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EBD – O Livro de Rute – Lição 2 Adulto

EBD – O Livro de Rute – Lição 2 Adulto

A mensagem central desta obra é o amor de Deus e o Seu plano de redenção da humanidade. Ao apresentar Boaz e Rute como figuras representativas de judeus e gentios, a história do casal é um prenúncio de que chegaria o dia em que Deus derrubaria a parede de separação entre ambos os povos e, finalmente, a salvação estaria disponível a todo aquele que crer (Jo 3.16).

TEXTO ÁUREO

“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá Elimeleque saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, Noemi, e seus dois filhos.” Malom e Quiliom. (Rt 1.1). Momentos de crise e dificuldades muitas vezes nos leva a toma decisões precipitadas, se não buscarmos a orientação divina podemos complicar as coisas ainda mais.

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VERDADE PRÁTICA

Servir a Deus não nos isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel, confiando na providência divina. Tempestades e bonança surgem na vida de todo homem, o importante é ficarmos na posição de servos fieis, sabendo que Deus está no controle de tudo.

LEITURA DIÁRIA

Segunda – Rt 1.1; 4.21-22

O contexto do Livro de Rute remete aos juízes. 1 E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos. 21 e Salmom gerou a Boaz, e Boaz gerou a Obede,

22 e Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi.

Terça – Jz 1.7-19

Um contexto de anarquia e infidelidade do povo hebreu. 7 Então, disse Adoni-Bezeque: Setenta reis, com os dedos polegares das mãos e dos pés cortados, apanhavam as migalhas debaixo da minha mesa; assim como eu fiz, assim Deus me pagou. E o trouxeram a Jerusalém, e morreu ali. 19 E foi o SENHOR com Judá, e despovoou as montanhas; porém não expeliu os moradores do vale, porquanto tinham carros de ferro.

Quarta – Jz 2.7-13; 3.5-7

Israel atraído à idolatria dos cananeus. 7 E serviu o povo ao SENHOR todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que prolongaram os seus dias depois de Josué e viram toda aquela grande obra do SENHOR, a qual ele fizera a Israel. 13 Porquanto deixaram ao SENHOR e serviram a Baal e a Astarote. 5 Habitando, pois, os filhos de Israel no meio dos cananeus, e heteus, e amorreus, e ferezeus, e heveus, e jebuseus,

6 tomaram de suas filhas para si por mulheres e deram aos filhos deles as suas filhas; e serviram a seus deuses.

7 E os filhos de Israel fizeram o que parecia mal aos olhos do SENHOR, e se esqueceram do SENHOR, seu Deus, e serviram aos baalins e a Astarote.

Quinta – Sl 103.8; Jl 2.13; Rm 2.4

Longanimidade e misericórdia de Deus. 8 Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade. 13 E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência e se arrepende do mal.

Sexta – Gn 49.10

O cetro não se afastará da tribo de Judá. 10 O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.

Sábado – cf. Ef 2.11-16

Boaz e Rute: O prenúncio da derrubada da parede de separação. 11 Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; 12 que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Rm 9:4;

13 Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.

14 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio,

15 na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz,

16 e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.

Hinos Sugeridos: 33 – 459 – 511 da Harpa Cristã

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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Rute 1.1- 5

1- E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.

2 – E era o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali.

3 – E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos,

4 – os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.

5 – E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.

PLANO DE AULA

1-INTRODUÇÃO

O Livro de Rute conta uma história muito bonita entre nora e sogra. Rute, a nora, amou singelamente a sua sogra, Noemi. Após o falecimento do esposo de Rute, filho de Noemi, este orientou a sua nora a retornar à terra nativa, Moabe. Rute, a moabita, não concordou em deixar a sua sogra, de modo que a seguinte declaração mostra a profundidade do compromisso dela com a mãe de seu saudoso esposo: O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus (Rt 1.16). Nesse contexto, contemplamos a maneira que Deus preserva a história de pessoas que permanecem fieis apesar das circunstâncias. Por isso, nesta lição, temos o objetivo de apresentar um panorama do Livro de Rute e seus principais temas.

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2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Fazer a análise da organização do Livro de Rute;

II) Remontar o contexto histórico do Livro de Rute;

III) Apresentar o propósito e a mensagem do Livro de Rute.

B) Motivação:

A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal traz um relato que serve de motivação para a aula desta semana: “Quando conhecemos Rute, ela é uma viúva sem perspectiva de vida. Acompanhamos sua união com o povo de Deus, a colheita no campo e o risco de sua honra na eira de Boaz. Finalmente a vemos tornar-se esposa dele. Um retrato de como chegamos a Cristo. Começamos sem esperança e somos estrangeiros rebeldes sem parte no reino de Deus. Então […] Deus nos salva, perdoa, reconstrói nossa vida. […]. A redenção de Rute através de Boaz é um retrato da nossa remissão através de Cristo”.

C) Sugestão de Método:

Para introduzir esta aula, apresente o esboço do Livro de Rute. Explique que o livro está estruturado nos seguintes pontos:

1) A Adversidade de Noemi (1.1-5)

2) Noemi e Rute (1.6-22);

3) Rute conhece Boaz no campo (2.1-23);

4) Rute vai até Boaz na eira (3.1-18);

5) Boaz se casa com Rute (4.1-13);

6) A bênção e realização de Noemi (4.14-17);

7) A história da família – de Perez a Davi (4.18). Você pode reproduzir esse esboço no data show, na lousa ou até mesmo em Cartolina. Pode também, por meio das Bíblias de Estudo, Pentecostal ou Aplicação Pessoal, aprofundar a sua pesquisa e apresentar um quadro mais completo do livro aos alunos. O ponto aqui é que você esteja consciente da necessidade de apresentar a estrutura do livro por meio de esboço com o objetivo de sua classe compreender melhor o desenvolvimento da história sagrada de Rute.

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação:

O Livro de Rute nos apresenta um quadro grandioso de superação de uma mulher diante de uma situação desoladora. Com o livro aprendemos que não importa quão devastadora ou desafiadora possa ser a nossas circunstâncias, pois a nossa esperança está centrada em Deus que tem os recursos infinitos para nos disponibilizar.

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão.

Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, revistas e subsídios de apoio à lições Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais:

Ao final do tópico, você encontrará auxílios que ajudarão a aprofundar a reflexão sobre o tema.

1) O texto “Rute”, localizado depois do primeiro tópico, destaca o significado do seu nome e o propósito espiritual da obra;

2) O texto “Compromisso com a Aliança”, ao final do terceiro tópico, demonstra como os conceitos de aliança, concerto e fidelidade estão presentes no livro de Rute.

INTRODUÇÃO

O livro de Rute se destaca não apenas por sua beleza literária mas, principalmente, pela profundidade espiritual de sua mensagem. Fonte de inspiração para judeus e cristãos ao longo dos séculos, o livro narra uma história de amizade, amor e redenção. Uma extraordinária demonstração de como o Todo-poderoso trabalha em meio às crises para cumprir seus desígnios eternos. Ele transforma tristeza em alegria, perdas em ganhos, derrotas em vitórias. Não há dúvida de que o agir providencial de Deus é o que mais marca a narrativa belemita. Rute nos apresenta Jeová-Jireh, o Deus que provê (Gn 22.14). 14 E chamou Abraão o nome daquele lugar o SENHOR proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do SENHOR se proverá.

Jeová-Jireh é o Deus que tudo provê para Noemi e Rute, inclusive um remidor, Boaz, e um herdeiro, Obede, prolongador da semente de Elimeleque, da linhagem de Davi (Rt 4.13-22).

Palavra-Chave: Providência

I – A organização do Livro

1. Na Bíblia Hebraica.

O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica, que é composta apenas dos livros do Antigo Testamento da Bíblia Cristã. Essa terceira seção é chamada Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos Sagrados). A primeira seção é a Torá (Pentateuco ou lei) e a segunda é a Neviim (Profetas) (Lc 24.4à. Dentre os Escritos, que são onze livros, estão os Megillot (cinco rolos), livros curtos lidos publicamente nas festas judaicas anuais: Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Em função de narrar fatos ocorridos durante a colheita, a leitura litúrgica de Rute era tradicionalmente feita durante o Shovuot (Pentecoste), a festa da colheita. Como vemos aqui estudiosos judeus estabeleceram uma ordem padrão para os livros do Antigo Testamento. Essa padronização resultou na formatação conhecida como Tanakh, que é a Bíblia hebraica, dividida em três partes:

  • Torá (Lei): Inclui os cinco primeiros livros, como Gênesis e Êxodo.
  • Nevi’im (Profetas): Contém livros como Josué, Juízes e os profetas maiores e menores.
  • Ketuvim (Escritos): Inclui uma variedade de livros, como Salmos, Provérbios e Rute.

2. Na Bíblia Cristã.

Enquanto a Bíblia Hebraica está dividida em três seções (Pentateuco, Profetas e Escritos), o Antigo Testamento da Bíblia Cristã é composto de quatro: Pentateuco, Poéticos, Históricos e Proféticos. Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo. Mas é identificado também por sua extraordinária beleza poética. Empregando estilo e linguagem próprios do hebraico clássico, o autor expõe aspectos subjetivos da vida dos personagens (Rt 1.12-21; 2.13,20; 3.1; 4.16). A obra está organizada em quatro capítulos, somando 85 versículos. Na Bíblia cristã, o livro de Rute está entre os livros históricos. Especificamente, Rute está posicionado após o livro de Juízes e antes de 1 Samuel. Esta organização reflete a sequência cronológica dos eventos:

  • Juízes: Relata o período dos juízes que governaram Israel antes da monarquia.
  • Rute: Embora seja uma história pessoal e familiar, ocorre durante o tempo dos juízes e serve como uma ponte para a história de Davi.
  • 1 Samuel: Inicia a narrativa dos primeiros reis de Israel, começando com Saul e, posteriormente, Davi, que é descendente de Rute.

3. Autoria e data.

Há uma diversidade de opiniões entre os eruditos acerca da autoria e data do Livro de Rute. O autor do livro de Rute é desconhecido. O texto bíblico não fornece nenhuma indicação direta de quem o escreveu. Samuel é o autor mais provável. O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. De acordo com a tradição, alguns atribuem a autoria a Samuel, o profeta, devido à sua conexão com o período dos Juízes e à importância da genealogia de Davi, destacada no livro.

No entanto, essa atribuição é conjectural e não tem respaldo explícito nas Escrituras. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi, parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17). Além disso, as características gerais da obra indicam uma atmosfera própria do início do período da monarquia de Israel. Sendo assim, o livro teria sido escrito no século X a.C. Estudiosos propõem que o livro de Rute foi escrito durante o período da monarquia unida de Israel (cerca de 1000 a.C.), possivelmente no século X a.C., quando a genealogia de Davi tinha um significado especial e a narrativa de Rute servia para legitimar e enaltecer a ascendência do rei Davi.

O livro de Rute também pode ter sido escrito com propósitos teológicos e sociais específicos. Em um tempo onde havia discussões sobre a pureza étnica e a inclusão de estrangeiros na comunidade de Israel, a história de Rute, uma moabita, destacando sua lealdade a Noemi e sua aceitação plena na sociedade israelita, serviria como um poderoso argumento a favor da integração e aceitação de estrangeiros fiéis ao Deus de Israel.

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SINOPSE I

Rute está categorizado como um livro histórico por causa do seu evidente gênero narrativo.

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

“RUTE – O livro de Rute traz o nome de uma das principais personagens do livro. Rute era viúva de Malom, nora de Noemi e, por fim, esposa de Boaz. A etimologia de seu nome não é clara, embora alguns tentem ligar o nome a amizade” (heb. re’ut) ou a “associando-se com ou vendo” (heb. ra’ah). Apesar de Rute ser mencionada (com frequência especificamente como “a moabita”) várias vezes nas páginas desse livro e mais uma vez na genealogia do Messias (Mt 1.5), é surpreendente que esse livro notável traga seu nome no título. Rute não era israelita; como moabita, era de uma nação que odiava Israel. Alguns não consideram Rute a personagem principal do livro; contudo, os eventos do livro ficam definitivamente na redenção ilustrada primeiro em sua rejeição dos deuses pagãos de Moabe a fim de se comprometer com Iavé, o Deus de Israel.

A história continua através da união com Boaz, o parente remidor, pondo-a na genealogia do rei Davi – o maior rei de Israel. Ela, por intermédio de Davi, passou a fazer parte da linhagem de Jesus Cristo, o futuro “Filho de Daü” guê, por fim, redimiria seu povo. A graciosa redenção de Deus foi desvelada, e sua fiel providência e libertação foram reveladas na história de Rute. O livro traz seu nome ao longo das gerações, e sua história resolve sem sombra de dúvida a preocupação amorosa de Deus com as mulheres e seu compromisso absoluto de santificar o casamento e a proeminência da família” (Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2o22, p.469).

II – O contexto Histórico

1. No tempo dos juízes.

Não há uma data precisa para os fatos narrados em Rute. O que sabemos é que ocorreram três gerações antes de Davi, nos dias dos juízes (Rt 1.1; 4.21,22). Esse período (dos juízes) durou mais três séculos. Começou depois da morte de Josué (por volta de 1375 a.C.) e se estendeu até o início da monarquia de Israel, com a ascensão de Saul ao trono (1050 a.C.). Foi marcado por uma grande anarquia e uma profunda apostasia e infidelidade do povo hebreu (Jz 1.7-19). O período dos juízes foi marcado por ciclos repetitivos de desobediência, opressão, arrependimento e libertação. O povo de Israel constantemente se desviava dos caminhos de Deus, adorando deuses pagãos e se envolvendo em práticas idólatras, o que resultava em opressão por nações vizinhas. Quando o povo clamava a Deus em meio ao sofrimento, Ele levantava juízes para libertá-los.

No entanto, após a libertação, a nação frequentemente voltava a se afastar de Deus, reiniciando o ciclo. Uma frase que identifica bem aquela época sombria é: “cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos” (Jz 17.6). Sem uma sábia direção, o povo perece (Pv 11.14). 14 Não havendo sábia direção, o povo cai, mas, na multidão de conselheiros, há segurança. O livro de Rute se destaca nesse contexto como uma história de fidelidade e redenção. Em meio à escuridão espiritual, Rute, uma moabita, demonstra uma fé notável em Deus e um compromisso profundo com sua sogra, Noemi. Portanto, essa narrativa oferece uma contraposição à infidelidade generalizada dos israelitas, destacando a importância da lealdade, do amor e da providência divina.

2. Secularismo, hedonismo e idolatria.

Depois da morte de Josué e dos demais líderes de seu tempo, levantou-se uma geração que não tinha uma profunda comunhão com Deus e não conhecia o que Ele havia feito ao povo hebreu. Como é triste quando o crente desconhece os grandes feitos do seu Deus. Israel cedeu ao estilo de vida pecaminoso dos cananeus e foi atraído à adoração dos seus deuses (Jz 2.7-13; 3.5-7). Secularismo e hedonismo sempre levam a grandes tragédias morais e espirituais. O secularismo, que é uma postura que coloca os interesses e valores seculares acima dos princípios religiosos.

É uma cosmovisão e um estilo de vida que se inclina para o profano mais do que para o sagrado, o natural mais do que o sobrenatural, levou o povo de Israel a uma postura de indiferença em relação a Deus e aos Seus mandamentos. O hedonismo, a busca incessante pelo prazer como principal objetivo da vida, contribuiu para a decadência moral de Israel.

O pervertido culto a Baal (o deus da chuva) e a Astarote (a deusa do sexo e da guerra) passou a ser praticado pela nação hebreia, em um degradante nível de imoralidade e idolatria. Os cultos a Baal e Astarote não eram apenas rituais religiosos, mas envolviam práticas sexuais imorais e, muitas vezes, violentas. Essas práticas perverteram a visão do povo sobre a santidade do casamento e da sexualidade, resultando em uma sociedade marcada pela promiscuidade e pela degradação moral.

A idolatria trouxe consigo uma série de maldições e juízos, pois Deus não podia abençoar um povo que rejeitava Sua soberania e Seus preceitos. A falta de uma liderança espiritualmente madura e temente a Deus causa prejuízos incalculáveis ao povo. No Reino de Deus, não basta ter carisma dom para liderar; é preciso ter caráter aprovado (1 Tm 3.2-13; 2 Tm 2.15; Tt 2.7,8). A ausência de líderes piedosos levou Israel a um ciclo de pecado e opressão, pois sem uma direção firme e baseada nos princípios divinos, o povo se perdia facilmente.

3. Opressão, clamor e livramento.

A apostasia tornou Israel presa fácil de seus inimigos, que atacavam e saqueavam suas cidades e terras, e mantinham o povo sob domínio opressor por longos períodos (Jz 3.7-9; 8 anos oprimidos por Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia; 12-14; 18 anos oprimidos por Eglom, rei dos moabitas 4.1-3; 20 anos oprimidos por Jabim, rei de Canaã 6.1-6).7 anos oprimidos pelos midianitas. Esses períodos de opressão e clamor por livramento nos tempos dos juízes não apenas revelam a justiça de Deus ao disciplinar seu povo por sua infidelidade, mas também demonstram sua fidelidade em responder aos clamores daqueles que se voltam para Ele em arrependimento.

Afligida, a nação clamava a Deus, e o Senhor levantava juízes para libertar o seu povo. Em diversas ocasiões, quando os israelitas se afastavam dos caminhos de Deus e nações inimigas os dominavam devido à sua desobediência, Deus não os abandonava completamente. Ao contrário, Ele ouvia seus lamentos e enviava juízes para libertá-los, mostrando seu desejo constante de restaurar seu relacionamento com seu povo escolhido.

Esses juízes (heb. shophetim) não eram magistrados civis, como os que conhecemos hoje, que julgam em fóruns e tribunais. Eram libertadores geralmente líderes militares, como Otniel, Baraque e Gideão (Jz 3.9-11; 4.1o-15; 7.16-25) –, poderosamente usados por Deus para “julgar” a causa de Israel, livrando-o de seus opressores. Esses episódios são um lembrete para os crentes hoje de que, mesmo em tempos de apostasia e sofrimento pessoal, Deus permanece pronto para ouvir, perdoar e restaurar aqueles que sinceramente se voltam para Ele.

Apesar dos repetidos ciclos de infidelidade da nação, Deus ouvia o gemido do seu povo em seus momentos de dor e aflição (Jz 2.18). O Senhor é longânimo e cheio de misericórdia (Sl 1o3.8; Jl 2.13; Rm 2.4; Lm 3.22). Ele ouve os que a Ele clamam (Jr 29.12,13; Is 55.6). A obediência aos mandamentos de Deus e a confiança contínua em sua providência são fundamentais para experimentarmos sua graça e intervenção em nossas vidas.

SINOPSE II

Os fatos narrados em Rute têm como contexto maior os dias dos juízes, caracterizados pela frase: “cada um fazia o que bem queria”.

III – Propósito e Mensagem

1. O cetro de Judá.

Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf . Rt 4.18 -22). Para entender o propósito e a mensagem do Livro de Rute, é preciso explorar o significado do “cetro de Judá” nas Escrituras. Gênesis 49.10 diz: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”.

Essa profecia aponta para um líder e governante que viria da linhagem de Judá, estabelecendo uma promessa messiânica que se cumpriria em Jesus Cristo, o Messias esperado. Embora Rúben fosse o primogênito de Jacó, seu ato de desonra ao leito do pai, deitando-se com sua concubina, fez com que perdesse a primogenitura – a posição de liderança (Gn 35.22; 49.4).

A promessa feita a Abraão seguia, agora, pela descendência de Judá. A liderança e a promessa de bênção passaram para Judá, e Davi, o rei ungido por Deus, continuou sua linhagem. Sendo Samuel o autor do livro de Rute, o propósito de registrar a genealogia de Davi ganha ainda mais sentido, já que naquele tempo o rei de Israel era Saul, um benjamita (1Sm 9.1,2; 25.1). O Livro de Rute, ao traçar a genealogia de Davi através de Boaz e Rute, demonstra a providência de Deus em usar pessoas comuns para cumprir Seus propósitos redentores. A ancestralidade ou as gerações anteriores de Davi o legitimava autenticava para o trono. Enquanto Saul, da tribo de Benjamim, era o rei reinante na época, Davi era o escolhido de Deus, de acordo com a promessa feita a Judá séculos antes.

2. Amor e redenção.

A mensagem principal de Rute é o amor de Deus e seu plano de redenção da humanidade. Em Rute, vemos também a redenção tanto literalmente quanto tipologicamente. Como representantes de judeus e gentios, respectivamente, Boaz e Rute prenunciam a derrubada da parede de separação (Ef 2.11-16). 11 Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pela mão dos homens;

12 que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Rm 9:4;

13 Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.

14 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, Is 9:6; Mq 5:5; Jo 16:33; At 10:36; Rm 5:1; Cl 1:20;

15 na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz,

16 e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.

A redenção é vista, o livro, nos sentidos literal e tipológico. Boaz é o parente remidor que preservou a descendência de EIimeleque, mas é, também, um tipo de Cristo, nosso Redentor (Is 59.20; Lc 1.68; Ef 1.7; Tt 2.14). Assim como Boaz resgata e restaura Rute e Noemi, Cristo redime e restaura toda a humanidade através de seu sacrifício na cruz. Os paralelos entre Boaz e Cristo são evidentes: ambos demonstram um amor sacrificial, ambos exercem autoridade para salvar aqueles que estão perdidos e ambos têm o poder de transformar vidas através de sua graça redentora.

Assim como Boaz eleva Rute da condição de viúva e estrangeira para a posição de honra e bênção, Cristo eleva os pecadores da alienação espiritual para a reconciliação com Deus e a herança da vida eterna.

3. Fidelidade e altruísmo.

O livro de Rute abre uma janela que nos permite ver que nem tudo eram trevas nos dias dos juízes. Em um período marcado por apostasia e iniquidade generalizada (Jz 21.25), Rute e Noemi se destacam como exemplos de fidelidade a Deus e altruísmo, ajuda, amparo, em uma sociedade onde o egoísmo prevalecia. Havia um remanescente fiel, que temia a Deus e foi usado por Ele para cumprir seus propósitos (Jó 42.2). Em um mundo de crescente iniquidade, o justo vive pela fé (Hc 2.4; cf. Mt 24.12,13).

Rute, uma estrangeira entre o povo de Israel, escolhe abraçar não apenas Noemi, mas também a fé e o Deus de Israel. Outra eloquente mensagem do livro é o valor do altruísmo em que predominava o egoísmo. Nos dias dos juízes, a maioria vivia segundo os seus próprios padrões e interesses (Jz 21.25). Noemi e Rute destoaram dessa máxima a conduta o pensamento individualista egoísta. Sogra e nora não pensavam em si mesmas. Noemi, apesar de ter perdido seu marido e filhos em uma terra estrangeira, demonstra um compromisso profundo com sua nora Rute. Ela encoraja Rute a retornar à sua própria terra e buscar um futuro seguro, mesmo que isso signifique deixar Noemi sozinha.

No entanto, Rute se recusa, declarando sua lealdade e afeto por Noemi em palavras que se tornaram famosas: “Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). O amor não é egoísta (1Co 13.5).

SINOPSE III

O Cetro de Judá, o Amor, a redenção, a fidelidade e o altruísmo são temas que se destacam ao longo do livro.

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

“COMPROMISSO COM A ALIANÇA

Deus demonstrou sua lealdade à aliança ao derramar sua benevolência (heb. chesed, uma palavra que engloba amor, gentileza benevolência, misericórdia, graça, lealdade e fidelidade; veja 1.8; 2.20; 3.1) não só para com Noemi de Belém, mas também para com Rute, a moabita. Boaz também demonstrou lealdade à aliança em sua disposição de ser o parente remidor de Rute e Noemi. O ‘concerto’, ou aliança, embora não seja mencionado no livro, está subjacente a tudo, começando com o compromisso de Rute com o Deus de Noemi (1.16,17). A lealdade amorosa, o serviço fiel e o espírito obediente de Rute são fundamentais para o compromisso. Todavia, ainda mais importante é o fato de que Iavé Deus, sempre fiel, jamais se esquece das promessas feitas a Israel” (Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher Antigo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.472).

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CONCLUSÃO

O livro de Rute nos ensina que, a despeito da incredulidade e dos pecados do homem, Deus sempre trabalha para cumprir os seus desígnios. É o Deus que estar sempre presente na vida dos seus filhos. Sem violar o princípio do livre-arbítrio humano, o Todo-poderoso conduz a história e executa seu plano eterno de redenção. Trabalhando sempre na vida daquele que nele espera. O livro também nos mostra como a fidelidade de Deus se aplica às circunstâncias comuns da vida. Em tudo Ele é fiel (Is 64.4). 4 Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera.

REVISANDO O CONTEÚDO

1- Como o livro de Rute é classificado na Bíblia Hebraica?

O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia Hebraica: Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos).

2- Como e por que o livro é categorizado na Bíblia Cristã?

Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero narrativo.

3- Que evidências apontam para a autoria de Samuel?

O Talmude, obra milenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a ele a autoria. A forma como o autor se refere a Jessé e Davi parece indicar contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que também aponta para Samuel (Rt 4.17).

4- Qual o contexto histórico de Rute?

O tempo dos Juízes.

5- Qual a principal mensagem do livro?

Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e mais evidente deles é apresentar Davi como descendente de Judá, a tribo real da qual viria o Messias, “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” (Ap 5.5; cf. Rt 4.18 -22).

A diferença entre o Talmude e a Torá

Enquanto a Torá compõe os ensinamentos de Deus ao povo, o Talmude é um livro judeu composto pelos sermões, debates e discussões entre os rabinos, líderes da religião judaica, quanto aos ensinamentos que eram dados na Torá oral.

Secularismo. Doutrina que ignora os princípios espirituais na condução dos negócios humanos; materialismo, humanismo.

É uma postura que coloca os interesses e valores seculares acima dos princípios religiosos. É uma cosmovisão e um estilo de vida que se inclina para o profano mais do que para o sagrado, o natural mais do que o sobrenatural.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pr. Jeovane Santos: Pr. Jeovane Santos da Igreja Assembleia de Deus na Bahia, Bacharel em Teologia, Pedagogo, Licenciado em Matemática, Pós Graduado em Gestão, Autor do Livro Descomplicando a Escatologia, Criador do Canal Descomplicando a Teologia no YouTube e do Curso Completo Para Professores da EBD

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