EBD – A revelação de Deus confronta o secularismo – Lição 5 Jovens

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EBD – A revelação de Deus confronta o secularismo – Lição 5 Jovens

INTRODUÇÃO

Você já teve a experiência de ter um sonho e, na manhã seguinte, não conseguir se lembrar dele? O capítulo dois do livro de Daniel narra o episódio no qual algo semelhante ocorreu com Nabucodonosor, deixando-o atormentado. Porém, como veremos, não se tratava de um sonho comum. O jovem Daniel foi convocado e, por revelação divina, deu tanto a descrição quanto a interpretação do sonho, mostrando o plano de Deus para os governos mundiais. Neste estudo também aprenderemos com as atitudes de Daniel diante de uma situação de crise.

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I – O SONHO PERTURBADOR DO REI

1.1. Um sonho esquecido (2.1-5).  

No capítulo dois do livro em estudo, somos apresentados à primeira crise enfrentada por Daniel, que colocou ele e seus companheiros em perigo. Tudo começou com um sonho perturbador que assolou Nabucodonosor e o deixou sem dormir. Para agravar, no dia seguinte o rei não conseguia se lembrar do conteúdo do sonho. Para nossa cultura, esse tipo de esquecimento é comum, mas na superstição oriental da época, era considerado um mau presságio, indicando a ira das divindades. Por essa razão, o rei ficou profundamente angustiado.

A primeira ação do rei foi convocar um grupo diversificado de conselheiros reais, que incluía magos, astrólogos, feiticeiros, encantadores e caldeus. Esses indivíduos eram especialistas em várias áreas do conhecimento e da ciência da época, incluindo previsões políticas, econômicas e sociais. No entanto, para realizar a tarefa que lhes foi incumbida, eles precisavam de informações mais detalhadas, pedindo ao rei a descrição do sonho. Para surpresa e temor desses conselheiros, eles ficaram sabendo que a tarefa não se limitava apenas a interpretar o significado do sonho, mas também a relatar o próprio sonho. Essa exigência era incomum e parecia absurda, quase como uma brincadeira cruel, pois, se não fossem capazes de atendê-la, seriam condenados à morte. Diante dessa situação, foram forçados a pedir novamente: ‘Conte-nos o sonho e daremos a sua interpretação’ (2.7).

É extremamente relevante analisar os acontecimentos históricos sob uma ótica espiritual. Os eventos descritos nessa lição assim são; históricos porque de fato aconteceram e estão registrados em livros até mesmo não eclesiásticos; mas também espirituais, pois sabemos que tudo era parte do plano de Deus.

O que queremos dizer é que esse evento nos mostra que Deus sempre esteve no governo do universo; e que aqui na terra apenas algumas “peças” se movimentam. Quando Nabucodonosor tem esse sonho, e não ocasionalmente esquece, Deus já tinha ali o plano de registrar em primeira mão eventos que marcariam a história da humanidade para sempre! O rei não sabia, mas aquele sonho precisava ser descrito e interpretado por um dos servos do Deus de Israel!

1.2. A impotência humana.

Ao perceber que os peritos estavam tentando ganhar tempo, Nabucodonosor reafirma sua sentença, ameaçando-os com a pena de morte. Os caldeus, líderes da classe sacerdotal, reconhecem sua própria incapacidade de atender ao pedido, pois se tratava de algo extremamente difícil, senão impossível. Eles afirmam que nenhum ser humano comum seria capaz de realizar tal feito, e que nenhum rei, por mais poderoso que fosse, havia feito uma exigência tão extraordinária. Eles não acreditavam naquele tipo de revelação. Embora fossem peritos em diversas áreas do conhecimento, possuíam uma visão eminentemente naturalista. Precisavam de dados compreensíveis à mente humana, para que pudessem interpretar o sonho. Apesar de acreditarem que os seus deuses tinham esse poder, não achavam que eles pudessem comunicá-lo aos homens (2.11).

A exigência não era apenas interpretar um sonho, mas dizer qual sonho o Rei havia sonhado (e esquecido). Essa tarefa certamente não é simples, e  mesmo com toda a grande diversidade de magos, sábios e astrólogos, o Rei não conseguia resolver aquele “problema”, pois aquela situação pertencia a uma “ordem superior”. O Deus de Israel; Deus de um certo povo que ali estava cativo; somente esse Deus seria capaz de desvendar aquele mistério.

Perceba que o próprio Deus “plantou o mistério” (promoveu aquele contexto) para que apenas por meio de um de seus servos fosse possível a obtenção daquela resposta. Como consequência, o nome do Senhor seria engradecido no meio de um ambiente entregue à idolatria, além de que a própria história estaria sendo revelada séculos antes!

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1.3. Daniel é chamado.

Inflamado de raiva, Nabucodonosor dá ordens para executar todos os sábios do reino. Nesse momento, Daniel e seus companheiros, embora não ocupassem posições de destaque, estão entre aqueles que podem ser condenados à morte (2.13). Imagine-se na situação desses jovens. Diante de uma crise iminente em que suas vidas estão em perigo, o que passaria por suas mentes? Uma coisa é certa: eles não entraram em pânico! Mesmo cientes do risco, eles não permitiram que o medo exagerado e paralisante os dominassem.

Daniel conhecia o Deus de seus pais; o Deus a quem ele e seus amigos servia. Ele sabia que o Senhor é um Deus de mistérios; então talvez aquela situação tenha até lhe parecido “familiar” (como quem diz: “isso só pode ser obra do meu Deus”.).

A calma de Daniel mesmo diante de tamanho desafio reflete a profunda convicção de que não há nada que seja “demais” para o Senhor (Jr 32:17). Ele bem sabia que o Senhor  poderia lhes dar o escape para aquela situação.

II – A CONDUTA DE DANIEL E A INTERPRETAÇÃO DO SONHO

2.1. As atitudes de Daniel.

Ao tomar conhecimento da sentença, Daniel adota algumas medidas para lidar com a situação. Em primeiro lugar, ele busca compreender melhor o que estava acontecendo, usando sabedoria e bom senso ao conversar com Arioque, o oficial do rei (2.14:15). Em segundo lugar, ele vai ao rei e solicita mais tempo (2.16). Nem sempre as questões se resolvem rapidamente, e nem sempre Deus age de imediato. Além disso, o fato de o pedido ter sido aceito demonstra que Daniel era uma pessoa de palavra e não estava simplesmente adiando o problema. Em terceiro lugar, ele compartilha a situação com seus amigos (2.17,18). Isso destaca a importância de termos amigos não apenas para momentos de diversão, mas também para intercessão e apoio mútuo. Em quarto lugar, eles oram pedindo misericórdia. Os jovens estudantes pedem a intervenção divina. Você pode entender a importância desse ato? Em vez de desespero, eles se voltam para o Senhor, reconhecendo que somente Ele é capaz de salvá-los. A oração do justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16).

De acordo com a lição, Daniel teve quatro atitudes (ou competências), quais sejam:

  • Compreensão da situação (o que exige sabedoria e bom senso);

  • Solicitação de prazo para resolução do problema;

  • Compartilhou as dificuldades com os amigos;

  • Orou por uma intervenção de Deus.

Muitas vezes sofremos angústias e ansiedades justamente por desconhecermos as causas pontuais desses desconfortos. Precisamos, com calma e prudência, realizar um exercício de “busca pela clareza”. Uma vez bem definidas as situações, podemos traçar planos de resolução (humanamente falando); e para os problemas que estão além da nossa capacidade, temos um Deus forte e poderoso para nos ajudar!

O prazo, por sua vez, está relacionado ao tempo (tanto o tempo de espera, quanto o tempo de acontecimentos). A palavra de Deus nos ensina a exercermos a paciência, na ciência de que existe um tempo determinado para todo (cada) propósito debaixo do céu (Ec 3:1-15).

Além disso, as boas amizades servem como uma rede de apoio para todos os momentos! A palavra de Deus nos diz: “em todo tempo ama o amigo; e na angústia nasce o irmão (Pv 17:17). Imagine passar por tempos difíceis sem ter ninguém para compartilhar as angústias da alma? Isso nos mostra a importância de cultivarmos boas amizades! Mesmo assim, caso ocorra de sermos abandonados em algum momento, ou talvez não encontrarmos alguém que possa nos ajudar, devemos ter em mente que o nosso Senhor Jesus é também o nosso melhor amigo, e jamais nos abandonará!

Por fim, o crente precisa entender que a oração é uma das armas mais poderosas que ele possui no mundo espiritual! Daniel orava três vezes ao dia e tinha uma vida de comunhão com o Senhor. Mesmo sabendo como iria proceder (as 3 atitudes tomadas anteriormente), ele sabia que nada adiantaria sem oração! O Senhor é o dono dos caminhos, então somente Ele pode nos apontar a direção correta a seguir!

Como já comentamos no tópico anterior, a situação de Daniel era praticamente irreversível, pois era humanamente impossível atender o pedido do Rei. Justamente por isso ele recorreu Àquele que pode todas as coisas!

2.2. Deus atende à oração.

Como resposta à oração dos jovens, Deus revela o mistério a Daniel em uma visão durante a noite. A seguir, testemunhamos as nobres características desse jovem exemplar em sua conduta:

  1. a) Gratidão: A primeira atitude de Daniel é expressar sua gratidão ao Senhor, reconhecendo e exaltando sua soberania e bondade (2.20-23).

Daniel e seus amigos sabiam que Deus poderia ajudá-los diante daquele desafio, e quando eles obtiveram a resposta da parte do Senhor, muito se alegraram e agradeceram por tão grande feito. Aquela gratidão também revelava que Deus poderia respondê-los ou não (não necessariamente deveria). Quem sabe eles também agradeceriam mesmo que a resposta fosse o silêncio. Portanto, aprouve ao Senhor revelar aquele mistério, e com o coração aliviado aqueles jovem renderam graças ao Altíssimo!

  1. b) Bondade: Ao comunicar a revelação ao oficial encarregado, Daniel intercede pela vida de todos os sábios da Babilônia (2.24). Ele demonstra generosidade e não age de forma egoísta ou traiçoeira, mesmo em relação aos incrédulos. Como crentes, não devemos retribuir o mal com mal (1 Pe 3.9; Rm 12.17).

Daniel não usou de usurpação nem desejou a morte dos ímpios, mas teve misericórdia para com todos. Ele disse a Arioque (a quem o rei tinha constituído para matar os sábios da Babilônia): “Não mates os sábios da Babilônia; introduze-me na presença do rei, e darei ao rei a interpretação” (Dn 2:25).

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  1. c) Humidade: Diante do rei, Daniel faz questão de enfatizar que há um Deus nos céus que é capaz de revelar todos os segredos. Ele não se vangloria nem busca se mostrar superior, pelo contrário, atribui todo o mérito a Deus, a fim de que o rei possa compreender o significado do sonho (2.30).

Imagine ser o único homem que conseguiu atender o pedido de um Rei? Para muitos aquela poderia ser “a chance”! Daniel, no entanto, atribuiu a Deus todo o mérito, porquanto se o Senhor desejasse aquele mistério poderia muito bem continuar encoberto (e consequentemente todos pereceriam).

2.3. A interpretação e a recompensa

Daniel compartilha a descrição do sonho do rei, que envolvia uma estátua assustadora. A estátua tinha uma cabeça de ouro puro, peito e braços de prata, ventre e quadris de bronze, pernas de ferro e pés feitos de uma mistura de ferro e barro. Subitamente, uma pedra aparece, sem a ajuda de mãos humanas, e atinge os pés da estátua, fazendo com que ela se despedace completamente. A pedra se transforma em uma grande montanha que preenche toda a terra, Cada parte da estátua representa um reino diferente, revelando o plano de Deus na história. O reino de Nabucodonosor, representado pela cabeça de ouro, será sucedido por três outros reinos mundiais. Por fim, a pedra que destrói a estátua simboliza o reino de Deus, que é eterno e jamais terá fim (2.44).

Após a explicação, o rei reconhece a veracidade da revelação. Diz que o Deus dos jovens hebreus é o Deus dos deuses e o Senhor dos reis (2.47). Além de presentear Daniel, o pôs como governador de toda a província da Babilônia e chefe de todos os sábios da Babilônia. Os servos de Deus podem alcançar posições de destaque na sociedade pela excelência de seus trabalhos e obediência à vontade do Senhor.

Deus respondeu a oração de Daniel e revelou o mistério que estava encoberto. Sabemos que o sonho que o rei teve era muito mais que um simples sonho, porque trazia uma descrição acerca de eventos futuros que marcariam a história.

Aquela estátua representava reinos que dominariam sobre a terra em um certo período de tempo, até que chegasse o tempo do Messias. A rocha que por último aparece naquela visão representa o Senhor Jesus, a pedra angular, a rocha sobre a qual estamos fundamentados.

O Reino de Deus já está entre nós, e o Senhor Jesus, semente de Davi, raiz de Judá, completará o plano estabelecido por Deus no fim dos tempos, quando virá na sua glória para Reinar, e o seu reino jamais terá fim.

Como recompensa Daniel recebeu presentes e foi nomeado governador e “líder dos sábios”. Existe um provérbio que fundamenta essa consequência e diz: “Viste um homem diligente em sua obra? Perante reis será posto; não será posto perante os de baixa sorte” (Pv 22:29). Este provérbio nos ensina que a diligência, a competência, a sabedoria e a boa conduta premiam o homem. A juventude é a idade perfeita para o desenvolvimento de uma carreira e das nossas habilidades. Desejar isso não é antibíblico! Quanto mais ainda não será abençoado aquele que teme ao Senhor? No entanto, diligência é a palavra-chave (quer na vida espiritual, quer na vida material!).

III – A REVELAÇÃO DE DEUS EM TEMPOS DE SECULARISMO

3.1. A infalibilidade da palavra de Deus.

Um dos ensinamentos deste episódio é que a Palavra de Deus não falha. Estamos diante de uma das mais notáveis profecias que se cumpriu na história, numa referência aos impérios que vieram logo depois do Império Babilônico: Império Medo-Persa, Império Grego e Império Romano. Muitos anos depois (cap. 7), o próprio Daniel terá uma visão que irá retratar as mesmas realidades históricas desta revelação, conforme estudaremos detalhadamente na décima lição. Até mesmo os críticos da Bíblia têm dificuldades para explicar como isso ocorreu, afinal, é algo sobrenatural. Daniel não fez previsão e calculou probabilidades a partir de dados conhecidos. Ele ouviu a voz de Deus.

Como falamos no início da lição, aquele sonho pertencia a uma ordem superior; era espiritual; mas ao mesmo tempo descrevia – de maneira prévia – fatos históricos (inclusive extremamente importantes e que estão registrados nos mais diversos livros de história). Ou seja, a estátua vista pelo rei trazia consigo um forte significado.

A cabeça de ouro representava o Império da Babilônia (do próprio rei Nabucodonosor). Até aqui “tudo bem”. Porém, o que nos chama atenção é justamente a descrição antecipada dos impérios seguintes! Isso revela a grandeza do nosso Deus! Verdadeiramente o Senhor governa sobre o universo! Ele observa os fatos como que em uma “linha do tempo”! A palavra de Deus é infalível!

 O império Medo-Persa (com Ciro, Dário – contemporâneos de Daniel – , Artaxerxes – contemporâneo de Neemias –, Assuero – contemporâneo de Ester – entre outros reis) era simbolizado pelo peito e os braços e prata.

O Império Grego foi marcado pelas grandes conquistas de Alexandre Magno, e na visão da estátua representava o ventre e os quadris de bronze. Apesar da sua morte prematura, as “conquistas” de Alexandre marcaram fortemente a história da humanidade, sendo até hoje um período muito estudado nas escolas.

O império Romano, por sua vez, trazia forte influência grega (nas mitologias, na cultura, na arte, no pensamento), e por isso na visão da estátua esse império era representado por uma “mistura” de ferro e barro.

Por fim, a revelação da Grande Pedra que esmigalhava aquela estátua, logo após o império romano, aponta para o momento em que o messias chegaria na terra e estabeleceria o Reino que jamais terá fim. Veja que o Senhor Jesus não veio nem antes e nem depois; mas exatamente nesse período! Exatamente durante o império Romano!

Como homem Ele cumpriu toda a lei, desenvolveu o seu ministério, pregou, operou sinais e maravilhas; fez discípulos para que a obra continuasse; se entregou como oferta por nossas vidas; morreu; ressuscitou; e finalmente recebeu em suas mãos o domínio sobre todas as esferas, inclusive sobre a morte (o triunfo de Jesus sobre a morte representa a nossa maior vitória; e é por isso que Nele temos vida eterna). Assim, como cumprimento da promessa, aquela pedra angular, a rocha, o nosso Senhor Jesus, virá com poder e grande glória; e reinará para todo o sempre em um reino de paz e perfeição! Glória a Deus!

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3.2. O secularismo racionalista.

Este episódio coloca em discussão, no mundo atual, a existência de um tipo de revelação além da razão humana. O processo de secularização iniciado a partir do iluminismo procurou afastar a religião da esfera pública. No seu cerne está o secularismo, uma ideologia que parte da descrença na revelação divina de verdades aos seres humanos, restando somente os elementos fornecidos pela razão. Essa é a perspectiva adotada por ateus e céticos que insistem em desprezar a fé, sob o entendimento de que o universo é um sistema fechado de causa e efeito, sem espaço para o sobrenatural. Somos levados a entender que os consultores do rei tinham essa mesma linha de pensamento. Apesar de religiosos, não acreditavam em uma revelação divina plena. Suas divindades não se comunicavam com os seres humanos. Nossa época parece presenciar algo semelhante.

Sabemos que o fim dos tempos se aproxima, e que o Reino de Deus (já apresentado) será definitivamente e literalmente estabelecido. Claro que, antes de nós, o mundo espiritual já sabe disso; então as estratégias do adversário são muitas, pois o seu propósito é distrair as pessoas enquanto tudo está acontecendo diante dos seus olhos. Tudo começa com um esfriamento, depois avança para o relativismo, e por fim a ridicularização. Não nos deixemos enganar. A palavra de Deus é fiel e verdadeira!

3.3. A revelação e o sobrenatural.

Antes de tudo, acreditamos em um Deus que se revela, e revela seus planos ao homem, seja de forma geral (Sl 19) ou especial (Hb 1.1-3), incluindo sonhos e visões (Is 1.1; 6.1; Ez 1.3, Ap 1.1). O favor de Deus sobre a vida do profeta mostra que a fé bíblica sabe conciliar a revelação sobrenatural com a razão. Como observou John Lennox, “Quando Deus revelou o assunto a Daniel, não suspendeu o uso da razão por parte do jovem. Daniel teve de usar a razão para entender as palavras que Deus lhe disse e formular a sua resposta a Nabucodonosor”, que por sua vez precisou usar a razão para ver que a interpretação fazia sentido. Sem abrir mão da revelação, o crente faz uso de uma racionalidade concedida por Deus (Rm 12.1; 1Pe 2.2), que opera em um nível além da compreensão humana. É uma racionalidade que não negligencia o sobrenatural, pois tem a certeza de que Deus está agindo no seu próprio mundo criado.

Sabemos que as coisas espirituais devem ser discernidas espiritualmente; mas quando os efeitos são operados materialmente, então caberá uma “adaptação” com o auxílio da razão. Ora, na visão a representação figurada era de uma Estátua; mas materialmente aquela estátua representava reinos. Daniel precisou se valer da razão tanto para interpretar como para explicar. O mesmo comportamento podemos observar nas descrições do apocalipse pelo apóstolo João. Ele teve visões de coisas futuras, muito à frente do seu tempo; e precisou descrever de maneira adaptada. Portanto, o que esse tópico nos ensina é que uma coisa não necessariamente anula a outra (a fé não necessariamente anulará a razão; pois em muitos casos precisaremos de fé para crer e de sabedoria para agir).

CONCLUSÃO

O mesmo Deus que graciosamente revelou a Daniel o sonho do rei e a sua interpretação, é o mesmo Deus que continua a revelar-se em nossos dias. Assim como Ele mostrou sua sabedoria e poder na vida de Daniel, Ele ainda hoje demonstra sua presença e cuidado por meio de suas revelações, Podemos buscar a Deus em oração, meditar em sua Palavra e estar atentos à sua voz sussurrada em nosso coração.

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