EBD – O CONCÍLIO DE  JERUSALEM – LIÇÃO 6 ADOLESCENTES

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EBD – O CONCÍLIO DE  JERUSALEM – LIÇÃO 6 ADOLESCENTES

Vamos descobrir

Você já deve ter escutado falar sobre a “Lei de Moisés”. Nesta lição estudaremos sua importância para a identidade do povo judeu.

Veremos o debate que surgiu entre os cristãos judeus sobre a necessidade de os cristãos não judeus seguirem as regras e a tradição da Lei.

Entenderemos que, no entanto, Jesus morreu na cruz e cumpriu toda a Lei, dando início a uma Nova Aliança.

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Hora de Aprender

Depois da primeira viagem, Paulo dedicou-se a continuar ensinando as Escrituras em Antioquia da Síria. Nesse período, surgiu um problema doutrinário na igreja. Parte dos judeus (convertidos a Cristo) acreditava que, para os não judeus servirem a Deus, eles precisariam ser circuncidados e obedecer à Lei de Moisés (At 15.5). Para tratar da questão, a igreja enviou Paulo, Barnabé e outros irmãos para uma reunião em Jerusalém com os apóstolos de Jesus e outros líderes.

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I – QUEM PODE SERVIR A DEUS?

O Evangelho tinha ultrapassado as fronteiras da comunidade judaica. Muitas pessoas não judias (gentias) estavam se convertendo. Então surgiram dúvidas sobre como elas deveriam servir a Deus. Este assunto não era novo, os discípulos já haviam discutido isso em outra ocasião (At 11.2,3).

O Apóstolo Pedro havia passado por uma grande experiência com Deus. Ele viu quando o Espírito Santo desceu sobre o gentio Cornélio e sua família, (quando eles decidiram aceitar Jesus), da mesma forma que tinha descido sobre os discípulos judeus no dia de Pentecostes (At 11.15-18). Os discípulos já tinham testemunhado que pessoas de diferentes povos falaram em línguas (At 2.4; 8.14-17; 10.44-47). Isso demonstrava que “Deus trata a todos de modo igual” (At 10.34).

Para refletir sobre essa questão, reuniram-se em Jerusalém: a igreja, os apóstolos, os presbíteros e a equipe chegada de Antioquia (At 15.2). De um lado, alguns irmãos que eram do partido dos fariseus e que criam em Jesus, defendiam que os não judeus fossem circuncidados e obedecessem à Lei de Moisés (At 15.5). Em contrapartida, Pedro relembrou a sua experiência com Cornélio, e Paulo e Barnabé acrescentaram os milagres que Deus estava fazendo por meio deles entre os gentios, em lugares fora de Israel (At 15.7,8,12).

Durante o Concilio, o apóstolo Tiago lembrou que a Escritura já havia anunciado que os não judeus seriam parte do povo de Deus. Ele lembrou o que o profeta Amós (9.11-12) já havia explicado sobre isso (At 15.17-18).

A decisão final, portanto, foi a de que qualquer pessoa, não importando sua origem, poderia crer em Jesus e servir a Deus. O entendimento foi que o Senhor perdoa os pecados, tanto dos judeus, como dos gentios.

O Senhor Jesus, depois de ressuscitar e antes da sua ascensão (antes de subir aos céus, de onde veio) falou com os apóstolos acerca da promessa do Espírito Santo, que havia de vir sobre eles. Nesse episódio, o Senhor disse que a partir de então os seus discípulos seriam Suas testemunhas “tanto em Jerusalém como em toda Judeia e Samaria e até os confins da terra” (At 1:8).

Nesse contexto, o Mestre estava anunciando que o evangelho do Reino de Deus romperia fronteiras e alcançaria “até os confins da terra”. Para tanto, os seus Apóstolos seguiram em missão em diferentes regiões. Diz-se, por exemplo, que Pedro foi chamado para ensinar e instruir os Judeus; mas e os gentios? Eles configurariam os confins da terra? Nós podemos ser configurados parte destes “confins da terra”? Verdade é que para essa missão o Senhor já havia reservado e escolhido um homem de Deus! Saulo foi escolhido para pregar a palavra de Deus especialmente aos gentios (também conhecidos como gregos; mas podemos estender a denominação para todos aqueles que não são judeus).

A história do chamado de Paulo nós já conhecemos (depois das cinco lições já estudadas); no entanto, queremos entender o “efeito congregacional” da sua pregação. Perceba que para alguns judeus, a conversão ao evangelho já era algo considerado (por alguns) como “grave” (um judeu se converter ao cristianismo não era a regra; embora muitos tenham se convertido). Agora quanto mais imagine a um não judeu ser ofertada a salvação! No mínimo ciúmes eles sentiam (sim, eles tinham esse nível de religiosidade, e consideravam um “absurdo” dizer que o Deus de seus pais também seria o Deus de um “grego qualquer”).

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Esse “preconceito” começou a ser quebrado após a experiência de Pedro com o gentio Cornélio; evento marcado por uma visão de uma tal purificação que o Senhor mostrou a Pedro, simbolizando (na purificação de animais impuros) o poder transformador e purificador do evangelho (At 11:5-10). Quando Pedro foi visitar Cornélio (a fim de fazer cumprir o mandado do Senhor, conforme a visão que tivera), o grande ponto se deu quando antes mesmo de Cornélio ser batizado nas águas, o Senhor o batizou com o Espírito Santo (At 11:15)! Aquilo marcou tanto a Pedro que ele disse: “se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus? […] Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida” (At 11:17,18). Estava ali a confirmação, Pelo Senhor Jesus, de que o evangelho romperia fronteiras geográficas, culturais e de etnias. Feita essa importante contextualização (não poderia deixar de fazer), agora entendemos também a importância do ministério do apóstolo Paulo; que para esse “povo estranho” pregava o evangelho da salvação!

Entretanto, concordam que os efeitos práticos poderiam ser conflitantes (no sentido de divergência de cultura e tradições)? Como harmonizar o comportamento de povos tão diferentes? A título de comparação, no nosso ordenamento jurídico, quando há alguma questão conflituosa, convocam-se sessões extraordinárias para que Juízes votem (expressem a sua opinião jurídica) acerca do assunto, e assim com base no entendimento majoritário, haja a denominada “pacificação de entendimento” (uma jurisprudência). Perceba, portanto, que o que foi feito no Concílio de Jerusalém foi algo muito semelhante (consegue entender?); pois os apóstolos (os juízes; aqueles que conviveram com Jesus) iriam decidir em uma “Assembleia” o “procedimento padrão” que deveria ser adotado a partir de então pelos gentios. Em rasas palavras, iriam decidir o que deveriam fazer e o que não deveriam fazer (em relação aos costumes e tradições dos Judeus). “E o que foi decidido nesse Concílio?” Veremos no próximo tópico!

II – O QUE SE DEVE FAZER PARA SERVIR A DEUS?

Uma segunda questão foi levantada no Concilio: Os não judeus precisavam seguir o estilo de vida judaico para crer em Jesus e ser salvo? Não. Os apóstolos concluíram que para os cristãos servirem a Deus não seria necessário viver como os judeus. Mas, era importante que os dois grupos vivessem em comunhão.

Pedro e Tiago, apóstolos de Jesus, explicaram que não era correto estabelecer regras difíceis para os novos cristãos seguirem (At 15.10, 11, 19). Mas, os dois grupos precisariam ceder para manter uma boa comunhão. Então, apresentou-se quatro proibições aos não judeus: não comer carne de animais que foram oferecidos em sacrifício aos ídolos, não comer a carne de nenhum animal que tivesse sido estrangulado, não comer sangue e não praticar imoralidade sexual (At 15.19,20). Dessa maneira, os gentios respeitariam os costumes judaicos em parte e ficariam liberados de toda a tradição da Lei, para servirem a Cristo. Em Jesus, judeus e não judeus formavam um só povo: a Igreja, o povo de Deus (At 15.14; Gl 3.28).

Dessa forma, qualquer pessoa, de qualquer povo ou nação poderia servir a Deus, a partir da fé em Jesus Cristo e do batismo, mantendo a comunhão com a igreja, que era formada por judeus e gentios (Cl 3.11).

Sobre o que se decidiu no Concílio de Jerusalém, achamos por bem esquematizar:

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CONCÍLIO DE JERUSALÉM

DECISÕES ACERCA DOS GENTIOS

I – Não seria necessário viver como os Judeus;

II – Não se deve comer carne de animais sacrificados a ídolos;

III – Não se deve comer carne de animais estrangulados;

IV – Não se deve comer sangue (animais com sangue);

V – Deveriam abster-se da imoralidade sexual.

Em relação ao primeiro aspecto (a não necessidade de viver como os Judeus), entendemos que retirou-se a necessidade de os gentios viverem na mesma cultura que os Judeus. Imagine se todos os gentios – incluindo a nós – que se convertessem ao evangelho tivesse que mudar também a sua cultura! Difícil, não é mesmo? Tais práticas têm mais a ver com a bagagem histórica de uma nação, e não ajudaria muito no que é mais importante, que é o caminho da salvação. Por esse motivo, os servos de Deus entenderam essa desnecessidade. Apenas a título de Curiosidade, o principal ponto cultural questionado pelos judeus era a necessidade de circuncisão aos homens (o que foi descartado pelos apóstolos aos gentios, mas mantido por prudência aos judeus).

Os segundo, terceiro e quarto itens do nosso quadro, dizem respeito às práticas alimentares. Pode parecer “distante” para nós olharmos nos dias de hoje para essas regras lá estabelecidas, mas para os irmãos da região da Ásia menor (por exemplo), era uma prática comum (antes da conversão). A idolatria era tão grande que a Bíblia diz que o espírito de Paulo se comovia em si mesmo ao ver a cidade de Atenas tão entregue à idolatria (At 17:16). Portanto, sendo os rituais e oferendas feitas com animais uma prática comum para toda aquela região, ficou decidido que os “novos convertidos” deveriam se abster de tudo aquilo.

Por fim, a imoralidade sexual corresponde um gênero que em si comporta várias espécies de práticas reprováveis (adultério, prostituição, fornicação, sodomia, entre outros). Ocorre que naquelas cidades (Éfeso e Corinto, por exemplo), a prostituição era muito grande, pois fazia parte da mitologia grega e dos rituais dos seus deuses. Sendo essas práticas impuras e reprováveis pelo Senhor, decidiu-se também pelo rompimento com aquele antigo modo de ser que os “novos irmãos” antes estavam acostumados (uma vez que eles continuariam “morando” ali; então precisariam ser muito fortes e resistir ao erro).

III – A ORGANIZAÇÃO DAS DOUTRINAS DA IGREJA

Essa reunião para discutir o assunto é chamada de “Concilio de Jerusalém” ou “Concilio Apostólico”. Foi o primeiro encontro oficial da Igreja para debater um assunto doutrinário. — E você? Sabe o que é doutrina? Doutrina bíblica é uma crença verdadeira, baseada no texto sagrado. Então, no Concilio, foi estabelecida a doutrina de que a salvação em Cristo é para todos.

O passo seguinte foi divulgar a decisão do Concilio. Escreveu-se uma carta com as orientações sobre como os gentios deveriam se comportar, após declararem a fé em Jesus. Judas e Silas acompanharam Paulo, Barnabé até Antioquia, com a missão de ler e entregar a carta para os irmãos (At 15.27-29). E, como todo o processo foi conduzido pelo Espírito Santo, a decisão foi recebida com alegria (At 15.31).

A questão central que foi discutida é sobre o viver pela graça e não pela lei. O que significa isso? Significa que quando uma pessoa decide servir a Jesus, basta crer que Ele é o Salvador, que morreu na cruz e ressuscitou. Viver pela graça é aceitar esse presente dado por Deus, crer em Jesus e viver por Ele. Não é necessário se tornar judeu, ou seja, seguir as regras da Lei de Moisés, para crer em Jesus e receber a salvação, “pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus” (Ef 2.8).

Muitos confundem “doutrina” tão somente com o assunto “usos e costumes”, o que é um equívoco, pois esses dois conceitos não são sinônimos (a doutrina é um conceito muito mais amplo). Como exemplo, imagine que no colégio ou na faculdade o professor passou um livro para que os seus alunos lessem e fizessem o resumo com os principais pontos aprendidos. Espera-se que esse “resumo” seja elaborado com base na correta interpretação da fonte (do livro); concorda? Portanto, de modo geral (inclusive no meio acadêmico e secular) uma doutrina “nasce” de uma fiel interpretação daquilo que é a “fonte” (no nosso exemplo, o livro).

Um outro exemplo bem prático, para que entendamos como funciona no mundo real, é o que ocorre no Direito! Têm-se a constituição e as leis como “fontes primárias”, mas é sabido que os textos legais são difíceis e nem sempre o público tem as ferramentas ideais de interpretação. É nesse momento que nasce o doutrinador (geralmente uma autoridade, um grande professor, doutor na disciplina) que realiza a correta e fidedigna interpretação da lei e consolida isso em um livro. A partir de então, aquele livro – com a interpretação e a opinião de uma autoridade – passa a ser considerado uma “doutrina”.

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No Concílio de Jerusalém tínhamos a fonte (a lei) e os apóstolos (as autoridades e os intérpretes, com base no que aprendemos acima). Agora, aprofundando um pouco, poderíamos fazer uma pergunta: “quais foram os valores-fonte que nortearam as interpretações feitas pelos Discípulos”? Eles interpretaram a lei de acordo com os ensinamentos do Senhor Jesus, e principalmente pela sua obra. Resumidamente, eles interpretaram com base na Graça Divina. “Mas professor, o que significa interpretar a lei com base na graça?” Ótima pergunta! Significa que os discípulos interpretaram pela suficiência da salvação em Cristo Jesus. A lei teve grande importância para a nação de Israel, mas temos que entender que o seu principal intuito era servir de aio (guia, condução) até Cristo (palavras do Apóstolo Paulo aos Gálatas, Capítulo 3 versículo 24).

Vocês poderiam perguntar: “Quer dizer então que agora não temos mais a lei”? Entendemos que, para o povo de Israel, a lei exerce também um papel cultural, visto que ao contrário do que muitos pensam, a lei não se resume “aos dez mandamentos”. Existem decretos e estatutos, que somados representam cerca de 613 mandamentos. Nesse sentido, o que se deve esclarecer é que, para o papel de salvação, a lei não é “aplicável”, pois a salvação se dá por meio de Jesus (Rm 7:4)! Ele foi o único que cumpriu a lei! Por não haver Nele condenação, a morte não pôde detê-lo; e por isso Ele ressuscitou; e por ter ressuscitado, venceu a morte; e por ter vencido a morte, tem o poder sobre a vida e sobre a morte; e por ter poder sobre a vida e sobre a morte, pode retirar a condenação do homem e conceder-lhe o direito à vida eterna. Entende a importância do Senhor Jesus para nós? Glória a Deus.

Por fim, apenas para consolidarmos de maneira absoluta o nosso entendimento; quer para os gentios quer para os judeus, a salvação é pela graça, por dom de Deus. O dever da lei, por sua vez, carrega o aspecto cultural, e por isso os judeus mesmo convertidos ao evangelho seguem tradições (tradições essas que não foram passadas aos gentios, como vimos no quadro do tópico dois).

A exemplo disso, temos o evento com Timóteo, quando por prudência foi circuncidado (ler Atos 16:1-4). O apóstolo Paulo deixa claro em muitas ocasiões que não seria a circuncisão o objeto de salvação ou de condenação, mas que por ter uma bagagem cultural, e pela dureza dos corações dos Judeus, assim fez com Timóteo (que estava inserido naquele contexto cultural; por ter mãe judia e pai grego).

Reconhecemos que esse assunto é um tanto complexo, mas com sabedoria devemos instruir os nossos adolescentes para que cresçam na graça e no conhecimento de Deus.

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Portanto, acerca desse tópico, aconselhamos destacar para os alunos os seguintes pontos (o que se deve responder):

• Conceito de doutrina

• Doutrina no mundo secular e no reino de Deus (fiel interpretação)

• O ponto central da discussão no concílio: salvação pela graça x salvação pela lei

• Porque a salvação é pela graça (suficiência no Senhor Jesus, que cumpriu a lei)

• Porque os gentios receberam um tratamento diferente dos Judeus (bagagem cultural)

CONCLUSÃO

O crescimento do número de cristãos entre muitos povos diferentes fez surgir a questão debatida no Concilio de Jerusalém. A decisão final foi guiada pelo Espírito Santo. Ela estava em conformidade com a pregação do Evangelho, feita por Jesus Cristo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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