EBD – Como viveremos na Babilônia – Lição 2 Jovens
INTRODUÇÃO
Ao chegarem à Babilônia, os jovens hebreus se depararam com um mundo novo e uma cultura completamente distinta de sua terra natal. A civilização babilônica, desenvolvida na região da Mesopotâmia, destacava-se em diversas áreas, ficando famosa por ter estabelecido a primeira legislação escrita, conhecida como “Código de Hamurabi”. No entanto, era dominada pelo paganismo e pela imoralidade, por isso é um símbolo bíblico de um sistema reprovável diante de Deus. Dentro desse ambiente, repleto de desafios culturais e morais, como Daniel e seus amigos deveriam viver? A presente lição nos permitirá compreender que a maneira como eles encaravam a cidade, mantendo-se fiéis aos princípios que aprenderam em Judá, desempenhou um papel fundamental na construção de um testemunho sólido ao longo de sua jornada no exílio.
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I – A CHEGADA DE DANIEL E SEUS AMIGOS NA BABILÔNIA
1.1. Deportados para uma terra estranha.
Os judeus foram deportados para o exílio babilônio em três levas (605,597 e 586 a.C), No primeiro grupo estavam alguns israelitas de origem nobre. Usando uma estratégia comum na antiguidade, o objetivo de Nabucodonosor era treiná-los para ocuparem posições importantes e servirem ao reino dos conquistadores. Dentre os requisitos, esses rapazes deveriam ser “sem nenhum defeito, de boa aparência, sábios, instruídos, versados no conhecimento e que fossem competentes para servirem no palácio real” (Dn 1,4). Em outras palavras, eles haviam de ser fisicamente saudáveis, esteticamente bonitos e intelectualmente inteligentes; e também dotados de cultura geral e de sabedoria prática para a vida no palácio. Que lista de qualidades!
Ao contrário do que muitos pensam, nos antigos impérios, após conquistarem grandes batalhas, não necessariamente exterminavam a população da cidade vencida. Aliás, após neutralizarem as forças bélicas opositoras, a parcela mais nobre da população era levada para servir com as suas habilidades no império vencedor (afinal, se eles poderiam ter servos hábeis, por que sujeitariam à mão de obra parte do seu próprio povo?). Dentro desse contexto, portanto, encontrava-se justamente Daniel, visto que segundo os estudiosos, Daniel era de uma linhagem aristocrata (contados entre os nobres).
1.2. O jovem Daniel e seus companheiros.
Daniel fazia parte desse grupo, juntamente com Hananias, Misael e Azarias. Daniel descendia de uma família da aristocracia, talvez até mesmo pertencesse à linhagem real de Judá. Nessa época, tinha provavelmente entre quatorze e dezoito anos de idade. Você pode imaginar o que se passava na cabeça desses jovens? Eles estavam cheios de virtudes e sonhos, com grandes expectativas sobre o futuro em Jerusalém, e agora foram arrancados abruptamente da comodidade do lar. De uma hora para outra suas vidas mudaram de percurso. Ainda que fossem piedosos e tementes a Deus, tiveram de enfrentar o sofrimento e a vergonha de serem levados como escravos de um rei ambicioso e cruel. A terra natal havia sido devastada, os muros derrubados, o Templo destruído, amigos e familiares assassinados por ocasião da invasão (2 Cr 36.6-20; Lm 5). Todavia, não deixaram se abater pelas circunstâncias da sua vida, pois sabiam que tudo decorria da benevolência de Deus.
O Reino do Norte tinha sido invadido pelos Assírios antes da invasão do Reino do Sul (reino de Judá, o qual Daniel fazia parte) pelos Caldeus. De uma forma ou de outra, o povo estava em um contexto de insegurança, sem falar nas muitas profecias que havia conta Judá (e provavelmente Daniel, mesmo jovem, sabia delas; pois era um varão prudente). Todos esses rumores provavelmente prepararam o coração daqueles mais prudentes, pois sabiam que a disciplina de Deus, sob forma de cativeiro, seria inevitável.
Mas o que fez Daniel e os seus amigos serem tão fortes, afinal? Cremos que não foi apenas pelo rumores ou pelo “preparar do coração”; mas certamente eles foram nutridos de uma forte esperança de que tudo aquilo seria passageiro. A própria profecia do profeta Habacuque trazia um cântico de esperança ao Senhor, pois aquela situação não seria para sempre. Assim, mesmo não sendo fácil (talvez o pior contexto das suas vidas), aqueles jovem foram para uma terra distante abastecidos de uma forte convicção e de uma forte esperança no Deus que eles serviam.
1.3. O sofrimento do justo.
A história de Daniel e seus amigos nos faz recordar que os justos podem passar por provações. O sofrimento é uma parte comum da experiência humana e não poupa aqueles que temem ao Senhor (Ec 9.2). No Novo Testamento, Paulo e Tiago expressam essa verdade (Rm 5.3,4; Tg 1.2,3). Foi com fundamento nesse tipo de entendimento que Daniel
e seus amigos não ousaram reclamar de Deus. Não buscaram vingança ou retaliação, mas procuraram ser canal de bênção onde se encontravam. Embora novos, tinham a mente madura o suficiente para não adotarem uma postura de amargura e vitimismo.
Servir a Deus não significa estar imune a dificuldades e provações, pois as adversidades fazem parte da vida. Portanto, o crente não deve jamais condicionar a sua fé à situação em que está vivendo, pois o nosso Deus é o nosso sustento, e mesmo nos momentos mais difíceis ele não nos desamparará. Dentre as muitas incertezas da vida, temos uma grande certeza: a de que o Senhor é fiel e verdadeiro, que Ele cuida de nós e vela pelo seu povo!
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II – A IMPONENTE BABILÔNIA
2.1. A capital imponente.
Babilônia, localizada às margens do rio Eufrates, era uma cidade-estado rica e servia como um importante centro comercial entre o Oriente e o Ocidente. Os jovens possivelmente ficaram admirados com a sua grandiosidade, a maior da época, distante cerca de 1,500 quilômetros de Jerusalém. Era uma metrópole impressionante, conhecida por sua suntuosa arquitetura. A cidade era cercada por uma forte e extensa muralha com milhares de torres. A sua cultura, como a atual, era orientada a imagens e à estética. A cidade se fazia conhecer por seus luxuosos palácios reais e obras de arte, pátios e jardins, dentre os quais os jardins suspensos, assim reconhecidos como uma das sete maravilhas do Mundo Antigo. Era fácil alguém ser seduzido por seu luxo e opulência, como ocorre com a mídia hodierna.
A Babilônia foi um dos grandes impérios da Mesopotâmia, área do sistema fluvial Tigre-Eufrates. Importante centro comercial e cultural, a cidade se destacava por suas grandes edificações, luxo, estética e organização. Tente imaginar o sentimento daqueles jovens ao chegar em uma cidade tão grande e imponente. Certamente não foi um sentimento de “aconchego”, principalmente por estarem longe da sua pátria (cerca de 1.500 km de distância). Todavia, apesar de toda a aparência exterior representativa da Babilônia, aqueles jovem não deixaram o seu coração se seduzir, pois as suas raízes estavam firmadas em Jerusalém e no templo do Deus Jeová.
2.2. A ostentação da cidade.
Toda a exuberância das obras arquitetônicas era uma forma de representar o poder do Império. Nabucodonosor queria ostentar sua força e riqueza por meio de coisas materiais e de suas realizações, relembrando a fundação original da cidade (Gn 11.1-9). Os descendentes de Noé pretendiam construir uma cidade com uma torre tão alta que alcançaria o céu, usando tijolos e betume, uma espécie de piche. Além de não terem consultado ao Senhor, o propósito era a fama e a falsa sensação de segurança sem Deus. Os homens usaram toda inteligência que possuíam e a engenharia da época para construir um edifício simplesmente para a sua própria glória. Deus, porém, não se agradou do empreendimento e, por isso, confundiu as línguas e os espalhou pela terra, dando à cidade o nome de Babel.
O episódio descrito como a “confusão das línguas” na geração pós dilúvio, durante a construção da torre de babel, ocorreu no vale de Sinar. Nessa região inicialmente foi estabelecido o reino de Nimrod, filho de cuxe, neto de Cam, e bisneto de Noé. O reino de Sinar inicialmente era composto pelas cidades de Babel, Uruque, Acade e Calné (todas na região da mesopotâmia). Além disso, existem citações na bíblia hebraica que relacionam Sinar com a Babilônia. Nesse contexto, a vaidade observada durante a construção da torre de Babel, foi “repetida” séculos e gerações depois quando Nabucodonosor II avança em conquistas e se consolida no poder.
2.3. Uma cultura pagã.
Os babilônios atribuíam grande importância à sua religião. Acreditavam que os deuses governavam todos os aspectos da vida, desde os assuntos cotidianos até os eventos cósmicos. Marduque, o seu principal deus, era considerado o patrono da Babilônia. Uma das principais portas da cidade era dedicada a Ishtar, a deusa da fertilidade, do amor e da guerra. Havia um templo dedicado ao seu culto, A Bíblia apresenta Babilônia por meio de suas características de idolatria e prostituição espiritual (Na 34; Is 23.15; Jr 2.20). A atmosfera da cidade era impregnada pelo paganismo e politeísmo.
Como bem disse o a última linha do tópico 2.3, a atmosfera da cidade era impregnada pelo paganismo e pela idolatria. Existem, inclusive, muitas passagens bíblicas que utilizam a babilônia de maneira figurativa como símbolo de pecado e imoralidade. Os jovens Daniel, Hananias, Misael e Azarias certamente sentiram um “choque de realidade” ao entrar
naquele ambiente, talvez (fazendo um link) sentiram até o mesmo sentimento que o apóstolo Paulo sentiu ao entrar em Atenas (Atos 15). A bíblia diz que “o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria” (v16).
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III – A CULTURA E O ESPÍRITO DA BABILÔNIA
3.1. Símbolo de oposição aos valores divinos.
Biblicamente, Babilônia é tanto um lugar geográfico, quanto a representação de um sistema reprovável diante de Deus e seus valores espirituais e morais (Ap 14.8; 17.1,2; 18.2,3). Ainda hoje, o espírito e a cultura da Babilônia permeiam a sociedade, simbolizando rebelião e ideologias mundanas que confrontam a verdade divina. Ela é uma metáfora para a idolatria, paganismo e toda falsidade religiosa, bem como símbolo da degeneração moral, inversão de valores, depravação e materialismo presentes nos sistemas político, cultural, midiático e econômico.
Conforme mencionamos acima, a babilônia tornou-se símbolo metafórico de imoralidade, depravação e iniquidade. Outro exemplo como esse, é o caso de Sodoma (e Gomorra), onde muitas vezes para caracterizar uma prática como detestável apenas se diz: “isso é um sodomismo (ou sodomia, em sentido amplo)”.
3.2. A relativização da verdade.
A principal característica da cultura da Babilônia, com todos os seus reflexos, é a destruição da noção de uma verdade absoluta. Essa foi uma das táticas de Nabucodonosor, conforme sua religiosidade e visão de mundo. John Lennox, na obra Contra a Correnteza (CPAD), cita o fato de o monarca ter levado os utensílios do Templo em Jerusalém para a casa do tesouro das suas divindades na Babilônia (Dn 1.2). Para os hebreus os objetos de ouro possuíam enorme valor espiritual. Feitos por artesãos que amavam a Deus, representavam uma relação do povo com o Senhor, e apontavam para a sua santidade e glória. Contudo, ao serem transportados para a Babilônia, tais utensílios passaram a representar somente uma conquista de guerra, da mesma forma que qualquer outro artefato. Os símbolos projetados para indicar o único e verdadeiro Deus, o Criador do céu e da terra, foram postos no mesmo nível de símbolos de culto de outros deuses.
Assim como Nabucodonosor estava rebaixando os valores e referenciais divinos absolutos, a sociedade pós-moderna tem transformado os tesouros espirituais em coisas sem valor divino, dentro do mercado religioso.
A relativização é uma estratégia extremamente sutil, pois geralmente vem revestida de “boas intenções”. Geralmente o objetivo da relativização é retirar os extremos; atenuar o mal e dizer que o bem é uma utopia; e então, encontram um valor relativo, “equilibrado”. Sabemos que não é isso que o nosso Deus nos ensina! Existe sim o sacro e o profano; o frio e o quente. O “morno” sempre foi um “ponto” detestável para o nosso Deus (Ap 3:15,16). Nesse contexto, uma das práticas da babilônia era o pluriculturalismo e o politeísmo, de modo que pegavam os utensílios dos demais templos das cidades conquistadas (a exemplo dos utensílios do templo de Jerusalém) e ali profanavam.
Sabemos que ser santo significa ser separado. Deus nos escolheu para sermos seus servos; amigos de Deus e inimigos do mundo (e do seu sistema). Desde já o jovem precisa ter o discernimento “aguçado” para perceber as sutilezas pregadas pelo mundo, que têm o objetivo de introduzir o mal de uma maneira relativa e costumeira.
3.3. A religião que conduz à imoralidade.
As falsas religiões, ao perverterem a verdade, são capazes de destruir valores, conduzindo seus adeptos ou seguidores a um estilo de vida depravado. Essa verdade levou o apóstolo Pedro a advertir os cristãos sobre os perigos dos falsos ensinamentos baseados em heresias de perdição, pois levam à imoralidade e a outros desvios de conduta (2 Pe 2.13,14). Atualmente, é possível perceber a volta do paganismo em novas roupagens, mais modernas e “descoladas”, ganhando espaço em filmes, séries, desenhos e jogos. É preciso cuidado com o conteúdo que você consome, pois as nuances desses falsos deuses antigos continuam presentes no mundo de hoje!
Uma das formas de realizar uma “inserção” de uma ideia na mente das pessoas, é fazer com que tal ideia (a que se deseja inserir) se torne natural ou “normal”. Hoje, o adversário utiliza a tática de repetição de discursos. Seja no colégio, nas redes sociais, entre os influenciadores digitais, até mesmo nos jogos online; tudo é muito camuflado (ou não) de maneira a “cair na naturalidade”, e assim, as pessoas deixam de achar estranho o que deveriam ser reprovável. Para ser mais prático, um exemplo muito claro do que se faz hoje em dia, é dizer que o homem possui várias vidas (e que vivem em ciclos eternos de evolução, até que se torne “alma perfeita”, digna de habitar entre os santos). Essa é uma
verdadeira falácia, e que devemos esclarecer para os nossos jovem como antibíblica! A palavra de Deus diz que após a morte segue-se o juízo, pois está ordenado ao homem morrer apenas uma vez (Hb 9:27). Assim, caro jovem, não existe reencarnação, vidas passadas nem vidas futuras! Não se deixe levar por essas falácias que tão comumente são repetidas! Fica para todos nós o alerta.
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IV – VIVENDO E TESTEMUNHANDO NA BABILÔNIA
4.1. Uma cidade para se testemunhar.
Por qual razão Daniel e seus amigos adotaram uma postura de serviço e responsabilidade dentro de uma cidade estrangeira? Porque eles viveram dentro da Babilônia, mas não deixaram a Babilônia viver dentro deles! Aqueles moços conheciam as admoestações do Senhor por meio de Jeremias, sobre como os judeus deveriam viver na terra para onde seriam transportados (Jr 29,5-7). Eles deveriam constituir família, multiplicarem-se e buscar a paz e a prosperidade da cidade. Deus estava dizendo que enquanto estivessem exilados teriam uma vida normal e produtiva. Foram instruídos a dar bom testemunho e a contribuírem para o bem de toda a sociedade, não somente do seu próprio povo.
Sim queridos; não foi fácil para aqueles jovens; pois além de estarem em uma terra distante, profana e idólatra, ainda tinham que “viver bem”. Cremos que não foi fácil para eles agirem de maneira “simpática” durante todos aqueles anos, mas em tudo era o Senhor que os fortalecia. Além disso, eles tinham a mentalidade de que tudo que faziam na terra, não fazia para os homens, mas para Deus.
4.2. Testemunhando no mundo.
Enquanto lugar geográfico, Babilônia é uma cidade que representa a vida do cristão na sociedade. Vivemos em um mundo caído, dominado pelo pecado. Ainda assim, somos chamados a ter uma presença santa, fiel e abençoadora, A igreja eleita do Senhor também está na Babilônia (1 Pe 5.13), sem se deixar ser dominada por ela. Afinal, embora o discípulo de Cristo tenha a cidadania celestial (Fp 3.2), vivemos como forasteiros nesta terra (1 Pe 2.11). Faz parte da responsabilidade do cristão zelar pelo desenvolvimento social, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13), e mordomos de Deus (Gn 1.26), pois Cristo é soberano sobre toda a criação (Cl 1.15-19; 1 Co 1.26).
Somos seres com dupla cidadania; pois vivemos na terra, mas temos uma identidade eterna dentro de nós. O objetivo do ser humano é não provar da segunda morte (a morte eterna), mas viver eternamente com Deus, o dono da vida, por meio do seu filho Jesus. Assim, devemos pacientemente suportar as aflições desse tempo, pois elas não se comparam com a glória com a glória que em nós há de ser revelada (Rm 8:18).
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CONCLUSÃO
Os jovens hebreus tinham conhecimento da maneira como deveriam se portar no exílio. Em vez de buscar rebelião e vingança contra os captores, eles deveriam viver normalmente na cidade, buscando a sua paz e prosperidade, Como aqueles jovens, vivemos exilados em um mundo, que embora tenha sido criado por Deus, está sujeito aos efeitos do pecado. Assim como Daniel e seus amigos, somos chamados a viver neste mundo, dando testemunho do nosso compromisso com princípios sólidos, mesmo quando confrontados com dilemas morais e pressões externas.