EBD – DEUS ABATE O CORAÇÃO ORGULHOSO – LIÇÃO 7
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, iremos explorar o quarto capítulo do livro de Daniel, que apresenta um impactante testemunho pessoal do rei Nabucodonosor. Neste relato, testemunhamos como sua soberba o levou, por divina sentença, a uma condição de insanidade, fazendo-o viver como um animal selvagem por um período conhecido como “sete tempos”, até que Deus o redimiu dessa situação. Ao fim desse período, Nabucodonosor experimentou uma profunda transformação, reconhecendo a soberania do Deus Altíssimo.
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I – O EDITO DO REI
1.1. O edito real.
O quarto capítulo do livro de Daniel começa com um edito de Nabucodonosor, uma espécie de pronunciamento oficial para conhecimento de todos, Nele, o rei declara a grandeza de Deus (4.3). Contudo, como veremos, o reconhecimento da grandiosidade de Deus pelo rei se deu somente depois da experiência dramática que ele narra a seguir.
O quarto capítulo do livro de Daniel apresenta escrita em primeira pessoa por parte do rei Nabucodonosor (um edito do rei). Sobre o aspecto temporal, podemos perceber que se trata de uma narração de fatos passados; ou seja, o rei teria publicado essa “circular” após o acontecimento dos fatos narrados.
1.2. A satisfação momentânea do rei e o seu sonho.
O rei estava satisfeito e próspero em seu palácio (4.4). Com suas conquistas, ele havia estendido o domínio do seu vasto império, alcançando grande sucesso. Nabucodonosor desfrutava de riqueza e fama. Sua cidade, Babilônia, era um esplendor e ele se sentia sossegado. No entanto, a paz e a satisfação do rei foram abruptamente interrompidas por um sonho perturbador. Convocados para darem a interpretação do sonho, mais uma vez os sábios da corte não são capazes de desvendar o seu sentido (v. 6,7). O rei, então, manda chamar novamente Daniel. O monarca sabia que Daniel era diferente, em quem habitava o espírito de um ser divino (v. 8,9). Diante das dificuldades, os descrentes buscam o socorro daqueles que dão testemunho de Deus.
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O período em que se narra tais fatos aponta para um tempo de “estabilidade” do império babilônico. Nabucodonosor havia dado continuidade aos planos do seu pai Nabopolassar e muitas eram as suas conquistas. Antes do sonho e da visão da grande árvore (dessa lição), Nabucodonosor já havia tido outras experiências com sonhos e visões, inclusive com a participação de Daniel. Lembra da visão da estátua? Naquela ocasião o império babilônico foi descrito como “a cabeça de ouro”; e de certa forma isso pode ter nutrido o rei de vaidades.
Nesse contexto, podemos analisar o rei “curioso” e espantado, mas talvez um pouco menos turbado do que no evento do sonho da estátua (lá ele chegou a ameaçar de morte todos os sábios). Dessa maneira, após uma rápida consulta aos sábios – e não podendo eles o ajudar – então o rei se lembra de Daniel (que anteriormente havia resolvido um “problema semelhante”) e o manda chamar.
1.3. A descrição do sonho.
Ao narrar o sonho, o rei diz ter visto uma árvore frondosa, que crescia cada vez mais até sua copa chegar ao céu. Suas folhas eram belas e muitos eram os seus frutos. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam ninhos em seus ramos (w.10-12). No sonho surge uma sentinela, um anjo que descia do céu que dava ordem para que a árvore fosse derrubada, deixando somente o toco e suas raízes, presos com ferro e bronze. Ele deveria ser molhado como orvalho do céu, e viveria com os animais selvagens. Durante sete tempos, teria a mente de um animal selvagem em vez de mente humana (w. 15-17).
No primeiro sonho (o da estátua) o rei não se lembrava quais as visões havia tido; então o desafio dos sábios era revelar o sonho e a sua interpretação. Nesse segundo (o sonho da árvore), o rei se lembrava; então a “missão” era apenas interpretar, mesmo assim os sábios da Babilônia não o puderam fazer. Após Daniel entrar na presença do Rei, Nabucodonosor conta-lhe acerca das suas visões. De uma forma ou de outra ele sabia que não era um sonho “comum”. A árvore, as folhas, o tamanho da árvore, os frutos da árvore, os ninhos e ramos; o vigia (o anjo); uma ordem dada acerca da árvore; e a sentença sobre aquela árvore; todos esses eram elementos de um sonho que perturbou o rei, e que com sabedoria dada por Deus Daniel haveria de interpretar.
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II – DANIEL INTERPRETA O SONHO E ACONSELHA O REI
2.1. Agindo com prudência.
Depois de ouvir o relato do sonho, Daniel ficou bastante estarrecido durante certo tempo (v.19), de sorte que até mesmo o rei tentou tranquilizá-lo. Daniel, porém, sabia do significado do sonho, e possivelmente estava preocupado em como declarar a interpretação ao rei. Mesmo para comunicar a verdade, é preciso ter prudência, e saber a forma adequada de se expressar.
Após ouvir o relato do rei, provavelmente Daniel já tinha a interpretação do sonho. Mas sabendo que não era algo bom, ele precisou “gerir” aquela situação; afinal, como ele contaria para o rei? Não bastava sabedoria para interpretar, mas também para anunciar. A prudência de que Daniel precisou se valer é também comentada no livro de provérbios, onde em primeira pessoa a Sabedoria diz “Eu, a Sabedoria, habito com a prudência” (Pv 8:12). A palavra de Deus nos apresenta ali que as virtudes têm a capacidade de uma aperfeiçoar a outra.
Trazendo para o Novo Testamento, aprendemos que o amor é o responsável pelo aperfeiçoamento dos elementos. Ou seja, sabedoria, ciência, verdade e “sinceridade” sem amor é vaidade. Até mesmo o evangelho da salvação deve ser anunciado com sabedoria e estratégia! Portanto, devemos aprender a desenvolver a sensibilidade de realizar “leituras” dos casos concretos (discernir situações na prática e agir de acordo com a conduta esperada).
2.2. A interpretação do sonho.
Agindo com coragem e cautela, Daniel passou a contar ao rei a interpretação do sonho:
- a) A árvore majestosa (w.11,12). A árvore simbolizava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza do reino de Nabucodonosor. Realmente, este rei que governou a Babilônia no período de 605 a 562 a.C. foi um dos mais poderosos da história da Mesopotâmia. Daniel foi enfático ao dizer que a árvore era o próprio rei: “És tu, ó rei”(v.22).
- b) O juízo divino. O semblante do rei deve ter caído ao ouvir o restante da interpretação. O seu reino estava com os dias contados. Isso porque, a árvore deveria ser cortada, deixando somente o tronco com as suas raízes, presas com ferro e bronze. O verso 15 mostra que a intenção não era a destruição completa de Nabucodonosor, e sim dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer que o céu reina (v.26).
- c) Vivendo entre os animais. Daniel diz, ainda, que o entendimento do rei seria afetado, passando a viver e a comer entre os animais, durante sete tempos. Isso indicava a perda do discernimento mental, por algum tipo de insanidade.
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Conforme falamos anteriormente, muitos eram os elementos do sonho. A árvore, as folhas, o tamanho da árvore, os frutos da árvore, os ninhos e ramos; o vigia (o anjo); uma ordem dada acerca da árvore; e a sentença sobre aquela árvore.
Daniel entende que a árvore representava o rei, que cresceu e se fez forte (Dn 4:22). Os ramos da árvore (bem como os ninhos) entendemos que poderiam representar os reinos administrados pela Babilônia (e que dependiam do poder central).
Sobre o Vigia que ao descer do céu trazia a ordem de cortar a árvore, Daniel entende que aquele mensageiro trazia um decreto que havia sido expedido pelo próprio Deus (Dn 4:24); ou seja, o próprio Deus decidiu acerca daqueles acontecimentos.
Em relação ao período com os animais, entendemos que a fiel interpretação é a retirada da consciência e do entendimento do rei, de modo que habitasse entre os animais; tanto que em outro momento Nabucodonosor disse “e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo” (Dn 4:34). Além disso, chama atenção a finalidade apresentada pelo decreto: “até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e dá a quem quer”. Ou seja; não foi um evento imotivado! Havia propósito por trás de tudo aquilo. Nabucodonosor precisava entender a inferioridade humana, principalmente a sua (lembre-se que em outro momento ele construiu uma estátua em sua própria homenagem, para que recebesse adoração).
2.3. O conselho de Daniel.
Percebemos que Daniel não se Limitou a explicar o sentido do sonho. Ele também aconselhou o rei a deixar a sua soberba e a renunciar aos seus pecados (v.27). Isso envolvia a prática da justiça e o abandono da iniquidade, usando de misericórdia com os pobres. Isso mostra que a disciplina sobre o imperador também se devia à sua negligência e falta de misericórdia com os menos afortunados. O Senhor considerou essas falhas tão graves que o rei teria de passar por um período de disciplina, comendo com os animais do campo. Daniel era um conselheiro de valor e não estava preocupado em satisfazer o rei para manter o seu cargo na corte, razão pela qual admoestou Nabucodonosor sobre seus vícios de caráter.
Como Daniel daria uma notícia tão “ruim” para o rei? Veja que se buscarmos referências no contexto histórico, veremos que era “comum” a destituição, perseguição, exílio ou até a morte de profetas e adivinhos que traziam palavras e “previsões” contrárias ao rei. Trazer a interpretação daquele sonho era como que exortar o rei (difícil tarefa, não?”). E não apenas Daniel trouxe a interpretação como ainda o aconselhou! Certamente ele teve muita coragem e ousadia, mas o “pano de fundo” era a prudência.
Aquele conselho sobre arrependimento tinha como objetivo trazer esperança de misericórdia para o rei, como quem diz: “Ainda há esperança, rei! Que não suceda assim com o senhor! Para tanto, procure agradar a Deus e quem sabe de ti ele terá misericórdia”. Te pergunto; se o rei se arrependesse ele alcançaria misericórdia? Não sabemos, mas “desconfiamos” que sim, porque o nosso Deus é bondoso e misericordioso, e aquele decreto acerca de Nabucodonosor tinha um propósito de quebrantar aquele duro coração.
No entanto, apesar de Daniel ter aconselhado o rei para o bem, de maneira adversa e contrária o rei agiu. Em vez de arrependimento e quebrantamento, trouxe em seus lábios orgulho e vaidade, ao dizer “não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder e para glória da minha magnificência?” (Dn 4:30). A Bíblia diz que ainda estava a palavra na boca do rei quando do céu caiu a voz que faria aquele decreto “produzir os seus efeitos”; e assim o rei foi abatido e rebaixado ao instinto animal (Dn 4:32,33).
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III – O CUMPRIMENTO DA PROFECIA E A RESTAURAÇÃO DO REI
3.1. Deus abate o orgulho.
Doze meses após o sonho, ele cumpriu-se cabalmente sobre a vida de Nabucodonosor (4.29). Quando o rei se vangloriava (4.39), uma voz do céu declarou-lhe o destino, sendo expulso da companhia humana e passando o rei a viver como animal. Teve um surto que retirou a sua sanidade mental. Deus estava mostrando quem era o verdadeiro soberano, e que ele resiste aos soberbos. No capítulo 5, Daniel declara que “quando o seu coração se exaltou, e o seu espírito se endureceu em soberba, foi derrubado do seu trono real, e passou dele a sua glória” (5.20).
Reiteradamente a Bíblia adverte sobre os perigos da soberba e do orgulho prepotente (Pv 16.5,18: Tg 4.6.). Jesus afirmou que qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado (Lc 14.10,11), Portanto, é melhor se humilhar, para ser exaltado por Deus, do que se exaltar, e ser humilhado por ele.
O rei Salomão muito antes do rei Nabucodonosor já havia escrito em um dos seus muitos sábios provérbios que “o orgulho precede a destruição; a arrogância precede a queda” (Pv 16:18); e também que “a humildade antecede a honra” (Pv 15:33). Muito antes também de Nabucodonosor não havia Naamã agido com orgulho, quando ao ser direcionado ao rio Jordão, recusou e disse “Não são, porventura, Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar purificado? E voltou-se e se foi com indignação” (2 Re 5:12). Se ele mantivesse essa postura de orgulho certamente não receberia a benção da cura da sua lepra.
Também não é exemplo de humildade o nosso Senhor Jesus? Ele que habitava na glória com o seu pai, e veio a um mundo corrompido, com homens corrompidos. E como homem veio, a fim de cumprir o plano de seu pai; e por homens pecadores foi julgado e condenado; e sem murmurar foi fiel até o fim; até herdar o prêmio da sua glória e da ressurreição, que nos traz a salvação. Ele disse aos seus discípulos “qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10:43-45); e tantas outras passagens poderíamos citar, como na ocasião em que lavou os pés dos discípulos (Jo 13:5). Pergunto-lhe então; por que admitiria o Senhor o orgulho? Eis que essa prática parece mal aos olhos do Senhor, e por esse motivo Nabucodonosor foi abatido.
3.2. O rei reconhece a grandeza de Deus.
Tudo isso sobreveio sobre Nabucodonosor para que ele reconhecesse o poder do Altíssimo. Embora fosse chamado pelo profeta Jeremias de “servo” do Senhor (Jr 26.9), no sentido de ter sido o instrumento divino para punir Israel, o rei babilônio não assumiu uma posição de humildade perante Deus. Ocorre que o ímpio precisa ser confrontado pela Palavra de Deus e saber que se encontra perdido. Muito diferente de algumas pregações de hoje, a mensagem de Deus para o rei não buscou inflar o seu ego, mas mostrar o seu estado, para que pudesse se arrepender. E assim aconteceu. Passados os dias conforme a revelação, a consciência de Nabucodonosor retornou, recobrando o juízo. Ele glorificou ao Senhor e reconheceu o seu poder eterno (4 34).
A restauração do rei da Babilônia mostra que o evangelho tem poder e é capaz de transformar a vida de qualquer pessoa. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).
Conforme comentamos anteriormente, o decreto expedido pelo Senhor não era imotivado, mas tinha uma finalidade de quebrantar o coração soberbo do rei Nabucodonosor. O próprio Deus havia permitido a sua atuação diante das muitas conquistas dentre os povos, inclusive sobre Judá, como cumprimento de um tempo de disciplina para o seu povo. Todavia, o rei permitiu que o seu coração se enchesse vaidade, e agora da parte de Deus ele também provava de um tempo (sete tempos) de disciplina.
Como resultado, após esse período o rei retomou a sua consciência e o seu entendimento; mas não apenas isso, como também trouxe consigo um “novo coração”, que definitivamente reconhecia o Senhor como “Altíssimo”. O seu orgulho havia quebrado, e ele agora rendia “glórias ao Rei dos Céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn 4:37). Essa parte final “e pode humilhar aos que andam na soberba” prova que ele reconheceu que andava na soberba e que de Deus havia sucedido aquela disciplina.
3.3. Pregando para todas as pessoas.
A postura de Daniel ao transmitir integralmente a mensagem divina ao rei, nos ensina sobre a necessidade de pregarmos para todas as pessoas, sem medo (Mc 16.15). Na universidade, no trabalho ou em qualquer lugar, fale de Jesus e do plano da salvação indistintamente. Anuncie o evangelho aos pobres e ricos, e não tenha receio de testemunhar para as autoridades. Daniel não desistiu de Nabucodonosor, e não se deixou levar pelo histórico. Ele sabia que quem transforma é Deus.
Verdadeiramente não era uma tarefa fácil para Daniel trazer uma mensagem que pudesse desagradar e contristar o rei, além de para ele trazer conselhos. Ele necessitaria de prudência, sabedoria e discernimento; mas principalmente de autoridade e revestimento da parte de Deus. Percebemos que Daniel antes de se relacionar e se comunicar com as pessoas, se relacionava e se comunicava com Deus. Ele tinha um particular com o Senhor.
Dessa maneira, o Senhor nos convida a ter uma vida de intimidade com Ele, pois apenas com intimidade teremos acesso às virtudes que o Senhor nos tem para dar. Em posse dessas virtudes e com autoridade concedida por Ele, seremos capazes de anunciar o evangelho sem temor. Importa o crescimento do reino de Deus.
CONCLUSÃO
A história pessoal de Nabucodonosor nos oferece uma poderosa lição sobre as consequências da arrogância e da exaltação diante da majestade do Todo-Poderoso. Ela destaca a suprema soberania divina sobre toda a criação, lembrando-nos de que nenhuma criatura pode rivalizar com a glória de Deus. O episódio ilustra a capacidade da misericórdia e da justiça divinas de redimir o ser humano arrependido, revelando a esperança de transformação e restauração para qualquer pessoa.