EBD – UMA FIRME DECISÃO DE NÃO SE CONTAMINAR – LIÇÃO 4 JOVENS
INTRODUÇÃO
Um dos segredos da vida vitoriosa de Daniel foi sua firmeza de caráter. Desde o início ele expressou profunda convicção em Deus e força de vontade para resistir à contaminação na Babilônia. Tendo como referência o episódio no qual o jovem hebreu se recusou a partilhar das finas iguarias do rei, nesta lição aprenderemos que pequenos gestos podem resultar em grandes vitórias.
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I – O BANQUETE DO REI
1.1. A oferta do manjar.
Durante o período de treinamento para o serviço da corte, os jovens cativos estariam submetidos a uma dieta diária específica (Dn 1.5). Eles deveriam se alimentar da mesma refeição que era servida ao rei. Para o senso natural isso seria uma grande oportunidade. O simples fato de não precisarem fazer a própria comida já seria uma boa notícia, não é mesmo? Além disso, eles teriam o privilégio de desfrutar dos banquetes reais e da melhor comida e bebida servidas no palácio. Poderia parecer para alguns a chance perfeita de adquirir status. Daniel, porém, era um jovem espiritual, e seu coração não estava na satisfação momentânea. Seu propósito não era agradar o rei da Babilônia, mas o Rei do Universo.
Conforme explanamos nas aulas anteriores, os jovens cativos que foram pré-selecionados deveriam passar por um período de adaptação e preparação (na lição anterior apelidamos esse período de “faculdade babilônica). Ocorre que além da educação e instrução recebida, esse ciclo também compreendia a “preparação da aparência”, e isso era feito mediante uma dieta estabelecida pelos “nutricionistas” do palácio. A ideia é que ninguém fosse apresentado ao rei com semblante doentio ou, grosso modo, com aspecto extremo (muito abaixo ou muito acima do peso).
Daniel e seus amigos poderiam ver aquele momento como uma grade oportunidade, pois certamente aquela dieta seria composta das maiores iguarias existentes na terra, com excelência na seleção dos ingredientes. Todavia aqueles jovens não se deixavam influenciar pelo que era aparente, pois sabiam que como todo a Babilônia estava contaminada, inclusive a sua culinária (muitas vezes objeto de oferenda aos ídolos locais).
1.2. Uma decisão firme.
O texto bíblico ressalta que Daniel propôs em seu coração não se contaminar com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia, pedindo que ele e seus amigos fossem dispensados (Dn 1.8). Eles se alimentariam somente de legumes. Foi uma decisão convicta e com firmeza. Antes de dizerem “não” ao rei, os quatro rapazes haviam dito “sim” a Deus. Antes de expressar em palavras o que queriam, eles estavam preparados para se absterem da contaminação. Foi a manifestação de uma fé firme e sincera (1 Pe 3.16; 5.9; 2Tm 1.5). A recusa em participar dos manjares foi um ato de bravura prudente. A vida deles estava em perigo, mas mesmo assim, manifestaram o protesto. Uma fé verdadeira não compactua com a covardia (2 Tm 1.7). Infelizmente, o medo da rejeição social tem levado muitos ao fracasso espiritual, negando a fé e os valores cristãos.
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Imagine recusar ordens vindas daqueles que haviam acabado de vencer a disputa entre os reinos e levado os remanescentes como cativos? Grande risco, concorda? Aqueles jovens, todavia, não temeram pelas suas próprias vidas; mas tinham como valor máximo a conservação da fé, dos princípios e da pureza encontrados na lei do Senhor. A firme decisão deles revela uma firme convicção. Eles sabiam a quem serviam, e tinham certeza de que o Senhor poderia muito bem intervir naquela situação (como em tantas outros interveio), segundo a vontade Dele.
1.3. Uma decisão pequena, mas poderosa.
Para alguns, aceitar uma simples refeição ou um pequeno convite não faz qualquer diferença. Eles poderiam pensar em ter feito somente essa concessão, acreditando – como muitos – que não haveria maiores repercussões na vida: “Não tem problema fazer só isso”. Talvez, eles estivessem sendo exagerados com a decisão, muitos poderiam dizer. Contudo, eles sabiam que pequenas decisões provocam grandes consequências (Gl 6.7). Tinham consciência que ceder um pouco seria abrir a porta para o pecado entrar.
Existe uma frase de autor desconhecido, muito presente na área da engenharia, que diz que “os menores defeitos – nas menores peças – derrubam as maiores máquinas”. Isso significa que a relativização de práticas aparentemente inofensivas pode ser porta para uma grande queda. Espiritualmente esse fenômeno é conhecido como “conceder legalidade ao adversário”. Ou seja, uma prática não necessariamente ilícita pode não nos convir (1 Co 6:12). Isso porque, a licitude (ou ilicitude) não deve ser a única face a ser
analisada no processo de tomada de decisões, mas a procedência e o “juízo de razoabilidade e proporcionalidade”. Entendo que com essas últimas palavras o nosso conceito pode ter ficado um pouco mais “formal”, mas o que queremos dizer é que não podemos dar argumentos ao adversário, pois o seu papel é acusar. Aqueles jovens sabiam disso e preferiram o caminho da certeza (e não o caminho da dúvida ou da relativização).
II – O FIRME PROPÓSITO DE NÃO SE CONTAMINAR
2.1. Contra a contaminação.
Apesar da ausência de detalhes no relato, há diversas razões para Daniel ter se recusado a comer da mesma refeição do rei. O sentido original da palavra “contaminar” indica algo impuro ou manchado. Eles queriam se manter puros. A primeira explicação estaria no cuidado dos jovens em não violar as leis alimentares estabelecidas aos israelitas (Lv 11; 17.11). Os alimentos também poderiam ter sido sacrificados aos Ídolos, ou de algum modo faziam parte de rituais do paganismo babilônico, contrariando a lei mosaica (Dt 6.13-15).
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Sabemos que a Babilônia como um todo estava contaminada e, conforme vimos nas lições anteriores, a sua maldade era tamanha que aquela cidade se tornou símbolo de pecado e perversão. Apesar de o texto não trazer detalhes claros sobre o real motivo da rejeição dos jovens aos manjares do rei, através do termo “contaminação” podemos inferir que provavelmente tratava-se de um viés idólatra ou de oferendas (pela cultura das nações politeístas de realizar oferendas aos seus deuses como forma de “gratidão” pela “prosperidade” na sua agricultura).
Além disso, caso aqueles jovens compactuassem com aquela “dieta” proposta, deveriam fazer as suas refeições com os demais integrantes do palácio (visto que ali havia cativos de outras nações que também foram conquistadas pelos Caldeus). Em outras palavras, aqueles seriam “banquetes multiculturais” (estariam todos naquela mesma comunhão).
2.2. Cuidado com as companhias.
A razão mais aceita para motivara recusa dos jovens, liderados por Daniel, seria o cuidado para não partilhar habitualmente a mesa com o rei. Na antiguidade, participar da mesma refeição era um ato que demonstrava comunhão, algo que Daniel não estava disposto a fazer. Sua fidelidade era inteiramente a Deus. Uma coisa é o crente se relacionar socialmente com descrentes e pessoas que não possuem as mesmas convicções que as suas; outra é manter comunhão. O apóstolo Paulo, igualmente, adverte sobre o cuidado que devemos ter com quem nos associamos (1 Co 5.9-11). Isso nos leva a refletir sobre as pessoas com quem convivemos. São pessoas que nos inspiram para o bem e querem o melhor para as nossas vidas? Ou são pessoas tóxicas cuja proximidade poderá nos destruir? Até nos relacionamentos é preciso ser firme para evitar contaminações (1 Co 15.33).
É senso comum e até ditado entre os mais antigos: “diga-me com quem andas e direi quem tu és”. O apóstolo Paulo disse à igreja de Corinto algo semelhante, no sentido de alerta: “Mas não vos enganeis; a más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15:33). Isso significa que, por mais instruído que seja o jovem, na boa doutrina e nos princípios da palavra de Deus, a convivência passiva e desatenciosa (não defensiva) com pessoas de má índole pode ao longo do tempo trazer maus reflexos aos seus comportamentos. Sabemos que viver em sociedade é algo comum, principalmente nas sociedades modernas; porém, devemos conviver de maneira vigilante, atenciosa e responsável; e não de maneira displicente.
2.3. Gentileza e favor divino.
Ao formular o pedido a Aspenaz, Daniel foi firme e ao mesmo tempo gentil. Isso foi uma atitude de sabedoria e educação. Ao defendermos a nossa fé diante dos outros devemos ser mansos e educados (1 Pe 3.15). Coragem sem prudência é tolice.
Outro aspecto importante a ser observado nesse episódio é que Deus concedeu a Daniel misericórdia (Dn 1.9). A Bíblia está mostrando, mais uma vez, que tudo o que alcançamos na vida deve-se ao favor divino, à sua imensa graça. Apesar de todo empenho e dedicação de Daniel, todo o mérito estava no Senhor.
A palavra de Deus é rica em sabedoria e instrução, e demonstra tamanha inteligência que Daniel teve ao diligentemente justificar-se com Aspenaz. A coragem e a firmeza com que ele falou foi aformoseada com a sua sabedoria e educação. As suas indagações foram tão bem justificadas que ele alcançou o favor diante dos ímpios. Sobretudo, sabemos que Deus é Aquele que aperfeiçoa toda boa obra. Ele nos inspira para o bem e coloca as palavras certas em nossos lábios. Foi o Senhor que fez com que Daniel achasse graça aos olhos dos mordomos do palácio.
III – O RESULTADO DA FIDELIDADE A DEUS
3.1. A prova de Daniel.
Embora fosse simpático para com os rapazes, o oficial tinha receio do desfecho. Ele temia perder a sua vida, caso os jovens se mostrassem com aparência menos saudável ao se apresentarem diante do rei, em comparação com os demais (1.10). Daniel propõe então um teste: durante dez dias eles comeriam somente legumes e beberiam somente água. Ao final desse período, poderiam ser inspecionados junto com os outros. A audaciosa prova proposta por Daniel mostra que o servo de Deus não precisa temer os desafios do mundo. Isso não significa sair por aí querendo demonstrar superioridade, e sim, confiança no Senhor.
Depois dos dez dias, os hebreus se apresentaram com melhor semblante e mais fortes que os outros jovens que comiam do manjar do rei da Babilônia (1.15). Esse é o resultado de servir e ser fel ao Senhor. Ninguém perde coisa alguma quando se recusa a comprometera sua fé.
Talvez seja justamente na juventude que enfrentaremos os maiores desafios das nossas vidas. De maneira literal, até pode-se ter desafios maiores em outras fases da vida, mas proporcionalmente é na juventude que somos fortemente confrontados, pois é nessa fase que as nossas habilidades ainda estão sendo desenvolvidas. O poder de argumentação, a segurança, o equilíbrio; tudo ainda é muito “novo”.
Aquele desafio foi literalmente uma negociação daquele jovens com um oficial de um palácio. Pensando assim fica mais relevante, concorda? Mesmo assim, eles não se atemorizaram, pois confiavam no Senhor. Daniel e seus amigos nos mostram que o Senhor é o nosso ajudador, e que não precisamos nos desesperar.
3.2. O Senhor garante e aprova.
Passado algum tempo, os jovens foram conduzidos diante de Nabucodonosor (1.18-20). Depois de lhes fazer perguntas para medir o conhecimento, descobriu que se tratava dos jovens mais sábios do seu reino, superando a todos. Não eram somente eruditos, mas também piedosos e tementes a Deus, Daniel, em especial, recebeu do Senhor o dom de interpretar todo tipo de visões e sonhos (1.17). Isso nos faz perceber que é possível conciliar conhecimento, com graça; inteligência com poder.
Os quatro moços foram aprovados por Nabucodonosor, mas antes disso foram aprovados por Deus, alcançando posição de destaque. Esse é o resultado de servir e ser fiel ao Senhor. Em uma sociedade que gosta de fazer comparações, que mede as pessoas pelo desempenho e coloca a todos nos mesmos moldes e padrões, devemos ter o entendimento de que somos diferentes e nossos métodos são distintos do mundo. Vale a pena ser cristão. Vale a pena ser puro. Vale a pena ser fiel!
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Daniel e os seus amigos foram honrados e aprovados pelos homens porque primeiramente honraram e buscaram a aprovação do Senhor. O nosso Deus é justo e jamais nos desamparará. Tudo que podemos esperar Dele é verdade e fidelidade. Quando colocamos Ele em primeiro lugar nas nossas vidas, coisas boas são registradas na “contabilidade dos céus”, e as demais coisas serão acrescentadas (Mt 6:33).
Dentre tantos jovens talentosos (não se esqueçam de que já havia sido feita uma pré-seleção), aqueles quatro jovens se destacaram. O próprio Deus proporcionou ocasião para eles se mantivessem fieis ao Senhor, e isso é muito belo. O reino espiritual nos observa, e o nosso Deus é galardoador para dar a cada um segundo as suas obras (Rm 2:6. Mt 16:27)
3.3. Rejeitando as tentações do mundo.
É importante lembrar que a rejeição dos “manjares do mundo” não se limita apenas a banquetes extravagantes, mas abrange todas as áreas da vida. Um coração incontaminável demonstra firmeza ao dizer “não” não apenas à pornografia e à fornicação, mas também à idolatria e a todas as obras da carne (Gl 519-21). Num mundo de apatia e indiferença espirituais, esta postura é um lembrete constante da importância de permanecer fiel aos princípios espirituais, independentemente das tentações que possam surgir no caminho.
Conforme comentamos nos tópicos anteriores, o “juízo de licitude” muitas vezes é insuficiente para nós, enquanto servos de Deus, valorarmos uma situação; pois mesmo algumas coisas sendo lícitas, a nós podem não convir. Esse assunto é relevante pois pode até ser óbvio o fato de que devemos abdicar daqueles pecados que por si só já são “barulhentos”; mas e aquelas práticas dotadas de sutileza? Bem, elas podem em si até não serem ilícitas, mas podem “abrir o caminho” para outras práticas reprováveis. Não adianta fugir da Bíblia; ela é muito clara quando diz que “um abismo chama outro abismo” (Sl 42:7). Portanto, sejamos sóbrios e vigilantes (1 Pe 5:8), firmes e constantes, sempre abundantes da obra do Senhor (1 Co 15:58).
CONCLUSÃO
Como manter a pureza de caráter em meio a uma sociedade corrompida? Como foi possível aprender com Daniel, a resposta a esta pergunta tem início com uma resolução firme que nasce no coração. A conduta íntegra simplesmente resulta desse compromisso interno com a intenção de agradar a Deus.