EBD – O LIVRO DE PROVÉRBIOS: UM CONVITE A SABEDORIA – JOVENS LIÇÃO 1

EBD - O LIVRO DE PROVÉRBIOS UM CONVITE A SABEDORIA - JOVENS LIÇÃO 1

EBD – O LIVRO DE PROVÉRBIOS: UM CONVITE A SABEDORIA – JOVENS LIÇÃO 1

INTRODUÇÃO

O que é a sabedoria? Há um manual para como viver? Como devemos nos relacionar com Deus, com nós mesmos, com a família e com a sociedade? Essas questões farão parte deste trimestre em que o livro de Provérbios é o nosso objeto de estudo.

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I – UM LIVRO PARA A VIDA

1.1. A arte de viver.

Recentemente, estudamos o livro de Salmos. Vimos que esse livro apresenta lições preciosas para a nossa vida espiritual. Diferentemente de Salmos, o livro de Provérbios é um conjunto de conselhos que traz ensinamentos valiosos para a nossa maneira de viver com Deus, com nós mesmos, com a nossa família e com a sociedade em que estamos inseridos. É um livro em que os ensinamentos provêm da revelação do alto, por isso são princípios de fé, e confirmados na experiência de vida dos que vivem de maneira justa e reta (Pv 2.20,21). Logo, o que se encontra no Livro de Provérbios não é uma forma idealizada de vida, mas um ensinamento prático que tem como fonte de inspiração o próprio Deus e, ao mesmo tempo, confirmado por meio do estilo de vida dos justos que vivem para glorificar a Deus. Isso não significa que o livro de Provérbios deve ser lido como uma receita que traz um segredo para cada momento da vida. Muito pelo contrário, Provérbios nos ensina a ser realistas, prudentes e cuidadosos, sabendo que devemos ser instruídos por Deus para caminhar de modo que desenvolvamos uma justa maneira de viver, começando sempre em Deus (Pv 1.7).

O livro de Provérbios representa uma verdadeira fonte de sabedoria para a nossa vida! Ele contempla o rol dos 66 livros bíblicos, o que significa que faz parte do Cânon (é um livro Divinamente inspirado e espiritualmente validado). Pelo fato de trazer muitos conselhos práticos, entendemos que o seu público alvo seja exatamente os jovens (claro que esses conselhos podem alcançar a todos, mas quanto mais cedo tivermos acesso às palavras da Sabedoria, melhor será o nosso viver). Como veremos a seguir, o livro possuiu uma estrutura específica, com narrativas e discursos acerca da experiência do rei Salomão e uma coletânea de provérbios práticos (para o dia a dia). De maneira “poética”, ler o livro de provérbios é como assentar-se em uma bela tarde com a Sabedoria e conversar.

1.2. O que é a sabedoria?

Na Bíblia, a palavra “sabedoria” tem a ver com a habilidade de viver no meio de qualquer circunstância sem perder de vista as virtudes que identificam um modo justo e reto de quem serve a Deus. Isso quer dizer que a sabedoria não está ligada à informação ou ao conhecimento cultural puro e simples, mas à habilidade de aplicar um determinado conhecimento para superar um problema da vida. Por exemplo, a formação acadêmica não tem potência para livrar você dos caminhos da delinquência (Pv 1.11-19), ou dos enlaces de uma sedução (Pv 7.21-23). Mas a sabedoria que vem do alto o instrui e, ao mesmo tempo, cria, de dentro para a fora, instrumentos necessários para fazer com que você rejeite o que é mau e abrace o que é bom e glorifique a Deus (Tg 3.17). Assim, a sabedoria é a habilidade de lidar bem, de acordo com a justa retidão, em nossa relação com Deus, com as nossas as emoções, com a dieta diária, com a sexualidade, com a nossa família, com o próximo, com toda a sociedade e sua estrutura, com o dinheiro e dimensões específicas da nossa existência.

A Sabedoria é uma virtude. Não é meramente um “instrumento” ou algo que foi “criado” apenas para nos servir de apoio. De maneira prática, podemos dizer que a Sabedoria (a verdadeira, a que vem do alto) representa um elemento, ou até mesmo uma Personalidade (uma pessoa). Mais a frente veremos, mas em determinadas partes do livro de provérbios a Sabedoria toma voz e fala ela mesma em primeira pessoa (como que não sendo Salomão quem dizia, mas Ela). Para não ficar uma escrita “enigmática”, podemos entender que a Sabedoria faz parte da própria essência do nosso Deus; no sentido de que Ele é a fonte da verdadeira e genuína Sabedoria (por isso a sabedoria muitas vezes toma a voz no livro de provérbios).

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A título de comparação, como elementos (virtudes) semelhantes à Sabedoria temos, por exemplo, o Amor, a Justiça e a Misericórdia. Perceba que não podemos meramente reduzir tais virtudes como “atributos” (Deus é onisciente, onipresente, onipotente…); mas perceba que esses elementos falam mais sobre uma composição e essência (o ter) do que o fazer em si. Claro que, com sabedoria, podemos fazer muitas coisas (tomar decisões sábias e refletir sobre a verdade dos fatos); mas a Sabedoria em si é uma dádiva de Deus; uma virtude encontrada Nele; e Ele é a fonte.

1.3. Literatura de Sabedoria.

Ao lado de Jó, Eclesiastes e Cantares de Salomão, Provérbios é um Livro classificado no gênero literário de sabedoria ou sapiencial. É um tipo de literatura que se preocupa com a sabedoria prática aplicada diariamente às circunstâncias da vida: Como devemos nos relacionar com Deus? Com nós mesmo? Com nossos pais? Como devemos nos relacionar com o próximo? Diante de uma injustiça, como devemos reagir sem sermos nivelados ao agressor? Diante do sofrimento, como devemos nos relacionar com Deus? Qual é o sentido da vida? Essas e outras questões fazem parte da experiência humana e são devidamente abordadas na coleção de Literatura de Sabedoria e, em especial, no livro de Provérbios, objeto de nosso estudo neste trimestre.

O livro de provérbios integra ao gênero literário de sabedoria, e é classificado também como um dos livros poéticos. O livro de provérbios nos ensina (nas entrelinhas) o que é a sabedoria (o conceito), mas o seu principal objetivo é também nos mostrar o que se pode fazer (ou o que se deve fazer) após ter adquirido a sabedoria.

Na introdução do livro estão listados “os sete objetivos” (reflita e veja se não é algo realmente magnífico): I – Para se conhecer a sabedoria e a instrução; II – Para se entenderem as palavras da prudência; III – Para se receber a instrução do entendimento, a justiça, o juízo e a equidade; IV – Para dar aos simples prudência, e aos jovens conhecimento e bom siso; V – Para o sábio ouvir e crescer em sabedoria; VI – Para o instruído adquirir sábios conselhos; VII – Para entender provérbios e sua interpretação, como também as palavras dos sábios e suas adivinhações.

II – COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DE PROVÉRBIOS

2.1. Provérbios, autoria e data.

Basicamente, podemos dizer que “provérbios” é um “ditado”, ou uma “máxima” que expressa uma verdade geral. Por exemplo: “o cair é do homem, mas o levantar é de Deus”. Embora não esteja na Bíblia, trata-se de um bom ditado popular. Há outros provérbios no contexto secular que expressam uma verdade geral. Entretanto, os que estão presentes na Bíblia são inspirados por Deus e, por isso, contêm um significado mais amplo, não se atendo apenas a uma máxima ou ditado, mas remontando à interpretação de um ensino ético da fé do povo de Israel. Não por acaso, a palavra mashal, “provérbios” em hebraico, tem esse significado mais amplo como destacamos. São máximas ou ditados que expressam verdades as quais servem como princípio de vida correta e justa diante de Deus. Além disso, a autoria do livro de Provérbios é do sábio Salomão (a maioria dos provérbios é de sua autoria), o árabe Agur, outro não israelita, Lemuel, e um autor desconhecido. Esses autores versaram máximas ou ditados, parábolas que expressam princípios divinos que podem ser aplicados ao nosso cotidiano. Já a data aproximada de sua composição é 970 – 700 a.C., antes do exílio dos judeus.

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De maneira ampla e genérica, um provérbio é um “ditado”, que pode ser cultural, popular, religioso, técnico, profissional, setorial; enfim. O que queremos dizer é que não é de imediata associação o termo “provérbio” com os provérbios bíblicos, ou com as palavras da sabedoria. O livro dos Provérbios de Salomão, portanto, representam uma coletânea de “ditados” ou “máximas” cuja fonte – ou quem está ditando – é a própria Sabedoria (seja enquanto inspiração, seja em primeira pessoa). Interessante, não é mesmo?

No que se refere à sua autoria, temos que a maior parte do livro foi escrita pelo rei Salomão, cuja porção de sabedoria foi a maior dentre todos os homens (algo dado por Deus, como a própria bíblia expressa). Além dele, alguns outros autores contribuíram, como o árabe Agur, filho de Jaque; o rei Lemuel (e as palavras da sua mãe) e um outro autor desconhecido.

2.2. A estrutura do livro de Provérbios.

Em primeiro lugar devemos destacar que o livro de Provérbios foi escrito como poesia hebraica. Por isso ele é denominado também de Livro poético. Essa informação é importante para observar as muitas imagens que estão presentes no livro (Pv 7.10-27) por meio de comparações, contrastes e paralelismos como elementos bem peculiares da poesia hebraica. Assim, por se tratar também de um gênero poético, não é possível estabelecer uma organização rigorosamente sistemática. Por isso, para fins didáticos, os estudiosos costumam estruturar o livro de Provérbios em três principais divisões: I – Discursos (1-9); II – Coleções de provérbios (10-29); III – Apêndices (30 e 31). Uma informação de destaque é a autoria e a compilação de Salomão a respeito dos capítulos 1 ao 24 (Pv 1.1; 10.1) ; e a compilação dos capítulos 25 a 29 pelos “homens do rei Ezequias” (Pv 25.1) , embora a autoria seja de Salomão.

A primeira divisão (Caps. 1 ao 9) traz uma introdução (1.1-7) que apresenta o contexto e propósitos do Livro de Provérbios e, em seguida, abre uma série de discursos mais longos que trazem instrução, exortação, advertências, repreensões que estimulam o temor ao Senhor, ilustrado por meio do contraste entre a conduta do sábio e a conduta do ímpio (Caps. 1.8 – 9.18). A segunda divisão (Caps. 10.1 – 29.27) é uma coleção dos provérbios propriamente ditos, ou seja, de máximas ou ditados, em que frases concisas e vivas têm como objetivo instalar-se na memória do Leitor, reforçando o ensino dos discursos presentes da primeira divisão (1.8 – 9.18). E, finalmente, a terceira divisão (Caps. 30 e 31), denominada de apêndice, que reforça toda a sabedoria apresentada ao Longo do Livro, priorizando uma relação reta e justa com o nosso próximo.

Este tópico trouxe informações bem completas e não precisamos repeti-las aqui. O ponto mais relevante que queremos destacar é acerca da distinção entre autoria e a compilação. Salomão é autor dos “capítulos” 1 a 29 (embora livro poético não tenha “capitulo”), mas a compilação por sua parte foi apenas dos capítulos 1 a 24. Os capítulos 25 a 29 foram compilados pelos “homens de Ezequias”, que também foi um rei de Israel.

Ora, em todo império tinha ao menos um cronista e/ou um escriba, que era responsável por registrar todos os fatos relevantes ocorridos ao longo do reinado. Quem sabe (estamos apenas imaginando) esses escritos de Salomão foram encontrados pelos homens de Ezequias; ou até mesmo por eles foram reunidos (como várias partes “perdidas”). Esse trabalho “rendeu” mais quatro capítulos ao total compilado.

Veja que Salomão escreveu mais de 3.000 provérbios (1 Re 4:32); e a coletânea do capítulo 1 ao 29, mesmo com os “achados” dos homens de Ezequias (270 anos depois) nos revela que muitos provérbios ficaram de fora! Ou seja, o total publicado é inferior ao total produzido, conforme o livro dos Reis de Israel.

 

III – CONVITE E CHAMADO À SABEDORIA

3.1. O propósito do Livro de Provérbios (Pv 1.1-7).

O propósito do livro de Provérbios está exposto na introdução do próprio livro. Aqui, destacamos três expressões que revelam esse propósito: “conhecer a sabedoria e a instrução” (Pv 1.2); “para conhecimento e discernimento aos jovens” (Pv 1.4 – NVT); “para o sábio ouvir e crescerem sabedoria (Pv 1.5). Por consequência, aparece duas imagens no final da primeira divisão (1.8 – 9.18): a imagem da insensatez personificada numa mulher que busca seduzir o jovem ingênuo (Pv9.13-18) e a da senhora sabedoria que busca induzir o jovem a adquirir sabedoria e inteligência (Pv 8). Elas são analogias perfeitas da insensatez e da sabedoria respectivamente. Dito isto, podemos afirmar que o propósito do livro de Provérbios é instruir os jovens, moldando o seu caráter de modo que a sua vida seja plenamente coerente entre os valores atemporais de Deus e as circunstâncias temporais de nossa experiência humana. Por isso, um livro tão antigo como o de Provérbios tem muito a dizer a você, pois as questões de que trata são atemporais, eternas; elas não brotam da esfera externa do ser humano, mas das questões do coração que todo jovem apresenta em qualquer contexto que se encontra. O Livro de Provérbios foi escrito para você!

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O livro de provérbios é atemporal, pois as palavras da sabedoria são desde a eternidade. Deus trouxe, através da virtude dispensada sobre Salmão, conselhos práticos e princípios para uma vida plena. Portanto, podemos (devemos) tranquilamente adotar os valores indicados nesse livro, pois servem de baliza especialmente para os jovens.

Ao longo do livro, assim como a Sabedoria se personifica, o pecado também toma forma. Por vezes Salomão chamou a essência do mal de Insensatez (como sendo um gênero que comporta várias espécies de males).

Aliás, acerca disso, gostaríamos de chamar a sua atenção para algumas palavras importantes que aparecem no livro de provérbios! Sabedoria (claro), Insensatez, prudência, diligência, entendimento, conhecimento, honra e ruina. Existem outras, mas destacamos essas como as mais pertinentes. Quando elas aparecem nunca é de maneira “imotivada”.

3.2. Tudo começa em Deus (v.7).

Uma das preciosas lições da introdução do livro de Provérbios é que a tradição bíblica de sabedoria começa em Deus (Pv 1.7). Ela se inicia com “o temor do Senhor”, isto é, a reverência a Deus, o amor para com Ele, a confiança nEle e a humildade como consequência da obediência aos seus mandamentos. Aqui, devemos prestar atenção para a expressão “princípio”. Ela refere-se ao que vem primeiro, às condições elementares para dar qualquer passo adiante. O “temor do Senhor” é a condição elementar para conquistar a sabedoria em relação às coisas de Deus, consigo mesmo, com sua família e na relação com a sociedade. Com efeito, todas as questões de nossa vida, bem como nossa relação com o mundo em que vivemos, estarão organizadas quando a nossa relação com Deus estiver em ordem e coerência com Ele. Não há atalhos. Tudo começa em Deus!

Quando Salomão escreve que “O temor do Senhor é o Princípio da Sabedoria”, temos que entender que essa afirmação traz consigo dois potenciais indicativos. Vejamos cada um deles!

  • Indicativo um: o primeiro (principal) sinal de sabedoria de um homem é o reconhecimento do Senhor como Deus; e consequentemente agora, do Senhor Jesus como o seu salvador. Em outras palavras, é impossível alguém ser considerado sábio se ele não reconhece a grandeza de Deus. Isso é principiológico.

  • Indicativo dois: a sabedoria está com Deus. Se alguém seja ter um encontro com a sabedoria, o princípio desse caminho é o temor do Senhor. Ele é a fonte da virtude.

3.3. Escolha a sabedoria (Pv 1. 20-23).

No versículo 20, a sabedoria está personificada numa mulher que “clama de fora”, isto é, ela clama nas ruas, nas avenidas, nas praças ou em qualquer Lugar que o jovem esteja; e os confronta de maneira muito direta: “Até quando vocês serão ingênuos, insistirão em sua ingenuidade” (Pv 1.22 – NVT). O ingênuo aqui, ou o néscio, é aquele que carece de prudência e entendimento, não tem convicção própria e, por isso, segue o caminho de qualquer insensato (Pv 14). A Sabedoria Bíblica revelada em Deus faz com que o jovem cristão seja responsável pelas sua vida diante dELe, bem como diante dos homens (Pv 1.23). Nesse sentido, o livro de Provérbios nos convida a amadurecer, a fim de trilhar o caminho da prudência e da responsabilidade. Provérbios deseja forjar um caráter divino dentro de você.

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O Versículo 22 do capítulo 1 de Provérbios traz consigo uma repreensão da Sabedoria, dizendo: “Até quando, ó néscios, amareis a necedade?”. E ainda acrescenta (a Sabedoria, enquanto virtude, em primeira pessoa): “Convertei-vos pela minha repreensão; eis que abundantemente derramarei sobre vós meu espírito e vos farei saber as minhas palavras” (Pv 1:23).

Perceba que o livro de Provérbios traz consigo a figura do “homem simples”. Essa “simplicidade” não se confunde com a modéstia ou com a humildade. Ela está mais próxima da mediocridade ou da necedade (do homem Néscio). Segundo Salomão, o “homem simples” seria aquele que é facilmente manipulável, porque não é conhecedor da verdade; ou seja, não possui uma referência ou apoio para o seu entendimento (homem sem instrução; ou vazio de virtudes; ou sobremaneira ingênuo). Nesse sentido, um dos principais propósitos dos Provérbios é trazer maturidade e instrução da verdade.

CONCLUSÃO

Nesta lição, introduzimos o estudo ao livro de Provérbios, vimos algumas particularidades desse livro sagrado, sua organização e propósito. Entretanto, o mais importante é atender ao convite e ao chamado que o livro nos faz para viver em sabedoria. Então, você deseja crescer em sabedoria?

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