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EBD – CORAGEM PARA ENFRENTAR A FORNALHA ARDENTE – LIÇÃO 6 JOVENS

EBD – CORAGEM PARA ENFRENTAR A FORNALHA ARDENTE – LIÇÃO 6 JOVENS

INTRODUÇÃO

Nesta lição trataremos do episódio em que Ananias, Misael e Azarias resistem bravamente à ordem de Nabucodonosor para que todos adorassem a estátua de ouro por ele erigida. Esse é um relato de como três jovens tementes a Deus ousam enfrentar um monarca tirano e totalitário que procurou impor sua religião a todas as pessoas. Mesmo ameaçados de morte, eles não negaram ao Deus Altíssimo, preferindo enfrentar a fornalha ardente. Neste estudo, além de inspirados pela resistência dos jovens hebreus, seremos advertidos sobre os cuidados com as formas sutis de idolatria que procuram retirar a centralidade de Deus de nossas vidas.

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I – O REI TOTALITÁRIO MANDA CONSTRUIR UMA ESTÁTUA DE OURO

1.1. O endeusamento do rei.

Ao longo da história muitos homens tentaram assumir a posição de deuses, em busca de glória e reverência. Envenenado pelo poder, Nabucodonosor também fez isso. O monarca mandou construir no campo de Dura uma estátua de ouro com mais de vinte e sete metros de altura. O fato de ter ouvido anteriormente que ele era a cabeça de ouro da estátua de seu próprio sonho seria a causa dessa soberba construção? A Bíblia não dá detalhes sobre isso. Também não menciona de quem era a representação da imagem, se dele mesmo ou se de alguma de suas divindades. Seja como for, vemos aqui um ato extremo de autoexaltação e demonstração de poder. Muitas vezes a religião é somente um pretexto para alguém esconder o desejo de ser notado pelo mundo, usando-a para fins egoístas. Não era incomum também entre os monarcas babilônios o levantamento de imagens em sua própria honra.

Muitas vezes o poder aparece como a raiz de grande problemas (não tecnicamente o poder em si, mas a luta por ele). Pior ainda ocorre quando o homem se ensoberbece e se envaidece em coração a ponto de não apenas desejar o poder, mas (em uma linguagem moderna) também a bajulação, o glamour e os holofotes. De maneira “adaptada”, essas vaidades se assemelham ao pecado de idolatria (idolatria “passiva”; que ocorre quando o sujeito recebe a adoração; visto que a idolatria “ativa” seria o ato em primeira pessoa).

1.2. Em busca de adoração.

O rei extravagante mandou convocar todas as autoridades do seu reino para comparecerem à cerimônia de consagração da imagem Levantada. Mais que um simples convite, era uma ordem! Dessa forma ele queria impor sua religião a todos. Além da presença, todos deveriam se prostrar em adoração diante da suntuosa imagem assim que os instrumentos fossem tocados. A estátua sobrepujava um objeto arquitetônico; era um ídolo que deveria ser reverenciado por todos os súditos, tanto que a palavra “adorar” (hb. sãghadh) é mencionada diversas vezes (vv. 5, 6, 7,10,11,12,14,15,18, 28). A punição para o descumprimento seria a morte dentro da fornalha.

A solenidade é extravagante e pomposa, Assim que os instrumentos musicais fossem tocados, todos, incluindo as autoridades, deveriam se prostrar e adorar a imagem levantada pelo rei.

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Era comum nos impérios (principalmente grandes impérios, com várias províncias) a “demonstração de poder” por parte do rei; por isso em muitas ocasiões o rei convidava governadores, juízes, reis de províncias, prefeitos e autoridades em geral para esse tipo de “solenidade”. Nesse contexto, o rei Nabucodonosor desejava a demonstração de poder e sujeição do seus súditos através da adoração (literalmente, conforme o texto fonte).

1.3. A ausência de Daniel.

Daniel não é mencionado neste episódio. Onde estava e o que fazia na ocasião não é revelado. Mesmo aqui extraímos algumas lições. O fato dele não estar diretamente envolvido nesse relato, apesar de ser o personagem humano principal no livro, indica que a coragem e a fé não eram exclusivas dele. Mostra que a fé e a fidelidade ao Senhor eram qualidades compartilhadas igualmente pelos outros jovens judeus. Além disso, o fato de Daniel, autor do livro, ter registrado o episódio sem a sua presença, demonstra sua humildade ao não se colocar como a única testemunha fiel na Babilônia, mas sim como alguém que deseja transmitir as Lições e os exemplos de fé de seus companheiros. A fidelidade não é exclusiva de alguém. Da mesma forma, não existem heróis solitários na vida cristã e sempre há alguém com que podemos contar. A igreja é um corpo, formado por muitos membros (Rm 124,5).

É um fato muito curioso Daniel não estar presente nessa “solenidade”, e a Bíblia não descreve os motivos (nem mesmo o autor). Vale lembrar que o rei tinha posto Daniel por governador de toda a província de Babilônia, como também por principal governador de todos os sábios de Babilônia (Dn 2:48). Isso pode (ou não) ter alguma relação com a sua ausência, mas não podemos afirmar. Por certo, é interessante o fato de ele citar esse evento no seu livro mesmo não estando lá presente. Prova de que é de fato um livro profético, histórico e espiritual; despido de parcialidade e vaidade.

II – A CORAGEM DOS AMIGOS DE DANIEL

2.1. A denúncia e o perfil dos acusadores.

Diante do decreto, alguns caldeus (3.8) se dirigem ao rei e denunciam o trio de jovens hebreus, dizendo: “Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; esses homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem a estátua de ouro, que levantaste, adoraram” (3.12).  Primeiro lugar, as palavras dos acusadores revelam que eram invejosos, ao mencionar a posição privilegiada que os jovens judeus conquistaram em tão pouco tempo. Segundo lugar, eram bajuladores, ao apelarem para o ego do rei (“não fizeram caso de ti”). Terceiro lugar, eram ingratos, porquanto se esqueceram que eles tiveram a vida poupada pela intervenção de Daniel e destes jovens que agora denunciam (2.24).

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Os acusadores estavam contaminados de inveja (pela posição que aqueles três jovem ocupavam), eram ingratos (porque bem poderiam ter sido mortos, mas Daniel em um momento anterior poupou as suas vidas da sentença do rei) e além de tudo eram bajuladores (não só denunciaram, mas incitaram a ira do rei direcionando as palavras ao ego dele).

Nos dias de hoje é extremamente comum encontrar pessoas com esse mesmo perfil, seja na escola, na faculdade, no ambiente de trabalho ou até mesmo no meio da igreja (infelizmente). O conselho prático fica para conservar a pureza, a boa essência, a temperança, e principalmente não litigar com essa pessoa, mas por ela orar. Quem sabe dela tenha o Senhor misericórdia.

2.2. A bravura dos jovens.

Tomado de fúria, o rei manda chamar os três rapazes e lhes dá o ultimato: se adorassem a estátua estariam livres; do contrário seriam lançados imediatamente na fornalha. Em sua prepotência, ainda diz: “[…] e quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (v.15). Mostrando profunda convicção e força de caráter, que se manifesta em crentes sinceros que não se acovardam (2 Tm 1.7), os três rapazes rejeitam até mesmo se defender, Eles não precisam se justificar diante da injustiça; é Deus quem os justifica (Rm 8,33). Com bravura, afirmam que se forem lançados na fornalha Deus os livrará. E mesmo se isso não ocorresse, em hipótese alguma iriam cultuar a imagem (v.18). Não negociaram a fé. Mesmo que as pessoas mais influentes tivessem cedido e ainda que a multidão tenha se curvado à estátua, eles não o fariam. Tal resposta mostra que estes jovens eram novos em idade, mas maduros na fé. Sabiam que eventualmente, dependendo da vontade de Deus, estariam preparados para a morte. Preferiam morrer a ceder ao pecado!

Percebam que este cenário era de plena negociação! O rei fez verdadeiras propostas para aqueles jovens, porém o que estava “em jogo” era a fé e a fidelidade deles para com Deus. Assim como aquele rei tinha convicção do seu poderio (falsa convicção), aqueles jovens também conheciam o Deus a quem serviam; e sabiam que nada era demais para o Senhor. Se o Senhor bem quisesse, os poderia livrar. Mas se assim não fizesse, nem mesmo por isso eles entrariam em negociação com o rei.

Isso nos deixa uma lição: o nosso dever (a nossa prestação de contas) está para o Senhor, e não para o mundo. Vivemos em uma sociedade polarizada e a todo instante somos confrontados sobre o nosso posicionamento diante de certas questões. Não podemos temer a negativa do mundo, porque é mister que as trevas detestem a luz. Aliás, não foi assim que o Senhor Jesus não ensinou? Ele, todavia, nos deixou uma mensagem de bom ânimo, pois Ele venceu o mundo (Jo 16:33)!

2.3. O Deus que salva na fornalha.

Nabucodonosor mandou aquecer a fornalha sete vezes mais, e determinou que os moços fossem amarrados e jogados dentro dela. E o milagre acontece. O próprio rei percebeu que eles não estavam sós, mas havia um quarto homem com eles, com aparência divina. Eles estão vivos, e caminham livremente pelo fogo (v.25). O fogo queimou as cordas, mas eles estão ilesos. O Senhor permite que passemos por vales e provações, mas sempre está conosco (Is 43 2; Mt 28.20). Como resultado da fidelidade e bom testemunho dos jovens, o rei, agora, em vez de exigir adoração, louva a Deus (v.28), Quando o crente é fiel, o Senhor é exaltado. Quando o crente honra a Deus, Deus também o honra (v.26).

Como diz o ditado cristão, muitas vezes Deus não nos livrará da prova, mas nos livrará na prova. Aqueles jovens enfrentaram uma prova de fogo (literalmente), mas para honra e glória do nome do Senhor eles alcançaram o livramento da parte de Deus. Pergunto-lhe: como ter bons testemunhos para contar, se você não viver experiências com Deus? Obviamente ninguém gosta ou tem prazer na provação, mas se for o caso de sermos provados pelo Senhor, devemos buscar a sua face em oração pois certamente nos mostrará os melhores caminhos e as melhores saídas, e para glória e testemunho do nome Dele, enviará o socorro e abrirá portas para aqueles que permanecem em fidelidade.

III – IDOLATRIAS E FORNALHAS DO TEMPO PRESENTE

3.1. O pecado da idolatria.

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento a Palavra de Deus adverte enfaticamente sobre a idolatria (Dt 5.7; 1 Co 10.14; Gl 5.20; 1 Pe 4.3). É um pecado grave que viola o primeiro mandamento (Êx 20.3). É a adoração a um ídolo, uma imagem ou qualquer outra coisa que seja considerada um falso deus ou objeto de adoração no lugar do Deus verdadeiro. Por essa razão, os jovens hebreus se negaram a atender à ordem do rei. A sua nação estava sendo castigada pelo Senhor por causa da idolatria, e eles não estavam dispostos a cometer o mesmo erro do povo. Eles não chegaram a considerar sequer a possibilidade de realizar uma adoração falsa em público enquanto mantinham a fé em Deus dentro de seus corações. Sabiam eles que qualquer forma de compromisso com a idolatria já era uma negação de Deus, pois o verdadeiro testemunho é baseado na integridade, expresso pelos lábios e guardado no coração.

Aqueles jovens sabiam que a sua cidade havia sido sitiada e que eles haviam sido levados cativos justamente por conta da idolatria e da desobediência de Israel ao Senhor. Nem mesmo de maneira fingida aceitariam participar daquela cerimônia idólatra, como quem diz: “O que há de errado? O que importa é a intenção do meu coração! Eu sei que eu sirvo a Deus! Vou fazer isso aqui apenas para conviver bem na sociedade”. Uma verdadeira lição esses jovens deixam para nós, e a lição é essa: com o pecado não se brinca.

3.2. Tipos de idolatria.

Além da devoção religiosa a falsos deuses e imagens de escultura, a idolatria também pode se manifestar em várias outras condutas que excluem a primazia do Senhor da vida:

a) Autolatria.

Forma de idolatria própria que conduz ao egoísmo, ao individualismo e ao narcisismo. Quando o ego e a autoimagem são colocados acima de tudo, as pessoas se tornam amantes de si mesmas (2 Tm 3.2)

b) Culto à personalidade.

Valorização e veneração excessiva de outras pessoas, tais como figuras públicas, artistas, influencers e até mesmo religiosos. Paulo combateu esse tipo de prática que levava ao partidarismo na igreja de Corinto (l Co 1.12,13).

c) Amor ao dinheiro e à riqueza.

A busca desenfreada por riqueza e o foco no dinheiro como o principal objetivo da vida. Jesus disse que ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (Mt 6.24).

d) Idolatria política.

Esse pecado também se manifesta na supervalorização de ideias e formas de pensamento segundo a tradição dos homens (CL 2.8), Em nossos dias, novas formas de idolatria se escondem em ideologias políticas que prometem algum tipo de salvação ou redenção humana. Devemos ter a convicção de que nenhum homem, partido e nem mesmo o Estado é capaz de salvar. Só temos um Deus e Salvador!

O Senhor não aceita dividir o espaço que pertence só a Ele em nossas vidas. O altar, o nosso corpo enquanto sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, como culto racional (Rm 12:1), a nossa consciência, a nossa intencionalidade, e todas os nossos segredos pertencem ao Senhor, pois pelo seu filho Jesus fomos adquiridos. Tudo aquilo que sutilmente acaricia o nosso coração e em posição de ídolo pudesse provocar ciúmes ao nosso Deus (tamanha sensibilidade), abominável é. Em termos práticos, o politeísmo seria equivalente à poligamia. Não se esqueça que com Deus temos um relacionamento de intimidade, e por isso a idolatria se faz tão abominável para o Senhor.

3.3. As novas fornalhas.

Nabucodonosor não foi o único governante a exigir das pessoas lealdade absoluta. Esse tipo de regime totalitário aconteceu diversas vezes na história, transformando o Estado ou o líder político em objeto de reverência absoluta, por meio do culto à personalidade. É um sistema no qual o governo possui controle sobre todos os aspectos da vida dos cidadãos, e não há espaço para oposição política ou liberdades individuais. Em muitos casos, a religião é distorcida e usada como instrumento desse tipo de regime.

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Em nossa cultura ocidental, os cristãos estão sendo empurrados para formas atualizadas de fornalhas ardentes. Elas não queimam o corpo, mas tentam destruir a fé, a espiritualidade e as convicções daqueles que servem ao Deus das Escrituras. Pensamentos totalitários procuram jogar os cristãos para a morte na cultura, caso não adoremos os seus ídolos. As fornalhas são novas, mas a estratégia é antiga. Vale a pena seguir o exemplo dos jovens hebreus e batalhar pela fé.

Muitas vezes os ídolos não se apresentam materializados, mas se apresentam até mesmo como intangíveis. “Como assim”? Veja que muitos adotam pensamentos e ideologias como verdadeiros norteadores de suas vidas. Apesar de serem intangíveis (sem forma física), tais conceitos podem ocupar um espaço de ídolo no interior de muitos. Pior ainda se as pessoas “abraçarem” não apenas os pensamentos, mas também os pensadores. Obviamente o objetivo dessas “fornalhas” não é de literalmente queimar a carne, mas quem sabe de “queimar” as convicções e a fé daqueles que servem a Deus. Devemos estar resguardados no Senhor e fundamentados na sua palavra, pois somente Ela é absoluta em nossa vida. Ela é suficiente para a formação da nossa cultura e posição espiritual, e qualquer entendimento secular deve ser por ela confrontado.

CONCLUSÃO

Muitos anos se passaram desde o episódio em que os jovens hebreus enfrentaram a ameaça de serem lançados em um forno ardente por não adorarem a estátua do rei. Hoje, a Igreja de Cristo se depara com pressões para ceder a ideologias prejudiciais. É essencial encontrar a coragem de resistir a essas pressões idólatras evidentes e, ao mesmo tempo, discernimento para evitar a adoração de ídolos que sutilmente se ocultam em outras formas de expressão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pr. Jeovane Santos: Pr. Jeovane Santos da Igreja Assembleia de Deus na Bahia, Bacharel em Teologia, Pedagogo, Licenciado em Matemática, Pós Graduado em Gestão, Autor do Livro Descomplicando a Escatologia, Criador do Canal Descomplicando a Teologia no YouTube e do Curso Completo Para Professores da EBD

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