servo de Deus, e naquele palácio ainda existia quem havia testemunhado os eventos passados que Daniel ainda jovem participara. Nesse último evento, provavelmente Daniel era um senhor de idade avançada, visto que já era aquela a quinta geração de reis desde que ele havia chegado na Babilônia [Nabucodonosor (605 – 562 a.C.); Evil-Merodaque (562 – 560 a.C.); Neriglissar (560 – 556 a.C.); Labashi-Marduk (556 a.C.); Nabonido e Belsazar (556 – 539 a.C.)]. Ou seja, Daniel tinha entre 80 e 84 anos, visto que ele foi levado com os cativos para a Babilônia quando tinha entre 14 e 18 anos, e somavam-se 66 anos entre os reinados de Nabucodonosor e Nabonido / Belsazar.
III – A SENTENÇA DIVINA
3.1. A conduta de Daniel.
Ao ser introduzido diante do rei, é importante perceber que Daniel é chamado pelo seu nome hebreu (5.13) e não pelo apelido babilônico. Afinal, os anos haviam se passado, mas o servo de Deus não havia perdido a sua identidade, inclusive para os outros. Nessa ocasião, novamente aprendemos com a conduta de Daniel, Ele fez questão de deixar claro que o rei poderia ficar com os seus presentes (5.17). Era uma forma de dizer que a sua presença ali e a sua interpretação do sonho não se devia a qualquer benefício material que pudesse receber. Em dias em que falsos profetas vivem de benefícios e profetizam de acordo com a conveniência daquilo que podem lucrar, fazendo negócio da obra de Deus, a ação de Daniel é um importante lembrete de como o servo do Senhor deve proceder. Além disso, mesmo diante do rei e podendo ser morto, o profeta não suaviza a sua mensagem. Ele exorta Belsazar sobre a sua prepotência e pelo pecado que cometeu (5.22,23). Era o mesmo Daniel que havia advertido Nabucodonosor.
A rainha (descrita pela história secular como Nitócris) se lembrou de Daniel, e disse a Belsazar tudo quanto realizara no reinado de Nabucodonosor; e que inclusive ele era o chefe dos magos, astrólogos, caldeus e adivinhadores (Dn 5:11). Quando Daniel é introduzido na presença do rei, algumas coisas chamam à atenção:
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Daniel foi chamado pelo seu nome, e não de Beltessazar (o nome Babilônico que ele havia recebido). A identidade de Daniel, enquanto servo de Deus, ainda estava presente, mesmo após 66 anos.
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O rei oferece recompensas a Daniel para que ele dissesse aquelas palavras e a sua tradução.
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Daniel disse que não queria aquelas dádivas e presentes. Aquilo tornava evidente que ele estava a serviço de Deus.
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Daniel relembra o período em que esteve com Nabucodonosor, e como Deus lhe havia permitido tornar-se grande, e também de como o seu orgulho havia sido causa de sua ruína.
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Daniel lembrou ainda que Nabucodonosor reconheceu que o Senhor é o Deus Altíssimo; que tem o domínio sobre os reinos dos homens e a quem quer constitui sobre eles (Dn 5:21).
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Daniel adverte o rei Belsazar, e protesta contra ele a sua maldade, que mesmo sabendo disso tudo (acerca dos acontecimentos com Nabucodonosor), ele não humilhou o seu coração (Dn 5:22); antes profanou os utensílios da casa do Senhor e louvou aos deuses de prata, ouro, cobre, ferro, madeira e pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão estava a vida dele e todos os seus caminho, a Ele não louvou (Dn 5:23).
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Finalmente, após todas essas declarações, Daniel traduz a escrita e diz o seu significado.
3.2. O significado da escrita.
Daniel faz saber o teor da escrita na parede e a sua interpretação: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. A primeira palavra estava repetida — MENE, MENE — e significava “contar ou contado”. A palavra TEQUEL tinha o sentido de “pesado”. A última palavra, PARSIM, significava “dividido” (Dn 5.25). Para interpretara mensagem, Daniel usou o termo “PERES”, palavra com o mesmo sentido de PARSIM. A mensagem, portanto, era um veredicto claro: o juízo de Deus havia chegado sobre o rei e sobre o Império Babilônico!
Podemos imaginar aquele senhor de idade avançada lendo aqueles enigmas e traduzindo palavras contrárias ao rei. Ele não temeu pela sua vida, mas declarou tudo quanto o Senhor lhe concedeu que interpretasse. Naquela noite o Senhor pesava a Babilônia na sua balança, e contra ela traria os medo-persas.
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3.3. O juízo concretizado.
O juízo divino se abateu rapidamente. Naquela mesma noite a palavra se cumpriu e foi morto o rei dos caldeus (5.30). Dario entrou e tomou a cidade da Babilônia. A festa se converteu em pranto. O prazer momentâneo deu lugar ao sofrimento. Belsazar morreu sem se arrepender de seus pecados. Os medos e os persas passariam a reinar no lugar do império da Babilônia. Deus, mais uma vez, demonstrou a sua soberania sobre os reis da Terra e a consequência destruidora do prazer carnal.
Ao reconhecermos as armadilhas do hedonismo e da busca desenfreada por prazer, podemos escolher um caminho de equilíbrio, autocontrole e busca de valores espirituais. Em Gálatas 5:22-23, Paulo destaca o fruto do Espírito, que inclui o autocontrole, e a importância de viver de acordo com esses princípios para evitara destruição espiritual.
Tempos atrás o mesmo Daniel havia profetizado que o império babilônico passaria, e que outro lhe sucederia. O império medo-persa representava o “peito de prata” na então visão do rei Nabucodonosor. Dario, o Medo, naquela mesma noite invadiria a Babilônia e tomaria aquela cidade para o império Persa. Em relação ao império Persa, este é aquele que posteriormente alguns servos de Deus obtiveram benevolência; como Zorobabel e Esdras, que regressaram para Jerusalém na primeira leva pós cativeiro e reconstruíram o Templo (a “Segunda Casa”) e também Neemias (no período do rei Artaxerxes), para a reconstrução dos Muros de Jerusalém. A queda do império Babilônico estava nos planos do Senhor, mas foi o orgulho e a prepotência de Belsazar que invocou essa mudança.
CONCLUSÃO
Em resumo, a história de Belsazar em Daniel 5 serve como um lembrete de que o hedonismo desenfreado e a indiferença espiritual podem levar a consequências destrutivas. O deleite e a satisfação do cristão não estão nas coisas materiais e deste mundo, mas em Deus. Em Cristo, temos vida abundante (Jo 10.10).