EBD – OS DIFERENTES TIPOS DE AMOR – LIÇÃO 2 JUVENIS
CONECTADO COM DEUS
Fomos criados por Deus para viver o amor em toda a sua extensão, no sentido puro da palavra. Hoje vamos conhecer três tipos de amor definido peta Língua Grega. Desses três tipos, precisamos priorizar o amor de Deus (agápe). Cultivar este amor em nossos corações como verdadeiros cristãos. E este amor que nos permite amar como Cristo, capacitando-nos a amar a obra missionária, os pecadores, a obra de Deus, as crianças em situação de rua, os mendigos, os colegas de trabalho ou da escola, e a maioria das pessoas com quem convivemos. É este amor que sentimos pelos membros da igreja, e que podemos nutrir até mesmo pelos nossos inimigos.
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Há, pelo menos, três tipos de amor definidos pela Língua Grega: eros, phileõ e agápe. Já na Língua Portuguesa, usamos a mesma palavra para traduzir as diferentes variações da palavra ‘amor’ no grego. A seguir, discorreremos a respeito do significado de cada uma delas.
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AMOR – EROS
1.1. Definição de Eros
Eros ê uma palavra grega que significa “amor romântico, desejo sexual e passional”. É o amor físico originado nos sentidos naturais, instintos e paixões. Esse aspecto do amor humano é citado no livro de Cantares de Salomão. Sua presença é importante na relação entre marido e mulher no que diz respeito às sensações físicas. Esse amor é baseado no que a pessoa vê e sente, portanto ele pode se tornar egoísta, temporário e superficial, e consequentemente pode tornar-se pecado.
O eros (έρως) é um dos três amores segundo a concepção grega, sendo que o seu aspecto semântico está direcionado especificamente para o amor romântico. Falar em “romance” é algo muito amplo, concorda? Abrange coisas boas e lícitas como coisas más e ilícitas. Nesse sentido, o eros abrange uma lógica “boa”, enquanto controlado; mas também uma lógica má e destrutiva. Nos tópicos seguintes veremos esses dois aspectos.
1.2. Eros em seu aspecto negativo
A filosofia fala a respeito do amor eros como o desejo ardente por algo que não possui. Partindo desse pressuposto, tem-se o exemplo de Davi um homem segundo o coração de Deus, que cometeu adultério com a esposa de Urias, um de seus soldados fiéis, e depois o matou, porque seguiu insaciavelmente suas paixões em busca de possuir o que não tinha, trazendo tragédia para sua família e para o reino (2 Sm 11.1-27).
O eros no seu aspecto negativo revela “a busca pelo amor impossível”, como que sendo esse amor “o verdadeiro” (só que impossível). O autor britânico C. S. Lewis escreve sobre o eros em sua obra “os quatro amores”; e ali ele cita que o perigo desse “amor” reside na capacidade de despertar no homem o sentimento de “vale tudo pelo amor”, o que levaria o homem a fazer promessas impossíveis de serem cumpridas. Em um estágio avançado, o eros se tornaria como um deus (o autor cita em caráter demoníaco) que se apossa dos sentidos do homem (do senso de realidade), aprisionando-o em cadeias emocionais ilusórias. Deixaremos uma citação do livro: “É na grandeza do Eros que as sementes do perigo estão escondidas. Ele fala como um deus. Seu total compromisso, seu total desapego da felicidade, seu total desprendimento consigo mesmo, tudo isso parece a mensagem de um mundo eterno” (LEWIS, Os quatro amores – Eros).
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1.3. Eros em seu aspecto positivo
Observando o amor eros pelo aspecto positivo, vemos a sua importância biológica e social para a existência da humanidade. Ele contribui para o cumprimento do mandamento divino quando Deus ordenou, no Éden, ao homem e a mulher “frutificai e multiplicai-vos” (Gn 1.28). Este amor é um presente de Deus e uma bênção, quando vivido de forma sadia e equilibrada dentro do casamento.
O eros também pode abrigar um sentido grandioso, desde que norteado por virtudes e boas decisões. A união entre um homem e uma mulher, de maneira recíproca e pura, de modo que agora não são mais dois, mas um; e através dessa união ser possível frutificar e produzir mais vida. Sim, esse é o sentido mais belo e poético: uma vida gerando outra vida.
Claro que estamos vendo o eros sob a ótica do pensamento grego (que realiza essa divisão dos amores), mas para nós, cristãos, seria o caso de viver os propósitos do Senhor através de um casamento honrado. Uma união onde o Senhor é o centro (uma vez que a fonte mais pura do amor está com Ele).
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AMOR – PHILEÕ
2.1. Definição de Phileõ
O termo grego phileõ é geralmente traduzido para o português como “amizade ou amor fraternal”, sem nenhuma conotação sexual. Ele também se estende às relações entre os membros da família. Então, phileõ é o amor que abrange tanto amigos quanto parentes. Esse tipo de amor surge da convivência, seja na família e igreja, seja escola ou trabalho, lugares onde há pessoas com as quais possuímos maior identificação.
O termo Phileõ ou Philia (φιλíα) seria um tipo de amor, especificamente o fraternal ou amizade. O filósofo Aristóteles traz alguns exemplos de φιλíα: amigos para toda a vida; pais e crianças; membros de uma mesma sociedade religiosa (ou tribo); contatos de negócio; contatos políticos; companheiros de viagens; entre outros. Perceba que não existe um “nicho” específico para tratar de Philia; varia desde uma relação interpessoal no trabalho (trazendo para os dias atuais) ou uma relação de irmãos.
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Segundo a filosofia grega, a ideia de Philia é subdividida em três classes: I – Amor para o que é bom; II – Amor para o que é útil; III – Amor para o que é agradável. Ou seja, por haver uma relação de agradabilidade e utilidade, e não apenas de bondade ou altruísmo, o Phileõ pode ser bom ou ruim (verdadeiro ou falso); por ser (também) “circunstancial”.
2.2. Phileõ em seu aspecto negativo
O amor manifesto na forma phileõ é falho, porque é limitado e pode agir por conveniência. Como por exemplo o amor de Pedro por Jesus, quando lhe foi conveniente, negou sua amizade com o Mestre três vezes e depois se arrependeu amargamente (Mt 26.6975). Outro aspecto desse amor é que ele se direciona apenas àqueles com quem há identificação, portanto, é um amor humano limitado, seletivo e egoísta — somos amigáveis apenas com aqueles que são amigáveis conosco. Amamos se somos amados (Lc 6.32).
O Phileõ enquanto “conveniência” (como trouxe o tópico 2.2) seria o caso de estar agindo (ou demonstrando esse sentimento) apenas de maneira circunstancial; ou seja, não é um sentimento incondicional, pois depende do contexto (e por isso é falho). Por exemplo, temos a demonstração de “amizade” no contexto político, onde a cordialidade existiria não necessariamente porque todos ali se amam; mas por precisarem do “favor” uns dos outros.
2.3. Phileõ em seu aspecto positivo
Esse amor fraterno é fundamental para as relações humanas, mas depende de uma relação reciproca, ou seja, somos amigos daqueles que são nossos amigos e amorosos com aqueles que também nos amam. Essa característica torna esse tipo de amor inferior ao amor agápe. Uma das grandes histórias de amizade da Bíblia é a de Davi e Jônatas (1 Sm 18.1). Ambos fizeram uma aliança de amizade (1 Sm 18.3). E em diversas situações. Jônatas salvou a vida de Davi das mãos de seu pai, o rei Saul (1 Sm 19.1-10; 20.1-5,12-24. 27, 31-42). É importante zelar e cuidar das amizades, mas é essencial cultivar àquelas que nos levem para mais perto de Deus, pois quando estivermos fraquejando na caminhada, o amigo nos ajuda a levantar (Ec 4.10).
O Phileõ em seu aspecto “puro” seria o sentimento voluntário e “desinteressado”, no sentido de que não há busca por uma contraprestação, tão somente a reciprocidade. Em outras palavras, podemos “reduzir” o conceito a uma amizade verdadeira. Na palavra de Deus temos o exemplo da amizade de Davi e Jônatas, onde a bíblia descreve que era um amor de alma (uma afeição pura, sincera, sentimental e prática).
É importante cuidarmos desse tipo de amigo pois são extremamente raros. Mais do que isso, podemos ser esse bom amigo (pode partir de nós). Sobretudo, mais ainda devemos cultivar o nosso relacionamento com Deus, uma vez que Ele é o nosso melhor amigo.
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AMOR – AGÁPE
3.1. Definição de Agápe
De acordo com o Dicionário Teológico (CPAD). a palavra grega agápe, é utilizada para ‘descrever o amor em sua mais alta e sublime acepção. O amor que não se preocupa em receber, mas em dar’ É o amor que só Deus pode conceder, ‘perfeito e inigualável”, que abrange nossa mente, nossas emoções, nossos sentimentos, nosso pensamento — todo o nosso ser. É o amor profundo e constante, como o amor de Deus pela humanidade expresso em João 3.16. É um amor doador, não deseja nada do amado, e o objeto deste amor independe de merecimento. Este amor serve de exemplo para o ser humano e é descrito pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13.
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O amor Ágape é o tipo que pode ser traduzido não pelo que se sente, mas pelo que se faz. Em essência, o amor Ágape seria o amor que possui origem divina (origem em Deus) no sentido de “Deus é amor”; ou de “Deus é a fonte do amor verdadeiro”. Portanto, o ágape tem mais a ver com uma expressão quase que inevitável, irresistível, e não meramente emocional. Por esse motivo o amor de Deus para nós é, segundo o conceito grego, um amor Ágape, pelo fato de ser incondicional.
3.2. Jesus, o maior exemplo
Esse amor retrata o amor divino, expresso na sua totalidade e complexidade por Jesus na cruz. Revela o amor de Deus para a salvação da humanidade (Jo 3.16). Nada mais justo do que exemplificar o amor agápe com a perfeição encarnada. Jesus trouxe esse amor incomparável à humanidade. Ele se despiu completamente de toda a sua glória (Fp 2.6-8). tornou-se um simples homem, rejeitado e humilhado, para se entregar e morrer pelos seres humanos que eram desobedientes a Deus.
O Senhor Jesus não é apenas o melhor exemplo de amor, mas é a materialização do amor em si. Acerca do amor incondicional a Bíblia nos diz: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4,5). Ou seja, o Senhor nos amou quando nada poderíamos oferecer, e em si nos tornou agradáveis ao Pai!
3.3. O amor de Deus é essencial para o mundo
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Deus não carece do amor do homem, até porque o homem não tem a mínima condição de amar à altura de Deus. Contudo, a humanidade carece do amor dEle. e recebemos esse amor através do Espírito Santo quando entregamos nossa vida inteiramente a Cristo e assim somos capazes de amá-lo e obedecer à sua Palavra.
A essencialidade do Amor de Deus se revela pelo fato de que se não fosse por sua misericórdia (e pela ação, que partiu Dele; a ação de nos vir salvar), nós permaneceríamos nas prisões do pecado. A bíblia diz: “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados” (Cl 1:13,14).
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AS DIMENSÕES DO AGÁPE
4.1. Dimensão horizontal
É o amor incondicional direcionado a todos os nossos semelhantes, e neste sentindo se diferencia do amor phileõ e eros, pois não é seletivo, egoísta e não age por conveniência, visto que no agápe, o objetivo é dar sem olhar a quem e nem esperar algo em troca. Amar aos outros como Deus ama (1 Jo 4:10,11) não é uma tarefa fácil, mas é preciso buscar no Espirito Santo e revestir-nos desse amor dia após dia (Cl 3.14).
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A horizontalidade é o oposto da verticalidade. “Em que sentido”? Veja que um “amor vertical” revela um certo desequilíbrio. Haveria, nesse caso, uma tendência para uma contraprestação (algo em troca). Por sua vez, um amor horizontal representa linearidade, no sentido de todos estarem no mesmo nível; equiparados. Assim, o amor Ágape em uma dimensão horizontal representa o “fazer o bem sem olhar a quem”.
4.2. Dimensão interior
É o amor direcionado a si mesmo, mas não como o eros, em busca de satisfazer o seus próprios prazeres e interesses, mas se amar no sentido de entender seu valor pessoal diante de Deus e, assim, viver intensamente em sua presença todos os dias, alcançando a felicidade de forma plena.
O Ágape em uma dimensão interior não se confunde com o egoísmo, pois não é apoiado na vaidade ou na realização dos próprios interesses, mas no puro e simples fato de entender quem somos para Deus. É entender que dentro de nós existe uma partícula do amor incondicional de Deus e valer-se exatamente dessa porção.
4.3. Dimensão vertical
O amor direcionado a Deus não deve ser phileõ nem eros, pois ambos se declinam para o próprio benefício, mas agápe, onde haja total entrega e devoção. Em João 21.15-16, Jesus pergunta a Pedro: “Pedro tu me amas” (agápe — com total entrega e devoção)? Ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo” (phileõ — como um amigo chegado). Jesus responde: “Apascenta minhas ovelhas” e isso aconteceu por mais duas vezes. Pedro precisava entender que o seu amor por Jesus deveria ser agápe para assim fazer a vontade de Deus. E é esse amor que Deus espera de nós, com total dedicação. E quando o amamos assim, também amamos toda a sua criação, tudo o que Ele ama e tudo o que Ele é.
Como vimos, o amor vertical entre os homens traduz desequilíbrio, e de certa forma uma “troca de favores”. No entanto, a verticalidade em relação ao Senhor tem a ver com a própria posição soberana que o nosso Deus ocupa; afinal, estaríamos em posição horizontal em relação a Deus? Claro que não; concorda?
Nesse sentido, a verticalidade “do alto para baixo” (de Deus para conosco) revela o tamanho da bondade e misericórdia de Deus; pois o Altíssimo, o Rei do universo, mesmo em sua Soberania tem a sensibilidade de se inclinar para ouvir o nosso clamor; e isso é incondicional da parte Dele.
Por sua vez, a verticalidade “de baixo para cima” (do homem para Deus) revela as nossas atitudes (esperadas) como filhos obedientes, ao entendermos o tamanho da obra de Deus em nossas vidas. No caso da experiência de Pedro, onde o Senhor Jesus convoca-o a viver o Ágape, entendemos que o Mestre dizia: “Pedro, se você entendeu o tamanho da minha obra na sua vida; se você sentiu o meu amor por você, peço-te que cuide das minhas ovelhas”. Ou seja, “se você recebeu o meu amor, então será capaz de amar”.
PARA CONCLUIR
Sobre os diferentes tipos de amor, é evidente que um deles se destaca, pois é perfeito e permanente (agápe). O eros e phileõ são presentes de Deus para o homem, mas são imperfeitos e temporários, por isso. falhos. Porém, é possível viver esses amores de forma saudável desde que alinhados ao amor de Deus, o âmago de todas as virtudes.