EBD – Jonas e Miqueias – Lição 9 Juvenis – 2° Trimestre 2024

EBD – Jonas e Miqueias – Lição 9 Juvenis – 2° Trimestre 2024

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Prefácio – Introdução

“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3:22). Esse trecho das escrituras sagradas traduz um dos aspectos preciosos constituintes da própria essência de Deus; o fato de ser misericordioso, bondoso e paciente para com a humanidade. Deus conhece a essência e a estrutura do homem, bem como o seu caráter e natureza. Portanto, podemos dizer que a misericórdia e a paciência são institutos que derivam do amor – ou seja, por nos amar, Deus nos cobre de graça e de perdão.
Uma das evidências materiais acerca da existência da misericórdia de Deus é a existência do tempo. Aliás, se as bases da criação não fossem assentadas sobre essa dimensão chamada “tempo”, provavelmente teríamos a imediata execução do juízo. Ou seja, Deus oportuniza ao homem tempo para que aprenda com os seus erros, reconheça suas falhas, se arrependa e se submeta à sua vontade; mas tudo isso só é possível por conta da misericórdia (e por sua vez, por conta do amor).
Para o homem, entretanto, pode ser abstrato tentar entender tamanha graça e amor. Tomando como exemplo o profeta Jonas, objeto de estudo dessa lição, temos que este profeta tomou para si sentimentos de “indignação” acerca da misericórdia de Deus. Ocorre que ao tomar para si as afrontas da nação Assíria, especificamente da cidade de Nínive, Jonas julgou que tal povo não era digno de misericórdia. Tal evento nos revela que os planos de Deus muitas vezes são diferentes dos planos dos homens. A perspectiva de Deus definitivamente difere da perspectiva humana. Deus julgou que, ao menos aquela geração dos assírios, merecia a dispensa da misericórdia sobre eles; talvez para nos ensinar grandes lições.
A maldade dos ninivitas era grande? Sim; tanto que a sua fama (negativa) entre as nações vizinhas (inclusive Israel) era grande. Entretanto, aprendemos que nada mais conquista o Senhor do que um coração quebrantado; um arrependimento sincero e genuíno. Em um evento similar, agora tendo o povo de Israel como alvo, o Senhor Deus faz um chamamento ao arrependimento através do profeta Isaías, onde disse: “Vinde então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve: ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Is 1:18).

Deus queria demonstrar que, aqueles que são capazes de ouvir a sua advertência e corresponder com humilhação e arrependimento, alcançarão misericórdia (Pv 28:13). 

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  1. PROFETA JONAS

1.1. Um profeta nacionalista

O livro de Jonas inicia-se com a identificação do profeta como filho de Amitai (Jn 1.1). Ele recebeu a comissão de Deus para anunciar o julgamento de Nínive, a principal cidade do Império Assírio. O profeta foi convocado pelo Senhor para anunciar a iminente destruição da cidade, caso esta não se arrependesse. Acontece que a Assíria era uma nação cruel que atuava sempre que podia para prejudicar Israel. O profeta, portanto, fugiu, pois sabia que Deus é misericordioso e, em caso de arrependimento, perdoaria os ninivitas.

Jonas achava que eles não deveríam ser perdoados. Contudo, tal decisão não estava no seu controle. Então, o Senhor fez prevalecer a sua vontade, criando meios para que Jonas cumprisse tal missão. Os planos de Deus são sempre os melhores e, por isso, devemos obedecer à sua ordem, mesmo que isso signifique renunciar às nossas ambições pessoais.

Em um contexto anterior, devemos nos lembrar (com base na história) que no período do Reino de Salomão o povo de Israel viveu um tempo de paz; fruto também das muitas conquistas do seu pai Davi. Verdade é que a nação de Israel tinha conquistado o respeito sobre todos os povos circunvizinhos, e a sua fama como nação poderosa ultrapassava as fronteiras. No entanto, após a divisão da nação entre Reino do Norte e Reino do Sul, houve um certo enfraquecimento político e militar, corroborados pela decadência espiritual dos sucessivos Reis.
Com a nação enfraquecida, Israel – com a permissão de Deus, que tinha por objetivo chamar o povo ao arrependimento – passou a ser frequentemente afrontada. Uma das nações que mais a ameaçava e afrontava era a Assíria, e Nínive era a sua mais importante cidade. Diante disso, talvez podemos entender o porquê da indignação de Jonas contra o possível “perdão” que esse povo (os ninivitas) receberia da parte de Deus. Jonas havia tomado as afrontas para si, de modo que no seu íntimo – quem sabe – tinha até os ninivitas como verdadeiros inimigos.
Esse contexto parece perfeito para Deus manifestar a sua misericórdia e a sua graça; demonstrando que mesmo em uma situação quase que irreversível – os ninivitas eram um povo era obstinado e sem temor – a misericórdia de Deus poderia operar, nem que fosse sobre aquela geração. Conhecendo o agir de Deus, Jonas procura por seus próprios meios desviar de Nínive a possibilidade de perdão.

1.2. Uma escolha complicada

Ao receber a ordem divina para cumprir a missão em Nínive, Jonas decidiu seguir na direção oposta. Ele comprou uma passagem para Társis (1.3, 4), onde muitos estudiosos atribuem a localização a uma antiga colônia fenícia na Espanha. Entretanto, no meio da viagem, uma grande tempestade se levantou no mar – o que os marinheiros consideravam uma punição divina. Depois de tirarem sorte, Jonas admitiu a sua desobediência e consentiu que o lançassem ao mar. Assim, imediatamente, a tempestade se acalmou (1.11-15). Por misericórdia, Deus enviou um grande peixe que engoliu Jonas e o manteve em seu ventre por três dias (1.17). O profeta orou, Deus compadeceu-se dele e deu ordem ao peixe para vomitá-lo na praia. E, finalmente, Jonas levantou-se para cumprir a missão. Não podemos fugir da vontade de Deus. Portanto, aprenda com o exemplo de Jonas e seja obediente à ordem divina.

Como dissemos, ao tomar para si a questão, Jonas procura resolvê-la por seus próprios meios, nem que para isso tivesse que fugir da direção de Deus. Ocorre que a atitude de Jonas é má aos olhos de Deus. Jonas desobedeceu e ainda agiu de engano, tomando uma rota alternativa. Deus, no entanto, já havia decidido por conceder aquela oportunidade aos Ninivitas.
Dispondo de muitos recursos ao seu favor (simplesmente toda a natureza pronta para obedecer às suas ordens), o Senhor coloca Jonas em apertos e angústias, fazendo com que o profeta ficasse por 3 dias no ventre de um grande peixe. Não temos explícitos na Bíblia o os sentimentos de Jonas ao estar no ventre daquele peixe, mas ele chega a comparar aquela situação com o próprio inferno (Jonas 2:2). Verdade é que muito Jonas refletiu e pediu a Deus uma nova chance para agir; e que dessa vez obedeceria. Curiosamente Jonas clamou por misericórdia; a mesma que ele havia “negado” aos ninivitas. Desde aquele momento Deus estava a lhe ensinar muitas coisas.

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  1. A PROFECIA DE JONAS

2.1. Tema central da profecia de Jonas

A mensagem central do livro de Jonas é a magnitude da misericórdia divina. A própria história do profeta consiste da mensagem central de seu livro. Jonas fugiu da comissão divina e, por isso, quase morreu. Ao se arrepender dentro do ventre do peixe, em profundas trevas, Deus o concedeu uma nova oportunidade, e ele não desperdiçou.

Jonas anunciou durante 40 dias o juízo divino sobre Nínive. Por fim, a cidade se converteu, desde a cúpula até os animais humilharam-se diante do Senhor. Deus, então, prometeu que não os destruiria, pelo menos durante aquela geração. O Senhor é muito misericordioso, mas não podemos desprezar a misericórdia de Deus, muito menos determinar quem a merece ou não.

Podemos imaginar dentro do contexto bíblico que Jonas saiu do peixe com muita fé e convicção. Depois de tudo que ele passou, receber aquela segunda oportunidade representou muito. A sua pregação para os ninivitas agora tinha não só o conteúdo, mas também a experiência, uma vez que ele tinha provado da misericórdia de Deus. O núcleo da sua mensagem e admoestação apontava para o arrependimento.
Um coração quebrantado e contrito não será rejeitado pelo Senhor. Aquela geração dos Ninivitas provou isso, quando todo o povo se humilhou e confessou as suas culpas. Essa busca sincera moveu o coração de Deus; e como consequência, aquela geração alcançou a misericórdia e foi conservada.

2.2. A magnitude da misericórdia

Compreender a magnitude da misericórdia divina é aceitar que Deus tem critérios próprios e insondáveis para determinar de quem Ele se compadecerá. Jonas não aceitava o fato de Deus decidir poupar um povo que era inimigo de Israel que já o havia feito mal. Contudo, o Senhor conhecia as profundezas do coração daqueles ninivitas, sua história e ignorância (4.11).

No Novo Testamento, observamos muitos que eram pecadores e aos olhos humanos não merecedores da graça divina, mas que diante do encontro com Jesus, receberam perdão e regeneração. A lista é extensa: Mateus, o publicano (Mt 9.9,10); Zaqueu, chefe dos publicanos (Lc 19.1-10); a mulher samaritana (Jo 4.9): Saulo de Tarso (At 9.10-15) e muitos outros. Diante do arrependimento sincero, portanto, Deus não renegou a sua misericórdia ao povo de Nínive.

O evento com o profeta Jonas e os Ninivitas foi apenas um dos vários episódios listados na bíblia acerca da misericórdia de Deus. As misericórdias do Senhor são desde a eternidade. O plano de redenção e salvação foi desde a eternidade. O sacrifício de Jesus foi perfeito e tem poder para perdoar pecados e apagar todo o passado sombrio daquele que vivia na ignorância dos seus sentidos. O homem não pode impor limitações sobre o alcance da graça, pois estaria limitando também o tamanho do amor de Deus.
Na primeira carta a Timóteo 2:4 o apóstolo Paulo diz que Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento de Deus. Ainda em outra passagem, no livro do Profeta Ezequiel 33:11 está escrito que Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas quer que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Dessa forma, fica claro que Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10:34), mas também fica o alerta de que nós, os Filhos da Luz, somos os agentes responsáveis pelo “IDE” do Senhor. Pregar o evangelho para aquele que não conhecem a sua palavra; discipular e cuidar das almas; essas são atribuições nossas. Assim como Jonas foi convocado, o Senhor Jesus também nos convocou.

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  1. O PROFETA MIQUEIAS

3.1. Tema centrai da profecia de Miqueias

Miqueias apresenta o juízo divino e a salvação messiânica como tema central de seu livro. O profeta é contemporâneo de Isaías e Oseias. Habitante do Reino do SuL, a mensagem de Miqueias é dirigida tanto a Israel quanto a Judá. Além do juízo divino, Miqueias é um dos profetas que anunciam o surgimento do Messias. Ele anunciou que de Belém-Efrata sairia o Senhor em Israel, cujas origens são desde a eternidade (Mq 5.2). O livro aborda a destruição e o exílio como consequências dos pecados de injustiça social, corrupção e falsidade dos líderes, sacerdotes e falsos profetas (1.3-7; 2.1-11; 3,1-5, 8-11; 6.9-12). Contudo, há também a promessa de que o remanescente experimentaria uma restauração. Mais uma vez, a misericórdia está presente porque Deus não desiste de resgatar o seu povo.

Desde que o povo de Israel começou a ser governada por Reis, o grande desafio sempre foi manter-se diferente das demais nações. Historicamente, cada nação tinha os seus deuses e as suas práticas; porém todas reprovadas pelo Deus de Israel, o Senhor. Dessa forma, a instrução sempre foi muito clara: a não contaminação. Ora, se o povo tinha (ainda que por meio dos sacerdotes) contato e comunhão com Deus, por que buscar copiar as práticas das nações pagãs? Davi, conhecido por ser um homem segundo o coração de Deus, foi um dos poucos exemplos de fidelidade e culto exclusivo ao Senhor. No entanto, desde o fim do reinado do Rei Salomão Israel começou a provar de práticas e cultos a outros deuses, despertando indignação no Senhor.
Após a sua sucessão e posterior divisão do Reino entre Reinos do Norte e do Sul, houve uma disputa sobre qual seria a “sede”; o local da adoração e da prestação do culto ao Senhor. Jerusalém, pertencente ao Reino do Sul é definida como a “capital sacerdotal”; o lugar onde todo o povo (independentemente da divisão) deveria se reunir para adorar ao Deus de Israel. No entanto, o Rei Jeroboão I, que reinou no Reino do Norte, com receio de enfraquecer o seu reino em um possível movimento do povo para adorar no Reino do Sul, decide então por seus próprios definir o seu Reino como o local de adoração, e para isso introduz a Idolatria no meio do povo. Roboão, filho de Salomão e então Rei do Reino do Sul também se corrompe e demonstra-se infiel ao Senhor. Geração após geração, os reis de Israel, em sua maioria, foram infiéis e compactuaram com a idolatria e a contaminação do povo. Nesse contexto, Deus levanta muitos profetas para profetizarem contra aquelas práticas. Com muita paciência e misericórdia, Deus enviava alertas e verdadeiros chamamentos ao arrependimento.
Como fruto da desobediência e por não ouvirem a repreensão dos profetas, Deus entrega o Reino do Norte aos Assírios e o Reino do Sul posteriormente aos Babilônios. Esse período ficou configurado como o exílio; que era o movimento da “evacuação” de todo o povo de uma cidade (a cidade invadida) para outra (a cidade que o rei “vencedor” da batalha decidia enviar; muitas vezes como escravos). Com as cidades queimadas e o povo levado cativo, podia-se dizer que a esperança de Israel tinha se esvaído. Talvez, muitos acreditavam até na extinção da nação como um todo.
No entanto, como Deus não pode negar a si mesmo, mesmo diante da infidelidade do homem Ele permanece fiel. Ele se lembrou da aliança feita com Abraão, e da promessa feita acerca da sua descendência. Deus tinha adotado aquele povo como “seu povo”, embora aquele povo tivesse esquecido de servi-lo como “seu Deus”.
 Para isso, Deus levantou profetas que trariam mensagem de esperança para o povo; esperança de uma restauração, e de aquela situação poderia sim ser revertida. A glória de Israel, ainda que futura, partiria de um Rei que o próprio Deus ungiria; o Messias; o Cristo; o Escolhido; e o seu Reino não teria mais fim. Tais profetas ficaram conhecidos como “Profetas Messiânicos”, pois o conteúdo de suas profecias apontava para o Messias. A exemplo disso, têm-se Isaías e Miqueias, que é o profeta objeto dessa lição.

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APLICATIVO - DESCOMPLICANDO A TEOLOGIA

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3.2. Esperança em tempos de crise

Apesar de o cenário ser de completa destruição em razão dos pecados cometidos pelos Reinos de Israel e Judá, o Senhor manteve uma promessa esperançosa de restauração. Esta seria acompanhada de poder sobre as outras nações (Mq 4.11-13; 7.18-20), mas o poder seria de ordem espiritual. Chegará o tempo em que o Senhor governará o mundo a partir de Jerusalém e será um período de paz, felicidade e santidade. O Reino de Deus será estabelecido quando o Senhor voltar para destruir o mal e formar a justiça (Ap 20.4). Essa esperança deve habitar o coração dos crentes que aguardam a Volta do Senhor Jesus.

Todo Cristão, do gentio ao Judeu, tem a esperança de ser governado pelo Senhor Jesus, que é digno de toda honra, glória e poder. Ele veio aqui na terra como homem, e ao cumprir a sua missão, derrotou todos os seus inimigos. O Reino de Deus será também prático. Na segunda vinda do Senhor Jesus, Ele virá para Reinar com a Igreja.
O homem desde o início foi incapaz de conduzir uma nação ou um povo sem mácula. Os reinos e os governos são todos imperfeitos e ineficientes; mas o Reino do Senhor Jesus será perfeito, com a perfeita condução; com a perfeita justiça; e tendo a verdade como o seu fundamento, pois Jesus Cristo é a verdade. Chegará o tempo em que, em definitivo, as profecias dos profetas messiânicos se cumprirão, e todos nós provaremos de um Reino maravilhoso e Eterno; sendo governados pelo próprio Deus.

Conclusão

Deus tem um juízo reservado para cumprir sobre a iniquidade cometida em toda a Terra. Entretanto, Ele espera de seu povo ao menos três atitudes honrosas: praticar a justiça, amar com misericórdia e caminhar com humildade (Mq 6.8). Essa é a vontade de Deus, que precisa ser obedecida e corresponde ao estilo de vida proposto pelo Evangelho. Que Deus nos ajude a cumpri-to enquanto aguardamos esperançosamente pelo grande Dia da Volta do nosso Senhor Jesus.

Deus tem datas marcadas e tempos definidos; desde o tempo da misericórdia ao tempo do juízo e do derramamento do cálice da ira de Deus. A consumação dos séculos é um marco inaugural para outro tempo chamado Eternidade. De uma forma ou de outra o homem não tem como escapar disso: a eternidade o aguarda. Porém podemos hoje decidir se passaremos a eternidade com Deus ou se passaremos a eternidade longe dele. Escolhamos a boa parte, pois tudo que o Senhor fez por nós foi por amor. Ele pensou em cada detalhe; elaborou um plano perfeito, e deseja que todos nós tenhamos um real encontro com Ele.

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