EBD – A PRISÃO E JULGAMENTO DE PAULO – LIÇÃO 11 ADOLESCENTES
Vamos descobrir
A prisão do Apóstolo Paulo, em Jerusalém, foi só o início de um longo processo judicial. Acompanharemos esse caso, passo a passo. E, assim, conheceremos as últimas viagens de Paulo. A prisão e o julgamento no período romano eram processos diferentes do que conhecemos hoje. Ao longo deste estudo, poderemos observar a beleza e a coerência do ministério de Paulo. Ele era dedicado a pregar o Evangelho porque amava as pessoas e desejava que elas encontrassem Jesus.
Hora de aprender
Paulo foi preso em Jerusalém e enviado para a prisão na Cesareia, a fim de ser julgado. Ali, permaneceu um tempo até ser enviado para Roma. Parecia que as viagens missionárias tinham acabado, quando, na verdade, elas continuariam de outra maneira. A partir de então, o Apóstolo seguiu a rota determinada pelos romanos, conforme o andamento do seu processo. E, assim, a pregação do Evangelho não parou. As prisões e os julgamentos de Paulo faziam parte do plano de Deus.
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I – A PRISÃO EM JERUSALÉM
Quando Paulo foi preso em Jerusalém, depois do tumulto que houve no templo (At 21.33,34), ele pediu ao comandante Cláudio Lísias para se defender diante da multidão, antes de ser levado para a prisão (At 21.37-39). Sempre sábio, o Apóstolo aproveitou a oportunidade para pregar o Evangelho. Ele contou seu testemunho (At 22.1-16). Tudo ia bem, até que ele falou do seu chamado de pregar aos não judeus (At 22.21). Nesse momento, a multidão ficou enfurecida novamente e pediu a morte de Paulo. Em consequência, o comandante ordenou que os soldados levassem o Apóstolo para a fortaleza a fim de chicoteá-lo (At 22.24).
O açoitamento estava prestes a começar. Mas. o Apóstolo questionou se os soldados poderiam chicotear um cidadão romano (At 22.25). — Você recorda que Paulo era cidadão romano? Isso fez uma grande diferença porque nem os soldados, nem os oficiais queriam machucá-lo, por causa de sua cidadania (At 22.26-29). Considerando que o assunto contra Paulo era religioso, o comandante o enviou para o julgamento do Sinédrio (At 22.30).
Você sabe o que é Sinédrio? Também traduzido por “Conselho Superior”, era a mais alta corte dos judeus, que governava e julgava com base na Lei de Moisés. O Sinédrio, porém, não se resolveu o caso. O julgamento de Paulo se tornou um debate teológico entre fariseus e saduceus e escalou para outra confusão (At 23.6-9). Assim, uma vez mais o comandante interferiu para proteger a vida de Paulo (At 23.10).
Percebendo que os meios legais não estavam ajudando, alguns judeus combinaram uma emboscada para matar Paulo (At 23.12-14). Então, por questões de segurança, Paulo foi enviado a Cesareia, a capital romana da Judeia (At 23.23,24).
Conforme vimos na aula 10, Paulo encerrou a sua terceira viagem missionária em Jerusalém; e desde que chegou lá foi avisado pelos irmãos locais de que muito se falava dele entre os judeus (entre eles, uma “má fama”). Lembremos que durante as viagens, enquanto Paulo pregava nas sinagogas, nem sempre o evangelho do Senhor Jesus Cristo era bem recebido pelos mais tradicionais; a exemplo do grande alvoroço em Tessalônica, em Éfeso e na Grécia. Ocorre que esses judeus da Ásia subiram até Jerusalém (na esperança de em algum momento encontrarem Paulo lá) e ali fermentavam os irmãos.
Em Jerusalém, Paulo subiu ao templo com quatro varões para que eles pagassem os seus votos. Depois de alguns dias, os judeus da Ásia (que estavam em Jerusalém) o avistaram e o reconheceram! Aqui começava uma nova fase no ministério de Paulo!
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Os Judeus da Ásia “alvoroçaram todo o povo e lançaram mão dele,28 clamando: Varões israelitas, acudi! Este é o homem que por todas as partes ensina a todos, contra o povo, e contra a lei, e contra este lugar; e, demais disto, introduziu também no templo os gregos e profanou este santo lugar” (At 21:27,28). Veja que aquele grupo de judeus entendia que Paulo pregava contra os ensinamentos da lei, em uma visão muito pragmática em relação à graça divina e ao evangelho do Senhor Jesus. E logo a cidade inteira se alvoroçou, e, pegando de Paulo, o arrastaram para fora do templo, e procurando eles matá-lo, chegou ao tribuno da coorte o aviso de que Jerusalém estava toda em confusão (At 21:30,31).
Exatamente nesse contexto, diante da confusão, não apenas literal, mas na mente dos judeus, Paulo encontra uma ótima oportunidade para pregar. Paulo, pondo-se em pé nas escadas, “fez sinal com a mão ao povo; e, feito grande silêncio, falou-lhes em língua hebraica” (At 21:40). Nesse momento Paulo contou todo o seu testemunho (basicamente tudo que estudamos desde a lição 01); a forma como foi educado no judaísmo; como foi instruído por Gamaliel; citou também o fato de que foi fariseu e zeloso pela lei; e após essa introdução começou a falar do Senhor Jesus. Paulo contou para eles sobre a sua conversão; sobre a forma que Jesus havia aparecido para ele e sobre o seu chamado. Tudo ia muito bem, até que Paulo anunciou que o maior propósito da sua pregação era levar a salvação (também) para os gentios (At 22:21). A partir daqui a multidão o desprezou, porquanto grande era a inimizade entre os judeus e os “gregos”, de modo que tradicionalmente jamais “aceitavam” (como se a aceitação viesse da parte deles) que os gregos também se salvassem. E os judeus levantaram a voz, dizendo: Tira da terra um tal homem, porque não convém que viva (At 22:22).
Para evitar coisa pior, o tribuno achou por bem levar Paulo para a fortaleza; e ali o examinariam com açoites. Paulo, porém, era muito inteligente e conhecedor da lei. Ele protestou a sua cidadania romana, pois pela lei local, um cidadão romano não poderia ser açoitado sem condenação. O tribuno se assustou muito com aquela “nova informação”, pois com muito dinheiro comprou a sua cidadania romana, ao passo que Paulo era cidadão romano de nascimento (At 22:28).
Ao perceber que se tratava de um assunto religioso, o tribuno o soltou das prisões e mandou vir os principais dos sacerdotes e todo o seu conselho (para que por eles fosse interrogado); e, trazendo Paulo, o apresentou diante deles. Diante daquela corte suprema, Paulo primeiramente tentou usar a mesma estratégia de contar o seu testemunho, mas como não deu certo, usou outra estratégia ver que uma parte era formada por fariseus (o que ele também era) e outra parte por saduceus. Ele usou exatamente o ponto de divergência entre ambos (a ressurreição dos mortos, que os fariseus criam e os saduceus não), e grande foi o alvoroço.
Paulo, então, seria levado dali para Roma, porque era de interesse do Senhor que pregasse o evangelho além de Jerusalém. Acerca disso, na noite seguinte, “apresentando-se-lhe o Senhor, disse: Paulo, tem ânimo! Porque, como de mim testificaste em Jerusalém, assim importa que testifiques também em Roma” (At 23:11).
II – OS JULGAMENTOS EM CESAREIA
2.1. O Julgamento por Félix
Assim, o Grande Sacerdote, alguns líderes e o advogado Tértulo, que representavam o lado da acusação, viajaram a Cesareia para o julgamento (At 24.1). As acusações contra Paulo foram as seguintes: (Ia) ser provocador de desordens entre os judeus do mundo inteiro, (2a) ser o líder do partido dos nazarenos, (3a) ter tentado profanar o templo (At 24.5,6).
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Quando chegou o seu momento de falar, Paulo se defendeu, afirmando que (Ia) ele esteve poucos dias em Jerusalém e não causou desordem (At 24.11-13), (2a) ele tinha a mesma fé em Deus que seus acusadores, embora seguisse a Cristo (At 24.14-16) e (3a) não havia presente no julgamento nenhuma testemunha que confirmasse a suposta profanação (At 24.17-19).
Não houve uma decisão nesse julgamento. Félix, o governador e responsável pelo caso, adiou sua decisão. Ele manteve Paulo preso por dois anos. Durante esse período ele chamou o Apóstolo para conversar várias vezes. E Paulo utilizava essas oportunidades para falar de Cristo. Félix queria agradar aos judeus e também receber alguma propina de Paulo (At 23.22-27).
Em Cesareia, Paulo teve o primeiro “julgamento” (que foi mais uma oitiva). Entra a acusação, tinha-se o Sumo sacerdote Ananias, os anciãos que o acompanhava e um certo Tértulo, que era o orador. Paulo faria a sua própria defesa; e na intermediação, estava o então governador Félix.
Conforme vimos no tópico 2.1, Paulo conseguiu se defender bem das acusações dos Judeus. Ele disse que estava em Jerusalém há mais de doze dias e que não o acharam no templo falando com alguém, nem amotinando o povo nas sinagogas, nem na cidade (At 24:11,12), e que não poderiam provar as coisas de que o acusavam. Depois da manifestação de ambas as partes, o governador Félix despediu a acusação, na justificativa de que iria saber mais sobre o “Caminho” (o evangelho de Cristo pregado por Paulo).
Drusila, mulher de Félix, era judia, e por vezes o governador mandou chamar a Paulo para que lhes explicasse mais acerca da fé em Cristo (At 24:24). Esse ciclo durou dois anos, e diante das “pregações” de Paulo, o governador Félix chegou até a ficar “espavorido” em saber da verdade e do juízo vindouro (At 24:25), mas no fundo o que ele esperava era algum tipo de compensação em dinheiro por parte de Paulo, para que fosse solto.
2.2. O Julgamento por Pórcio Festo
Após esse período, Félix foi substituído por Pórcio Festo. Algumas semanas depois da sua posse, Festo realizou um novo julgamento com Paulo e seus acusadores (At 25.1-8). Durante o julgamento, Paulo apelou para o imperador César, ou seja, pediu para que seu caso fosse transferido para Roma (At 25.10,11).
Enquanto esperava pela transferência, Paulo fez um discurso de defesa diante do rei Agripa e sua esposa Berenice. Este casal estava visitando a Pórcio Festo. E, mais uma vez, Paulo teve a oportunidade de contar seu testemunho e explicar sobre a salvação em Jesus (At 25.23; 26.1).
Depois de tanto tempo preso, as autoridades romanas chegaram à conclusão de que Paulo era inocente. No entanto, nada podiam fazer, porque ele já havia apelado para César. Portanto, Paulo precisava ir a Roma (At 27.1).
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Passados dois anos, Félix teve por sucessor a Pórcio Festo. Inicialmente este novo governador foi ter com os principais dos sacerdotes em Jerusalém, e por três dias esteve ali ouvindo preliminarmente as suas acusações contra Paulo. Em um momento posterior, os principais dos sacerdotes desceram para o novo julgamento, agora com Paulo presente.
Durante o julgamento, Paulo declarou: “Eu não pequei em coisa alguma contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César” (At 25:8). Pórcio Festo, querendo comprazer aos judeus, perguntou a Paulo se ele não gostaria de subir a Jerusalém para lá ser julgado (lembrem-se que todos os “tradicionais” de Jerusalém queriam a morte de Paulo).
Diante disso, Paulo se recusa a ir, sob o argumento de que não havia feito agravo algum aos judeus, e que não haveria de morrer, sendo entregue a eles, se nada pudessem provar. Após dizer isso, Paulo Apela para César (o que significa apelar à instância maior de julgamento; equivalente a sair de um tribunal regional para um tribunal federal).
2.3. A viagem até Roma
A viagem até Roma foi longa e difícil Paulo foi levado junto com outros prisioneiros (At 27.1,3). A viagem durou alguns meses (At 27.7,9). Paulo e seus companheiros de viagem passaram por uma dezena de lugares e tiveram que trocar de meio de transporte algumas vezes.
O navio que levava o Apóstolo atravessou uma longa tempestade (At 27.10,13) e acabou sofrendo um naufrágio (At 27.39-41). Em meio a essa crise, Paulo atuou como um mediador de conflitos (At 27.30,31), acalmou as pessoas (At 27.34-36) e falou de Deus para todos (At 27.22-25). O Senhor prometeu a Paulo que ele e todas as demais 275 pessoas, que estavam no navio, teriam a vida preservada durante a viagem. E foi exatamente isso o que aconteceu. Mesmo havendo um naufrágio, ninguém morreu (At 28.1).
Toda a tribulação e passageiros chegaram a nado à ilha de Malta. Lá, Paulo foi picado por uma cobra, mas Deus lhe deu mais um livramento (At 28.4,5). Após 3 meses, o Apóstolo conseguiu seguir viagem e, finalmente, chegou a Roma (At 28.14,15).
Ali, Paulo conseguiu permissão para aguardar o julgamento em prisão domiciliar (At 28.16). E, assim, ficou mais dois anos preso em Roma e continuou pregando o Evangelho (At 28.30,31). A demora do julgamento do caso de Paulo se deu, provavelmente, pela lentidão do sistema judicial romano. Porém, mais uma vez, esta demora serviu aos propósitos de Deus.
Paulo havia apelado para César, e agora iria ser levado para Roma, para que lá fosse julgado. Ele foi para a Itália em uma embarcação, acompanhado por um centurião e soldados romanos. Nessa embarcação havia também cargas de alimentos e comércio, além de outros prisioneiros (ao todo, duzentas e setenta e seis almas). Assim, eles navegaram por toda costa da Ásia, passaram por Sidom, Chipre, Cilícia, Panfília e Lícia.
Ali eles encontraram um navio de Alexandria, que embarcava para Itália, e embarcaram nele (ou seja, eles trocaram de embarcação; provavelmente para uma maior). Quando eles estavam navegando na região abaixo de Creta, eles foram acometidos por uma tempestade com ventos fortes, o que deixou essa embarcação “fora de controle”.
No momento crítico da viagem, Paulo procura animar a tripulação, que já não tinham mais esperança de vida (At 27:20). Ele disse que naquela noite o anjo de Deus, de quem ele é e a quem serve, esteve com ele, dizendo: “Paulo, não temas! Importa que sejas apresentado a César, e eis que Deus te deu todos quantos navegam contigo” (At 27:23,24). Ou seja, Deus estava dizendo para Paulo que os plano Dele prevaleceriam mesmo diante daquela tempestade, porque importava que o propósito do Senho se cumprisse (Paulo ainda tinha muito a fazer; então ali não era o seu fim; ele não morreria ali; e os que estavam com ele também seriam salvos).
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Na décima quinta noite, o navio encalhou próximo a uma ilha, e foi permitido que todos saltassem no mar para nadarem até a costa e se salvar. Na ilha de Malta, Paulo foi picado por uma víbora venenosa; mas Deus lhe deu grande livramento. Eles passaram três meses na ilha, e nesses três meses Paulo operou milagres e maravilhas em nome do Senhor Jesus.
Depois de três meses eles partiram em um navio de Alexandria; e costearam por Siracusa e Putéoli até chegarem em Roma. Ali em Roma, o centurião entregou os presos ao general dos exércitos; mas a Paulo foi permitido morar por sua conta, com o soldado que o guardava (ou seja, Paulo ficou em prisão domiciliar).
Na prisão domiciliar, a primeira atitude de Paulo foi convocar os principais dos judeus para poder explicar todo o contexto, e também para pregar o evangelho para eles. Alguns receberam a pregação de Paulo, outros endureceram o seu coração e partiram dali contendendo. A eles Paulo disse: “Seja-vos, pois, notório que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles a ouvirão” (At 27:28).
III – O SISTEMA LEGAL ROMANO
Os acusadores do Apóstolo usaram a principal preocupação dos romanos, que era manter a estabilidade do Império, para culpar Paulo (At 24.5a). De acordo com o sistema romano, a crença religiosa era livre, desde que não provocasse confusão na sociedade.
Pela lei criminal romana, o encarceramento da pessoa não era para punir. As punições mais frequentes eram: execução, exílio, trabalho nas minas ou multas. A prisão servia apenas para deter o acusado para interrogatório ou julgamento, ou, em alguns casos, para deter alguém que desrespeitou uma autoridade. Ou seja, prisão era o lugar de aguardar o julgamento e o tempo de espera variava conforme o andamento do sistema. Familiares e amigos podiam visitar o preso.
Paulo ficou do ano 60 d.C. ao 62 d.C. sob prisão domiciliarem Roma. Durante esse tempo, além de receber visitas, escreveu as cartas que ficaram conhecidas como “epístolas da prisão”: Colossenses, Efésios, Filipenses e Filemom.
Observem que Paulo seria julgado pela lei romana, e não necessariamente por uma possível infração na lei judaica. O fato de ele ser romano de nascimento contribuiu para uma maior “cautela” no tratamento que lhe foi dado. Vale mencionar que a prisão não era considerada uma “punição”, mas uma condição (a condição de prisioneiro); e servia para que o prisioneiro aguardasse o julgamento (para então receber a pena).
Nesse sentido, Paulo esteve por dois anos em prisão domiciliar, aguardando o julgamento em Roma. Essa fase do seu ministério foi extremamente importante, pois muitos iriam ter com ele, e eram aconselhados; e dali escreveu muitas cartas às igrejas; cartas essas que hoje fazem parte do rol completo dos livros Bíblicos, e que nos servem de pontos de doutrina e orientação nos caminhos do Senhor Jesus.
CONCLUSÃO
Muitas vezes planejamos como viver a vida, mas as circunstâncias podem ser contrárias ao programado. Para Paulo, o mais importante era cumprir sua missão de anunciar as Boas-Novas de Jesus (At 20.24). Sua alegria estava na salvação (2 Co 4.16,17).