CANAL DESCOMPLICANDO A TEOLOGIA
- JEOVANE SANTOS.
DESCOMPLICADA: LIÇÃO 7 JOVENS: “Davi: Forjado por uma perseguição implacável“.
Texto Principal
“Mas os que esperam no SENHOR renovarão as suas forças e subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão.” (Isaías 40.31)
Resumo da Lição
Em meio às perseguições e adversidades, Davi foi sendo preparado por Deus para a missão que a ele estava reservada, mantendo-se sempre fiel e íntegro.
Texto Bíblico
1 Samuel 19.1-7
Introdução Teológica
A história de Davi é marcada por uma perseguição implacável. Desde o momento em que derrotou Golias, Davi passou a ser alvo do ciúme e da hostilidade do rei Saul. O que parecia ser uma trajetória direta da unção ao trono, tornou-se um caminho repleto de perigos, fugas e provações.
1. A Perseguição como Processo de Formação
Na perspectiva bíblica, as adversidades não são meros obstáculos, mas instrumentos que Deus utiliza para moldar o caráter dos Seus servos. Davi, mesmo sendo ungido por Deus, não foi poupado do sofrimento. Pelo contrário, foi nas noites de fuga, nas cavernas e nos desertos, que ele aprendeu a confiar plenamente no Senhor. A perseguição de Saul foi, na verdade, uma escola de dependência, humildade e fé.
2. Fidelidade e Integridade em Meio à Provação
Davi manteve-se fiel e íntegro, mesmo quando teria motivos humanos para agir com vingança ou desânimo. Ele não se deixou corromper pelo ódio, nem perdeu a esperança. Sua postura revela uma confiança madura na soberania de Deus, que exalta e abate conforme Sua vontade. O exemplo de Davi nos desafia a permanecer íntegros diante das injustiças, confiando que Deus está no controle de todas as coisas.
3. O Consolador nas Adversidades
Os salmos compostos por Davi durante esse período (como o Salmo 23 e o Salmo 57) demonstram que, mesmo no “vale da sombra da morte”, a presença de Deus consola e fortalece. O Senhor não apenas permite as lutas, mas caminha conosco nelas, renovando nossas forças e nos capacitando a perseverar.
4. Vitória que Vem do Senhor
A vitória de Davi não foi fruto de sua própria força, mas resultado da fidelidade de Deus. Como ensinam os textos de Provérbios 21.31 e Êxodo 15.2, é o Senhor quem concede a vitória ao Seu povo. Em Cristo, somos mais do que vencedores, não porque estamos isentos de lutas, mas porque Ele está conosco em cada batalha (Rm 8.35-37).
Aplicação
A vida de Davi nos ensina que as perseguições e adversidades fazem parte do processo de preparação para os propósitos de Deus. O cristão é chamado a perseverar, mantendo-se fiel e íntegro, sabendo que Deus transforma o sofrimento em maturidade, e a provação em vitória.
I – UMA PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL
1. Quando a fuga é necessária
Explicação Teológica
Após ser ungido por Samuel, Davi passou a viver sob a direção e o poder do Espírito Santo. Isso não o isentou de adversidades; ao contrário, a escolha divina frequentemente atrai oposição. A perseguição de Saul contra Davi foi marcada por ciúme, medo e crueldade, chegando ao ponto de Saul ordenar o massacre de toda a linhagem sacerdotal de Nobe por terem ajudado Davi (1 Sm 22.11-19). A fuga de Davi, portanto, não foi um ato de covardia, mas uma resposta sábia diante do perigo iminente, preservando sua vida e a promessa de Deus sobre ele. A Bíblia mostra que, em certas situações, a fuga é uma estratégia legítima para o servo de Deus, pois o Senhor pode usar até mesmo os momentos de exílio e perseguição para amadurecer e preparar Seus escolhidos para missões maiores.
Explicação do Pastor
Davi nos ensina que, mesmo sendo fiel, temente a Deus e íntegro, podemos enfrentar perseguições injustas e situações de extremo perigo. Às vezes, precisamos tomar decisões difíceis, como abrir mão de nossa zona de conforto ou até mesmo fugir para preservar a vida e o propósito de Deus em nós. A fuga de Davi não foi sinal de fraqueza, mas de confiança na direção do Senhor. Ele não revidou com violência, nem perdeu sua fé; pelo contrário, buscou refúgio em Deus e permaneceu íntegro, mesmo diante da injustiça. Isso nos mostra que, em tempos de adversidade, devemos manter nossa comunhão com Deus, confiar em Sua proteção e não permitir que o sofrimento roube nossa integridade ou esperança. Os desertos e as fugas podem ser, na verdade, escolas de fé, onde Deus nos prepara para coisas maiores. Portanto, se você está passando por perseguição ou injustiça, lembre-se: Deus está no controle e usa até os momentos de fuga para cumprir Seus propósitos em sua vida.
2. Em busca de Samuel
Explicação Teológica
Após escapar da morte pelas mãos de Saul, graças à intervenção de Mical, Davi busca refúgio junto a Samuel em Ramá (1 Sm 19.18). Este gesto demonstra a importância do discipulado e da comunhão entre os servos de Deus. Davi, mesmo sendo um guerreiro valente e ungido, reconhece sua necessidade de orientação espiritual e abre o coração ao profeta Samuel, símbolo de maturidade e experiência na fé. O texto mostra que, em momentos de crise, buscar conselhos de pessoas tementes a Deus é uma atitude sábia e bíblica (Pv 11.14).
A narrativa também destaca a soberania de Deus sobre todas as circunstâncias. Saul, em sua fúria, envia mensageiros para capturar Davi, mas todos são tomados pelo Espírito de Deus e começam a profetizar. Até o próprio Saul, ao chegar em Naiote, é dominado pelo Espírito e profetiza, contrariando suas intenções malignas (1 Sm 19.20-24). Isso revela que nenhum plano humano pode frustrar os desígnios do Senhor, e que Deus pode usar qualquer pessoa, até mesmo um perseguidor, para manifestar Sua vontade e Seu poder.
Explicação do Pastor
Davi nos ensina que, nos momentos mais difíceis, precisamos buscar pessoas de confiança, maduras na fé, para compartilhar nossas dores e receber conselhos sábios. Ele não tentou enfrentar tudo sozinho, mas procurou Samuel, alguém que temia a Deus e podia orientá-lo espiritualmente. Isso mostra que não fomos chamados para caminhar sozinhos: Deus coloca pessoas ao nosso lado para nos fortalecer, orar conosco e nos aconselhar segundo a Palavra.
Além disso, aprendemos que o poder de Deus é maior do que qualquer perseguição ou plano maligno. Nenhuma arma forjada contra o servo do Senhor pode prevalecer quando Deus decide agir. Até mesmo Saul, que perseguia Davi, foi tomado pelo Espírito e começou a profetizar. Isso nos lembra que Deus é soberano e faz como quer, usando quem Ele quer, para proteger e cumprir Seus propósitos na vida dos Seus filhos. Por isso, confie: quando buscamos refúgio em Deus e ouvimos conselhos piedosos, Ele age de maneira surpreendente e poderosa para nos guardar e conduzir.
- “[…] na angústia nasce o irmão”
Explicação Teológica
A relação entre Davi e Jônatas é um dos exemplos mais belos de amizade verdadeira nas Escrituras. Em meio à perseguição implacável de Saul, Davi encontra em Jônatas não apenas um aliado, mas um irmão nascido para a adversidade (Pv 17.17). Jônatas, mesmo sendo o herdeiro legítimo ao trono, reconhece a unção de Deus sobre Davi e, em vez de rivalidade, demonstra lealdade, amor e intercessão pelo amigo (1 Sm 20.14,15). Esse vínculo é selado por uma aliança de bondade, que transcende interesses pessoais e se fundamenta na vontade de Deus.
A amizade entre Davi e Jônatas revela princípios teológicos profundos:
- A soberania de Deus na escolha de Seus líderes, independentemente das expectativas humanas.
- A importância da lealdade e da intercessão nos relacionamentos, especialmente em tempos de crise.
- O valor da aliança, que aponta para a comunhão e o compromisso mútuo, tão necessários na vida do povo de Deus.
Mesmo quando a intercessão de Jônatas já não podia mudar o coração endurecido de Saul, a amizade permaneceu como fonte de consolo e força para Davi. A Bíblia destaca que, nas horas de angústia, o verdadeiro amigo se revela e se torna como um irmão.
Explicação do Pastor
A história de Davi e Jônatas nos ensina o valor inestimável da amizade verdadeira, especialmente nos momentos de dor e perseguição. Jônatas poderia ter visto Davi como um rival, mas escolheu ser amigo, intercessor e protetor. Ele reconheceu o agir de Deus na vida de Davi e, por isso, não hesitou em apoiá-lo, mesmo que isso lhe custasse o trono.
Nos dias difíceis, Deus levanta pessoas para caminhar ao nosso lado, ouvir nosso desabafo, orar conosco e nos ajudar a permanecer firmes. A verdadeira amizade é um presente do Senhor, que nos fortalece e nos lembra que não estamos sozinhos. Assim como Davi, precisamos valorizar, cultivar e ser esse tipo de amigo: leal, fiel e disposto a ajudar, mesmo quando não há nada a ganhar em troca.
Se você está enfrentando adversidades, peça a Deus que coloque ao seu lado pessoas de confiança, e também esteja disposto a ser um amigo presente para outros. Na angústia, nasce o irmão – e, juntos, podemos atravessar os desertos da vida com esperança e fé renovadas.
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II – AS LUTAS AO LONGO DA CAMINHADA
1. Em território inimigo
Explicação Teológica
Durante sua fuga, Davi chega ao território filisteu, mais precisamente à cidade de Gate — a terra natal de Golias, o gigante que ele havia derrotado anos antes (1 Sm 21.13,14). Este episódio revela a complexidade das provações enfrentadas por Davi: para sobreviver, ele precisa buscar refúgio justamente entre aqueles que, humanamente, seriam seus maiores inimigos. A estratégia de Davi, fingindo-se de louco, mostra sua astúcia, mas, acima de tudo, evidencia a providência e a soberania de Deus, que pode usar até situações improváveis para proteger Seus servos.
Deus, em Sua sabedoria, permitiu que Davi fosse acolhido e protegido em meio aos filisteus, frustrando os planos de Saul. Este episódio ilustra que o agir divino frequentemente ultrapassa nossa lógica e expectativas. O Senhor pode usar até mesmo os inimigos para cumprir Seus propósitos e cuidar dos Seus escolhidos (cf. Sl 65.5-8). Assim, aprendemos que a confiança em Deus deve ser mantida, mesmo quando os caminhos parecem estranhos ou inesperados.
Explicação do Pastor
Davi nos ensina que, em tempos de crise, Deus pode agir de maneiras surpreendentes e até paradoxais. Quem imaginaria que o matador de Golias seria protegido justamente em Gate, entre os filisteus? Davi precisou se humilhar, fingir-se de louco, e Deus usou até essa situação inusitada para livrá-lo da morte. Isso mostra que o Senhor é especialista em abrir portas onde não vemos saída e em transformar situações improváveis em livramento.
Às vezes, Deus permite que passemos por territórios “inimigos”, por lugares desconfortáveis ou humilhantes, para nos ensinar a confiar em Sua providência e cuidado. O importante é não perder a fé, mesmo quando não entendemos o caminho. O Deus que protegeu Davi entre os filisteus é o mesmo que cuida de nós em meio às adversidades. Ele é fiel para nos guardar, mesmo nos lugares mais improváveis.
2. Uma questão de fidelidade
Explicação Teológica
A fidelidade de Davi é um dos traços mais marcantes de sua trajetória. Mesmo sendo alvo de perseguições injustas, traições e situações extremas, Davi permaneceu fiel a Deus, à sua missão e até mesmo ao rei Saul, a quem serviu com lealdade enquanto pôde. Essa fidelidade não era circunstancial, mas fruto de uma profunda convicção espiritual e de um compromisso com os princípios do Reino de Deus.
A Bíblia apresenta a fidelidade como uma virtude central na vida do crente. Em Davi, vemos um exemplo de alguém que, mesmo diante de oportunidades para agir de forma contrária à vontade de Deus (como tirar a vida de Saul), escolheu permanecer íntegro (1 Sm 24.6). Sua fidelidade era abrangente: envolvia sua relação com Deus, com as pessoas e com sua própria consciência. Isso demonstra que a verdadeira fidelidade não depende das circunstâncias externas, mas de um coração alinhado com a vontade do Senhor.
Explicação do Pastor
Davi nos ensina que a fidelidade é uma escolha diária, especialmente nos momentos difíceis. Ele poderia ter cedido ao desânimo, ao ressentimento ou à vingança, mas preferiu ser fiel a Deus e aos valores que aprendeu desde jovem. Mesmo quando tudo parecia perdido, Davi não abriu mão de sua integridade. Essa postura nos desafia a sermos fiéis em todas as áreas da vida, mesmo quando ninguém está vendo ou quando as circunstâncias são desfavoráveis.
A fidelidade de Davi era inabalável porque estava fundamentada em sua confiança no Senhor. Assim também devemos agir: manter nossa palavra, honrar nossos compromissos, servir com lealdade e não negociar nossos princípios, mesmo sob pressão. Deus honra aqueles que permanecem fiéis, e é essa fidelidade que nos sustenta e nos distingue como servos do Altíssimo.
3. Na caminhada, a provisão do Senhor
Explicação Teológica
A fidelidade de Davi foi respondida por Deus com provisão constante ao longo de sua jornada. O Senhor, que havia prometido fazer de Davi um grande nome e dar-lhe descanso de todos os inimigos (2 Sm 7.9), cuidou de cada detalhe necessário para o cumprimento desse propósito. A Bíblia revela que Deus é soberano e fiel para suprir as necessidades dos Seus servos, mesmo em tempos de crise e adversidade (Jó 42.2).
A provisão divina se manifestou de várias formas: proteção em territórios hostis, alimento em momentos de escassez (como nos episódios com Abigail e Aimeleque), e, sobretudo, relacionamentos edificantes e conselhos sábios por meio de pessoas como Samuel, Gade, Abiatar e Jônatas. Esses exemplos mostram que a provisão de Deus não se limita ao material, mas alcança o emocional, o espiritual e o relacional, sustentando o servo de Deus em todas as áreas.
Essa verdade reforça o ensino bíblico de que jamais estamos desamparados. Mesmo em vales, desertos e cavernas, o Senhor está presente, provendo tudo o que é necessário para que Seus propósitos se cumpram em nossa vida.
Explicação do Pastor
Davi experimentou, em cada etapa de sua caminhada, o cuidado e a provisão do Senhor. Mesmo fugindo, enfrentando perigos e incertezas, ele nunca esteve sozinho ou desamparado. Deus sempre enviava o que era preciso: alimento, abrigo, amigos leais, conselhos sábios e proteção contra os inimigos. Isso nos ensina que, quando somos fiéis e gratos ao Senhor, Ele cuida de cada detalhe da nossa vida.
Muitas vezes, a provisão de Deus chega de formas inesperadas — através de pessoas, oportunidades, palavras de ânimo ou até mesmo portas abertas em lugares improváveis. O importante é confiar que Deus está no controle e sabe exatamente do que precisamos. Se você está passando por um tempo difícil, lembre-se: o mesmo Deus que sustentou Davi é fiel para suprir todas as suas necessidades. Ele nunca abandona os Seus filhos e sempre prepara o caminho para o cumprimento dos Seus propósitos.
III – TEMPOS DE APRENDIZADO
1. Em Nobe, uma espada
Explicação Teológica
O episódio em Nobe, quando Davi busca refúgio com o sacerdote Aimeleque, é carregado de significado espiritual e histórico. Davi, fugindo de Saul sem recursos, recebe do sacerdote os pães da proposição — um alimento sagrado, reservado aos sacerdotes, mas que, diante da necessidade, foi compartilhado com o ungido de Deus (1 Sm 21.6). Isso aponta para a compaixão divina e a prioridade da vida sobre rituais, tema que Jesus mesmo usaria para ensinar sobre misericórdia (Mt 12.3-4).
Ao pedir uma arma, Davi recebe justamente a espada de Golias, o gigante filisteu que ele derrotara anos antes. Essa espada, guardada junto ao éfode, não era apenas um instrumento de guerra, mas um símbolo do agir sobrenatural de Deus na vida de Davi. Ela representava a vitória concedida por Deus sobre os inimigos e servia como memorial do poder divino que o acompanhava desde a juventude.
O contraste entre o jovem pastor que recusou a armadura de Saul e confiou apenas em Deus, e o líder experiente que agora empunha a espada de Golias, mostra o amadurecimento de Davi. A espada marca dois momentos distintos: o início da fé corajosa e o tempo do aprendizado pelas batalhas. Assim, Deus usa experiências passadas para fortalecer e preparar Seus servos para desafios futuros.
Explicação do Pastor
A passagem de Davi por Nobe nos ensina que, mesmo nos momentos de maior necessidade, Deus cuida dos detalhes e nos lembra das vitórias já alcançadas. Davi chega faminto, desarmado e vulnerável, mas encontra alimento e proteção na casa do Senhor. O pão e a espada não eram apenas suprimentos físicos, mas sinais do cuidado e da fidelidade de Deus.
A espada de Golias, que um dia foi símbolo de ameaça, agora se torna instrumento de proteção para Davi. Isso mostra que Deus transforma aquilo que era motivo de medo em testemunho de vitória. O que antes parecia impossível, agora serve para fortalecer a fé e renovar a esperança. As marcas do passado — tanto os calos do pastoreio quanto as cicatrizes das batalhas — fazem parte da história de quem aprende a confiar em Deus em todas as fases da vida.
Se você está passando por um tempo de necessidade ou enfrentando desafios, lembre-se: Deus é capaz de transformar instrumentos de luta em símbolos de vitória. Ele não desperdiça nenhuma experiência e usa cada etapa do nosso caminho para nos ensinar, fortalecer e preparar para o cumprimento dos Seus propósitos.
2. Tempos de caverna
Explicação Teológica
O período em que Davi se refugiou nas cavernas, especialmente na de Adulão, representa um dos momentos mais sombrios e, ao mesmo tempo, mais formativos de sua vida. O Salmo 142, escrito nesse contexto, revela um coração profundamente angustiado, mas que não perde a esperança. Davi se derrama diante de Deus, reconhecendo sua total dependência e confessando que o Senhor é o seu verdadeiro refúgio (Sl 142.5).
A caverna simboliza o lugar de isolamento, solidão e crise, mas também de encontro com Deus e de autoconhecimento. Ali, Davi não apenas lamenta, mas reflete sobre sua trajetória, seus acertos e erros, e aprende a confiar ainda mais no Senhor. É nesse ambiente de dor e vulnerabilidade que Deus começa a levantar pessoas ao redor de Davi — homens aflitos, endividados e amargurados, que se tornam seus companheiros e futuros líderes de Israel (1 Sm 22.2; 23.13).
O tempo de caverna, portanto, é um tempo de preparação. Deus transforma lágrimas em consolo, solidão em comunhão e fraqueza em força. A liderança de Davi é forjada no sofrimento, e ele aprende a cuidar de outros que também necessitam de esperança e direção.
Explicação do Pastor
Os “tempos de caverna” são aqueles momentos da vida em que nos sentimos sozinhos, incompreendidos e pressionados pelas circunstâncias. Davi passou por isso, e ali, na escuridão, ele aprendeu a buscar a Deus de todo o coração. O Salmo 142 mostra que não precisamos esconder nossas dores do Senhor; podemos orar, chorar e abrir o coração diante dEle, pois Ele nos ouve e nos consola.
Na caverna, Davi não apenas sobreviveu, mas foi transformado. Deus usou aquele lugar difícil para prepará-lo para o futuro. E mais: Deus trouxe pessoas que também estavam sofrendo para perto de Davi, mostrando que, mesmo nos momentos de dor, podemos ser instrumentos de consolo e esperança para outros.
Se você está vivendo um tempo de caverna, lembre-se: Deus está com você, ouvindo seu clamor e preparando seu coração para coisas maiores. Ele transforma o lugar de dor em escola de fé, e faz da caverna um ponto de partida para uma nova fase de vitória e liderança.
3. Um processo contínuo
Explicação Teológica
O amadurecimento espiritual e o preparo para a missão são processos contínuos na vida dos servos de Deus. A Bíblia apresenta vários exemplos de homens e mulheres que passaram por longos períodos de preparação antes de serem usados plenamente pelo Senhor. José foi moldado por treze anos de provações (At 7.9-15), Moisés por oitenta anos de experiências e desafios (Êx 2.10; 3.1-10), e Josué por quarenta anos de discipulado e serviço (Dt 34.9). Esses processos não foram instantâneos, mas essenciais para o desenvolvimento do caráter, da fé e da liderança.
Com Davi não foi diferente. Desde o pastoreio das ovelhas, passando pela corte de Saul, pelas batalhas, desertos, cavernas e até mesmo entre povos inimigos, cada etapa trouxe lições valiosas. O processo de aprendizagem e amadurecimento foi longo, repleto de desafios e conquistas, mas sempre conduzido pela direção divina. Assim, a história de Davi nos ensina que o crescimento espiritual é uma jornada, não um evento, e que Deus usa cada experiência para nos preparar para os propósitos que Ele tem para nós.
Explicação do Pastor
A vida de Davi nos mostra que ninguém amadurece da noite para o dia. O processo de Deus é contínuo, feito de etapas, desafios e aprendizados. Muitas vezes queremos chegar logo à vitória, mas é no caminho — nos desertos, nas cavernas, nas lutas e até nas derrotas — que Deus forja nosso caráter e nos prepara para receber o que Ele tem reservado.
Assim como Davi, precisamos valorizar cada fase do processo, entendendo que Deus está trabalhando em nós, mesmo quando não enxergamos o resultado imediato. Seja fiel, persevere e permita-se ser moldado pelo Senhor. O processo pode ser longo, mas é necessário para que estejamos prontos para viver os planos de Deus em sua plenitude.
Conclusão
A preparação de Davi para sua missão é um exemplo inspirador para todos nós. Ele enfrentou perseguições, lutas, lágrimas, mas também viveu momentos de conquistas e celebrações. Em todas as fases, o Espírito de Deus estava com ele, guiando, fortalecendo e ensinando. Davi foi forjado no fogo das adversidades, mas nunca perdeu a fidelidade nem o foco no propósito divino.
Que possamos aprender com Davi a valorizar o processo, confiar na direção de Deus e permitir que Ele nos molde, mesmo nos momentos mais difíceis. Assim, estaremos prontos para cumprir a missão que o Senhor tem para cada um de nós.
O Processo de Deus na Formação do Caráter do Líder Bíblico
A trajetória de Davi, desde o pastoreio até o trono de Israel, revela um princípio fundamental da pedagogia divina: Deus trabalha no processo, não apenas no resultado. O Senhor não tem pressa em formar líderes segundo o Seu coração, pois sabe que o verdadeiro preparo acontece ao longo da jornada, nas experiências cotidianas, nas provações e nos momentos de solidão.
A Bíblia está repleta de exemplos de homens e mulheres que foram submetidos a longos processos antes de assumirem grandes responsabilidades. José foi vendido como escravo e passou anos na prisão antes de governar o Egito (Gn 37–41). Moisés foi preparado no deserto por quatro décadas antes de libertar o povo de Israel (Êx 2–3). O próprio Senhor Jesus passou trinta anos em anonimato antes de iniciar Seu ministério público (Lc 3.23).
No caso de Davi, cada etapa — o anonimato do pastoreio, a corte de Saul, as batalhas, as fugas, as cavernas e até mesmo os territórios inimigos — foi uma escola de Deus. O Senhor usou circunstâncias adversas para moldar o caráter, a humildade, a dependência e a sensibilidade espiritual do futuro rei. Davi aprendeu a confiar em Deus não apenas nos momentos de vitória, mas principalmente nas crises, quando tudo parecia perdido.
Teologicamente, esse processo evidencia que Deus valoriza mais o ser do que o fazer. O caráter precede o ministério. Antes de confiar grandes responsabilidades a alguém, o Senhor trabalha no interior, removendo o orgulho, ensinando a humildade, desenvolvendo a empatia e a compaixão. O sofrimento, longe de ser sinal de abandono, é frequentemente o instrumento divino para nos tornar mais parecidos com Cristo (Rm 5.3-5; Tg 1.2-4).
Além disso, o processo de Deus é inclusivo e comunitário. Davi não caminhou sozinho: Deus levantou amigos, conselheiros, companheiros de jornada. O amadurecimento espiritual acontece no contexto da comunhão, do discipulado e do serviço mútuo.
Portanto, a história de Davi nos desafia a valorizar o processo, a confiar na soberania de Deus em cada etapa e a entender que as adversidades não são obstáculos, mas ferramentas para o nosso crescimento. O Senhor está mais interessado em quem estamos nos tornando do que simplesmente no que estamos realizando. Que cada um de nós se permita ser forjado pelo Senhor, sabendo que, ao final do processo, estaremos prontos para cumprir com excelência o propósito para o qual fomos chamados.
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